Texto: Fernando Fray
Fotos: Agência Fotosite
Nas últimas semanas aconteceu a 55ª edição do São Paulo Fashion Week, uma das semanas de moda mais populares do nosso país. O evento possui um grande diferencial em sua estruturação por sugerir temas a seus participantes como forma de debater diferentes pautas que estão em voga no presente momento. É importante reforçar que apesar da proposta adotada, fica a critério de cada marca acatar ou não o segmento como foco de sua apresentação.
Para a última edição, a temática abordada girou em torno de origens. E ninguém melhor para dar vida a esse conceito como João Pimenta, que ficou responsável pelo ato de abertura. Sendo apresentada no Theatro Municipal de São Paulo, a coleção trouxe em sua essência duas das maiores paixões do artista: a costura e os figurinos. Com uma criatividade ímpar e criações que fogem do convencional, o foco na complexidade da figura masculina atual marcou presença em uma celebração aos seus 20 anos de passarela.
Repleta de identidade e renovação, suas criações mesclavam a tradicionalidade do interior com o sincretismo religioso e o urbanismo em seus elementos. Uma verdadeira pluralidade marcada pela riqueza de detalhes do patchwork na alfaiataria, aplicação de bordados, brilho e sobreposição de renda. 65 looks repletos de camadas intrigantes que fizeram da apresentação um verdadeiro show à parte.
E no meio de celebrações tivemos também estreia nos desfiles presenciais. Maurício Duarte apresentou-se pela primeira vez na temporada passada por meio de um vídeo exibido em uma das salas de desfile do evento. Nesta edição, o estilista trabalhou a releitura das cestarias de tucum e arumã por meio de uma colaboração com convidados de 18 etnias diferentes. A ideia de trabalhar a questão das origens utilizando fibras que são culturalmente uma riqueza da Amazônia maturou a ideia de conexão entre os povos locais. Na coleção, elas ganharam forma em acessórios, franjas e bordados, além de peças trançadas com shapes volumosos e silhuetas definidas roubaram a cena. Peças oversized e o uso de formas geométricas faziam alusão às memórias de infância do criador.
Agora chegou a sua vez de comentar: quais dos desfiles que não apareceram aqui você considera como marcantes desta edição? Caso ainda não tenha acompanhado, este é um bom momento para instigar sua curiosidade e aguçar seu lado pesquisador.
Para fechar com chave de ouro a seleção de desfiles escolhi a estilista Fernanda Yamamoto, que ousou ao projetar suas peças realizando o processo inverso de criação. Todo o casting foi minuciosamente selecionado pela profissional, que só então idealizou os looks exclusivamente para eles. Com uma cartela mais sóbria, o uso de formas geométricas, plissados e bastante volume foram projetados em criações com excelente caimento.
