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JOÃO CARLOS GOIA

João Carlos Goia é gerente do Senac Piracicaba, jornalista
pós-graduado em Criação de Imagem e Sons em Mídias Digitais e mestre em Educação

Escola, família e sociedade moderna: parcerias e caminhos possíveis

Se você é pai ou mãe de alunos em período escolar regular, ou ainda, se é professor, coordenador ou diretor de escola, com certeza preocupa-se bastante atualmente, com o equilíbrio e a interferência entre essas instâncias no dia-a-dia letivo deles. Pois bem, por que tal preocupação é relevante e devemos nos debruçar sobre ela? Primeiro, pois essa equação deve ser muito mais de parceria do que qualquer outra ação, ou seja, a família é parte fundamental no processo e evolução acadêmica de seus filhos, bem como, a escola deve incorporar e aproximar cada vez mais os familiares do convívio social e esfera educacional. Segundo, porque vivemos em uma sociedade marcada pela competitividade, superexposição, consumo desenfreado e proteção excessiva com nossas crianças.

Essa dinâmica social, ganhou força a partir da geração dos baby boomers, leia-se, nascidos entre 1946 e 1964, pois enfrentaram grandes dificuldades para vencer na vida, considerando cenários turbulentos, onde conseguir um simples emprego significava um enorme desafio. Dessa forma, as gerações seguintes, leia-se Y, Z e Beta, cresceram superprotegidos, como que criados numa redoma, pois a reação natural dos pais, foi não desejar que seus filhos sofressem tamanhas agruras. Assim, observamos uma maturidade tardia em alguns aspectos, pois com o prolongamento da adolescência e a falta de responsabilidades assumidas por esses jovens, a transição para a vida adulta foi afetada e adiada. Constatamos ainda, ser normal que o efeito da independência financeira, emocional e social chegam cada vez mais tarde, afetando o amadurecimento e a capacidade de lidar com os desafios naturais da vida.

Hoje, faz-se necessário, devido a esse contexto, tanto para famílias, quanto para escolas, desenvolverem a autonomia desde criança como sendo uma das principais habilidades, assim, a junção dos esforços possibilitará o caminho para o aprendizado, para que esses jovens desenvolvam a noção da importância e necessidade de tomarem suas próprias decisões, bem como, arcarem com as consequências, o que será fundamental para o crescimento pessoal. Como a metáfora de cair ao aprender a andar, é necessário permitir que as pessoas experimentem, cometam erros e aprendam com suas próprias experiências.

Nos parece até certo ponto paradoxal, que estejamos falando hoje em desenvolvimento de autonomia, considerando que vivemos em uma época que temos acesso a um maior volume de informação do que qualquer outro período. A internet trouxe consigo uma enxurrada de dados e conhecimentos disponíveis com um simples clique, no entanto, nem sempre esse conhecimento é de qualidade ou confiável e, muitas vezes, encontramos desinformação e teorias infundadas que podem levar a decisões errôneas e prejudiciais. Precisamos ensinar nossas crianças e jovens a criarem seus filtros, aproveitando sim, o potencial positivo da grande rede, sem se perderem por terrenos sombrios e perigosos.

Outro ponto importante que necessitamos prestar atenção: trata-se da baixa tolerância à frustração, característica marcante das novas gerações, pois carregam em seu comportamento a competitividade, o senso de urgência, o consumismo e a busca por satisfação imediata. Claro que tudo isso tem um preço, leia-se, as inúmeras crises ou síndromes geradas pelo excesso de informação ou sobrecarga cerebral que percebemos na atualidade, especialmente junto ao público mais jovem.

Ao mesmo tempo, são gerações questionadoras e que lutam pelo que acreditam e, via de regra, pretendem mudar as estruturas sociais, políticas e econômicas, quando não concordam com as mesmas. O pensamento crítico e a busca por respostas mais fundamentadas se faz presente e, se bem dosados e com os devidos filtros, como já citei, podem realmente fazer com que a sociedade evolua para novos patamares de igualdade social, respeito e consciência sustentável.

A tecnologia, por sua vez, é tanto uma aliada quanto uma inimiga nesse cenário. Ela nos proporciona facilidades e oportunidades, mas também nos expõe a riscos e vícios, como, por exemplo, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, visto que a instantaneidade das interações virtuais pode gerar falta de empatia e dificuldade na construção de relacionamentos sólidos no mundo real. Importante que consigamos, tanto em casa, quanto nas escolas, aprendermos a valorizar os momentos de pausa, a fim de encontrarmos alegria nas pequenas coisas e não dependermos exclusivamente de estímulos externos para nos tornarmos pessoas felizes.

Dizer “não” tornou-se assustador em uma sociedade em que a pressão para estar sempre disponível e em busca da satisfação imediata é constante. No entanto, é necessário aprender a estabelecer limites saudáveis e a recusar aquilo que não nos faz bem. Dizer “não” não é apenas um direito, mas também uma forma de preservar nossa saúde física, mental e emocional. Façamos isso por nossos jovens, por nossos alunos, por nossos filhos e por nós mesmos.

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