Dados apontam que presença dos negros no sistema bancário da região é de 2,6%
Nesta última terça-feira (19), o Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região (SindBan) promoveu mais uma edição do Café Com Propósito. Desta vez, a roda de conversa teve como foco a celebração do Dia da Consciência Negra, com ênfase na inclusão e na representatividade da população negra no mercado de trabalho, especialmente no setor bancário.
A pesquisa Perfil Bancário realizada pelo SindBan, que há 20 anos mapeia a representatividade racial no setor, revelou dados preocupantes sobre a presença da população negra no sistema bancário da região. Em 2024, apenas 2,6% dos participantes da pesquisa se declararam negros.
O encontro, que contou com a participação de lideranças e colaboradores do sindicato, incluindo o presidente José Antonio Fernandes Paiva, o diretor jurídico Marcelo Abrahão, o diretor financeiro João Possebon Neto, e os diretores Ubiratan Campos do Amaral, Paschoal Verga Júnior e Dafni Fernanda, assistente administrativa, também recebeu convidados especiais que enriqueceram o debate. Entre eles estavam Adney Araújo, presidente do Fórum de Lideranças Negras da Região Metropolitana de Piracicaba; Luciano Alves Lima, presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Piracicaba (CONEPIR); e Luis Azal, coordenador da Promoção da Igualdade Racial e Étnica de Piracicaba, além das bancárias Camila F. T. Borges, Rosângela Pereira e Selma Cristina Lopes.
José Antonio Fernandes Paiva, presidente do SindBan, destacou a importância da realização do evento, afirmando que, “o SindBan tem sido pioneiro em iniciativas de inclusão e na defesa dos direitos dos trabalhadores negros. No entanto, é necessário ampliar as discussões e as oportunidades de acesso para garantir maior representatividade e criarmos outras oportunidades de diálogo em diferentes instâncias”.
Durante o debate, foram ressaltados os desafios impostos pela exclusão histórica da população negra no Brasil, que contribui para a perpetuação de desigualdades, especialmente no mercado de trabalho. Um dos pontos principais discutidos foi a dificuldade de ascensão profissional de negros e negras, muitas vezes barrados por um sistema de educação e oportunidades que favorece uma parcela restrita da sociedade.
“A falta de acesso a uma educação de qualidade e a escassez de oportunidades criam um ciclo vicioso que limita o crescimento pessoal e profissional de muitos”, comentou Luis Azal.
A ausência de representatividade em posições de liderança foi outro tema abordado no encontro. A falta de modelos negros em cargos de decisão foi apontada como um fator que perpetua o ciclo de exclusão.
“A seleção de profissionais, muitas vezes realizada por pessoas que também foram educadas dentro de um sistema excludente, acaba por manter práticas discriminatórias, criando um ambiente em que muitos se sentem inseguros e desmotivados”, afirmou Adney Araújo.
Além disso, os participantes destacaram a importância de tornar as escolas e outros espaços educativos mais inclusivos, com uma abordagem que resgate a história e as contribuições da população negra para a construção da sociedade brasileira.
“Para que a inclusão seja efetiva, é preciso, além de políticas públicas, uma mudança de mentalidade, tanto no setor privado quanto na sociedade como um todo”, concluiu Luciano Alves Lima.
O evento promoveu uma reflexão sobre o papel da população negra na sociedade, destacando a necessidade de mudanças estruturais nas instituições de ensino e nas organizações de trabalho. O debate ressaltou a importância de avançar na busca por maior representatividade e igualdade de oportunidades, tanto no ambiente educacional quanto no profissional.
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