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Um em cada quatro países proíbe uso do smartphone

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O estudante não pode apenas consumir conteúdo digital sem reflexão, mas precisa aprender a produzir conteúdo e a compartilhar

A tecnologia pode ter impacto negativo na educação se for inadequada ou excessiva, aponta Relatório de Monitoramento Global da Educação da Unesco. O documento revela que um em cada quatro países proíbe o uso de celular nas escolas, entre eles França, Itália, Finlândia, Holanda, Canadá, Espanha e Estados Unidos. Segundo o documento, a proximidade de um aparelho celular foi capaz de distrair os estudantes e causar prejuízos à aprendizagem em 14 países. Ainda conforme a Unesco Um em cada quatro países proíbe uso de smartphone na escola 

, 89% dos 163 produtos de tecnologia recomendados durante a pandemia tinham capacidade de coletar dados de crianças.

No Brasil, a cidade do Rio de Janeiro publicou um decreto recentemente proibindo o uso do smartphone nas escolas, exceto nos casos de alunos com deficiência ou quando o professor autoriza a utilização para fins pedagógicos. Ao mesmo tempo em que o cerco se fecha contra o celular nos ambientes educacionais, o VII Estudo sobre o uso da tecnologia na educação, da Blink Learning, mostra que a grande maioria dos professores entrevistados, 80%, defende que a tecnologia melhora a motivação dos estudantes, pois torna os conteúdos mais atraentes com seus recursos dinâmicos e interativos.

O estudo aponta que 46% dos alunos afirmaram fazer uso do celular em suas atividades educacionais e que 83% dos professores entrevistados disseram usar algum tipo de material digital nas aulas. Ainda conforme a pesquisa, seis em cada dez escolas utilizam, de algum modo, a tecnologia nas salas de aula. A diretora pedagógica do Ensino Infantil, Fabia Antunes, afirma que os dispositivos tecnológicos são um excelente recurso para otimizar momentos de ensino-aprendizagem, desde que haja planejamento pedagógico. Ela explica, porém, que o uso individual do celular na sala de aula é proibido.

De acordo com Fabia,” entendemos que esses equipamentos realmente potencializam, em alguns momentos, a aprendizagem. Mas ensinamos e mostramos às crianças e aos adolescentes como fazer o uso adequado”, afirma Fábia. Ela lembra que a escola trabalha com os estudantes o conceito de cidadania digital.

“Nessas aulas planejadas pelos professores e orientadores, falamos inclusive sobre a importância do que os alunos compartilham e sobre os impactos do uso excessivo das telas. Desde o início, quando os tablets foram para a sala de aula, em 2011, tivemos um cuidado bem importante com o planejamento dos professores, sobre como interagir com o dispositivo”, afirma Fabia. Ela diz que a escola trabalha com os três “C”, consumir, criar e compartilhar conteúdo.  “Potencializamos a criação de conteúdo e evitamos o consumo. O celular não pode substituir vivências práticas”, alega.

Escolha

No Ensino Fundamental, levar o celular para a escola é uma escolha do estudante e da família, afirma o diretor pedagógico do Ensino Fundamental Edson D’Addio. Ele defende que, independentemente do recurso, tecnológico ou não, seu uso passa pela educação, conscientização e escolha. “É importante trabalhar com a conscientização dos benefícios da utilização, não a proibição, simplesmente. A ideia é ensinar o estudante a fazer escolhas baseadas em reflexão. Tudo precisa ter relação com o conhecimento e o aprendizado”, avalia.

D’Addio reforça que o estudante não pode apenas consumir conteúdo digital sem reflexão, mas precisa aprender a produzir conteúdo e a compartilhar. Ainda que seja permitido levar o celular para a escola no Ensino Fundamental, o aluno não pode usá-lo na sala de aula. “O celular é autorizado apenas quando faz parte de alguma estratégia de ensino-aprendizagem do professor, que vai acompanhar o uso do equipamento durante a aula. Mesmo assim, o que priorizamos é o uso do dispositivo e não do celular”, diz.

Decisão familiar

O educador e consultor de mídia Alexandre Le Voci Sayad, lembra que o contato da criança e adolescente com o celular é, antes de tudo, uma decisão familiar. “Esse é um assunto recente e controverso. O celular foi de herói a vilão em pouco tempo. Isso se deve muito ao avanço da tecnologia dos aparelhos, que estão cada vez mais envolventes e as plataformas, como redes sociais, mais atrativas, não só para crianças e adolescentes, mas para adultos também”, afirma

Sayad comenta que o celular faz parte do cotidiano das sociedades contemporâneas e defende que é atribuição da escola, e também das famílias, educar para o seu uso produtivo, mediado e ético. “Banir o equipamento ambiente escolar pode significar furtar-se de exercer esse trabalho. O mesmo foi feito com o conteúdo televisivo nos anos de 1980 e 1990 e o resultado foi desastroso em termos de criação de audiência crítica”, pondera.

 

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