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JOÃO CARLOS GOIA

João Carlos Goia é gerente do Senac Piracicaba, jornalista
pós-graduado em Criação de Imagem e Sons em Mídias Digitais e mestre em Educação

Criar, influenciar e empreender: Evolução da Cultura das Redes

Desde que o mundo é mundo todos sabemos que a influência sempre foi uma arte e uma atividade constante a fim de alcançarmos sucesso e conquistarmos nossos objetivos, nossos sonhos e desejos, seja na vida pessoal ou profissional. Até aqui, nada de novo. O que faltava para que essa atitude fosse potencializada era a possibilidade de ganho de escala, ou seja, como conseguir alcançar e influenciar muitas pessoas ao mesmo tempo. Surge então a Internet, criando um infinito, acessível e democrático canal de comunicação, que nos permite tal façanha. Claro que antes existiam os veículos de massa, leia-se rádio, tv, jornal, mas nada comparado ao potencial da web.

Estamos falando de quase 60% da população mundial dentro das redes, especialmente, as sociais, ou seja, nos aproximamos do impressionante número de quase 5 bilhões de pessoas conectadas e passando, em média, 20 horas semanais consumindo e compartilhando conteúdo e, para os que acreditam que essa dinâmica faz parte da atualidade, pasmem, já fazemos isso desde a década de 90, quando surgiram as primeiras possibilidades através de ferramentas e plataformas como blogs, Orkut, Fotolog, etc. Podemos considerar essa como sendo a primeira era do surgimento da influência via redes sociais que durou, aproximadamente, até o início dos anos 2000. Depois foi evoluindo e ganhando eficiência com os modernos e cada vez mais complexos algoritmos.

Consideramos um segundo momento dessa transformação a partir de 2014, quando começa a surgir de forma mais expressiva, a figura do Influencer Digital, ou seja, os famosos influenciadores digitais, como nominamos no país. Inicialmente, esses profissionais se destacaram por sua criatividade e habilidade para produzir conteúdos atrativos e, claro, as empresas, percebendo que esses conseguiam influenciar e engajar um número expressivo de pessoas, começou a investir seus recursos de comunicação nessas personalidades, que evoluíram naturalmente ao status de criadores. Vejam as palavras do guru e proprietário das duas maiores redes sociais:

“Pessoas influenciam pessoas. Nada é mais influente do que uma recomendação de alguém de confiança. Essa fonte confiável pode influenciar uma pessoa mais do que qualquer tipo de mensagem em qualquer meio tradicional. Um influenciador é o Santo Graal da publicidade.” – Mark Zuckerberg, Meta.

Deixando um certo exagero de Zuckenberg de lado, afinal, está defendendo a eficácia de suas empresas, confesso que a genialidade de Mark e sua equipe ainda me surpreende. Impressionante como conseguiram modificar a forma com que as pessoas se relacionam hoje e ainda conseguem encontrar novas fórmulas para se destacar durante tantos anos, mantendo como protagonista seu usuário, a pessoa que mais importa. Afinal, sem seguidores, suas ferramentas perdem valor de mercado, sendo assim, faz-se necessário colocar a pessoa como astro, receita certa, afinal, nosso ego aprecia. Neste sentido, o grande desafio para essas BigTex sempre será manter a atenção e interesse de seu público, desafio que muitos outros, há algum tempo, já enfrentaram, como por exemplo, Orkut, Second Life, MSN, Skype, entre tantos.

Com esse movimento e capacidade de manutenção do coletivo, aprisionado as redes, fica nítido na dinâmica atual do mercado que, se antes as marcas apostavam suas fichas e suas campanhas nos veículos de grande massa, o jogo mudou consideravelmente a partir dessa segunda era, que podemos afirmar, iniciou outro ciclo de transformação, a partir de 2020.

Se os algoritmos antes proporcionavam desinteresse ao inundar a timeline dos usuários com uma proporção e volume de informações impossíveis de serem acompanhados, agora eles evoluíram e atuam de forma brilhante analisando em cada ação, o que atrai nosso interesse. Até mesmo naquele segundo em que você mantem seus olhos em determinada informação.

Compartilhar é status estabelecido na sociedade atual e não há volta. Queremos contar, desejamos nos manifestar e sentir que de alguma forma estamos sendo incluídos e ser, mesmo que por alguns momentos ou cliques, o centro das atenções. Independente dessa dinâmica estabelecida, uma rede social ou ferramenta de comunicação, para que faça sentido e agregue algo à vida das pessoas, precisa transcender. Transcender do simples aparato dos pixels das imagens ou caracteres digitados e pulverizados a esmo, para algo concreto, algo utilizável, palpável. Essa é a considerada terceira era dos comunicadores das redes, que já não se sustentarão como meros contadores de história ou criadores de conteúdos, pois precisaram realmente evoluir para o status de empreendedores, produzindo algo que faça sentido e que as pessoas tenham o desejo de se conectar.

Transcender é o caminho. As empresas sempre entenderam essa dinâmica e tudo que fazem nas redes sociais tem objetivos únicos e bem definidos: fazer seu produto, serviço ou ideia, chegarem às mãos dos consumidores. Ter milhares de amigos em sua rede social e não falar com nenhum deles não passa de acréscimo de informações ao “Bigdata”. Postar situações corriqueiras de sua vida, esperando que as pessoas curtam ou achem interessante, pode não ser uma tendência futura. Fica a dica para os influenciadores que tentarem manter apenas seu status de lifestyle.

Desejo que todos encontrem a melhor utilidade nas redes, independente de seus objetivos. Desejo que todos transcendam o virtual, para algo concreto no real e que consigam engajar e atingir cada vez mais pessoas, construindo assim, um mundo melhor, mais democrático e socialmente justo.

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