Era manhã de domingo, um 1º de maio de 1994, eu tinha 17 anos e estava vendo, como de costume, mais uma corrida de Fórmula 1 pela televisão, ao lado de meu pai, Toninho, igualmente aficcionado por corridas, quando de repente, em Imola, Ayrton Senna escapou da pista, bateu fortemente e, momentos após foi declarado morto. Como tinha sido seu colega Roland Ratzenberger no dia anterior, num treino classificatório para aquela corrida fatídica. Um final de semana trágico para o mundo esportivo.
Apelidado de “Caneco”, pelo avô, o apelido não pegou, mas graças a uma prima de Ayrton, o “Caneco” foi abreviado para “Beco” e aí pegou de vez. Não há na família dos Senna quem não tratasse Ayrton, pelo apelido com maior sonoridade. Por sua disciplina e competência profissional, saltou das pistas de kart para o mundo da Fórmula 1, onde conquistava vitórias seguidas nos domingos de manhã que me enchiam e, certamente, a todo povo brasileiro, de alegrias, emoções e sentimento de brasilidade.
Eram dias difíceis, o Brasil estava vivendo com intensidade movimentos políticos contra uma ditadura militar e prestes a retomar suas virtudes para a construção de um novo momento democrático. A inflação era alta, junto com o desemprego e causavam desesperança. Mas, com vitórias seguidas, os domingos pela manhã eram os símbolos da nossa esperança naqueles dias.
Coube ao piracicabano Edu Santos, artista piracicabano de 43 anos e larga trajetória no mundo das esculturas, uma referência no campo das artes, especialmente no das esculturas, onde pontifica com obras na cidade, no Brasil e no exterior recentemente, participar de outro grande projeto na cidade de São Paulo, no autódromo de Interlagos, quando no GP do ano de 2022, foi inaugurada uma escultura igualmente gigantesca, com quase três metros de altura, do ídolo brasileiro Ayrton Senna, de autoria de Paula Senna Lalli, sobrinha do Senna, que nestes dias voltou às mídias. A obra que ele construiu nas instalações da Fundiart, do Euclides Libardi, virou referência internacional.
A morte de Senna nas pistas da Itália, há 30 anos, não conseguiu abalar sua trajetória e a memória esportiva e pessoal que construiu ao longo de sua carreira. Amplamente identificado com causas e projetos sociais, sempre respeitoso com a imprensa e ainda hoje um dos nomes mais acessados nas redes sociais, o ídolo ainda permanece entre nós. Ele, com seu carisma, conseguiu construir uma identidade muito emblemática entre os brasileiros, fazendo com que o automobilismo daqueles dias, superasse a paixão dos brasileiros pelo futebol.
Dia desses, ao participar de um Vodcast sobre “Cultura”, aqui em Piracicaba, fui surpreendido pelos entrevistadores para que a abertura do programa, fosse antecedida por uma música que tinha me marcado grandemente. Não hesitei em apontar a música tema do Senna, apresentada nos meus domingos lá de trás, para começar a falar um pouco das minhas preferências culturais. E das emoções que me ocorrem até hoje, como naqueles dias quando nosso Hino Nacional era executado e nossa bandeira alçada nos primeiros lugares dos pódios mundiais, como nos domingos das vitórias de Ayrton Senna.