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⭐ Piracicaba, 4 de dezembro de 2024 ⭐

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Irmãs Franciscanas começaram a trabalhar em 1915 na Santa Casa

Era junho de 1964, quando a Irmandade ganhou 100 galinhas de Francisco Munhoz. Os ovos eram utilizados na cozinha no preparo das refeições
Elas substituíram as irmãs dominicanas, portuguesas, cuja atuação teve início em 1911 no Hospital
 
Eleito provedor da Santa Casa de Piracicaba em 31 de janeiro de 1915, Oscarlino Dias teve como uma de suas primeiras ações anunciar a substituição das irmãs dominicanas portuguesas, que atuavam no hospital desde 1911, pelas irmãs franciscanas, brasileiras. O contrato entre a Santa Casa e a Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria, de Campinas,foi firmado em 1º de agosto de 1915, transferindo às irmãs a direção interna do Hospital, sob a responsabilidade de uma superiora, que tinha plena autonomia no exercício de suas funções.
A saída das irmãs dominicanas aconteceu no dia 31 de julho, dia em que chegaram as irmãs Beatriz do Coração de Maria, Clara Maria da Santa Face e Rita Maria de Cássia, acompanhadas pela irmã Ignez Meneghetti, superiora geral das irmãs franciscanas. Cinco dias depois, chegariam as irmãs Escolástica e Rosa Maria do Coração de Jesus, nomeada madre superiora da Santa Casa, cargo que, em 1918, passaria a ser ocupado pela Madre Canuta Maria de Assis.
As irmãs, que deveriam atuar em número mínimo de seis, poderiam ser substituídas a qualquer momento pela superiora. Pelo contrato, quando enfermas, elas seriam tratadas gratuitamente no próprio Hospital, onde teriam também um dormitório especial, duas saletas para suas refeições e trabalhos de costuras entre outros afazeres.
Além da residência, sustento, luz e roupa lavada, cada irmã recebia, a título de gratificação mensal, a quantia de 40$000 réis, entregues à superiora, que detinha também a prerrogativa de demitir e nomear os empregados, bem como supervisionar os serviços das enfermarias, banheiros, cozinha, lavanderia e as atividades relacionadas aos serviços econômico-administrativos e ao cumprimento do Regimento Interno do Hospital.
Eram as irmãs também as responsáveis pelas visitas diárias ao Hospício Barão da Serra Negra, encarregando-se de sua direção interna, sem assumirem, no entanto, a obrigação de tratar dos alienados. Elas fiscalizavam o fornecimento de alimentos e materiais feitos para servir ao Hospital, ao Hospício e ao Asilo de São Lázaro.
O Livro Tombo da Congregação Franciscana revela que, além dos serviços administrativos e de Enfermagem, as irmãs eram responsáveis ainda pela organização dos compromissos religiosos, como missas, retiros espirituais, trabalhos de catequese, visitas canônicas e conferências, realizadas pelos freis. Cabia a elas também”o dever nobre de ensinar o catecismo aos pobres doentes fazendo-os compreender o modo de se confessarem e o tempo da ação de graças depois da Santa Comunhão e até mesmo determinar-lhes um número certo de orações para esse exercício”.
Além da retaguarda ao atendimento às necessidades físicas dos doentes, havia uma preocupação também com o preparo espiritual das irmãs que atuavam junto aos pacientes e, em uma das cláusulas do contrato, a Santa Casa se comprometia em manter a Capela para o livre exercício do culto catholico, sendo capellão um padre Capuchinho, ao qual era dada uma mensalidade de 50$000 para sua condução.
As primeiras irmãs enfermeiras da Santa Casa de Piracicaba formaram-se em Sorocaba, no Curso de Enfermagem ministrado junto ao hospital da cidade. A instituição abrigava à época as irmãs que prestavam serviços àquela comunidade e, também, irmãs estudantes de outras cidades. O Curso era custeado pela própria Congregação ou pelas Santas Casas de Misericórdia em que trabalhavam.
Sob o comando das irmãs franciscanas, o movimento religioso na Capela começou a aumentar e, em 1926, foram registradas 118 missas, 2.931 comunhões, 19 práticas, 21 viáticos, 10 bênçãos, quatro casamentos, 29 encomendações e seis batizados. Em 1928, a Congregação passou a realizar conferências, extrema unção e a formar o primeiro grupo de primeira comunhão, com 31 participantes.
Naquela época, a direção da Santa Casa estava a cargo da madre superiora Noemia Maria da Eucaristia e as irmãs franciscanas do Coração de Maria sofreram uma dura perda, aos 6 de setembro de 1950, quando faleceu Mamãe Cecília, fundadora da Congregação, substituída em 1952 pela madre Elisabete Maria da Santíssima Trindade.
Em 1962, a Irmandade inauguraria também a nova Clausura, com nove quartos, sala de estar e sanitários individuais, resolvendo o problema de moradia das irmãs franciscanas que trabalhavam no Hospital. Foi quando as irmãs passaram a se atualizar, através de cursos de especialização em Enfermagem e em Pedagogia na Universidade Católica de Campinas.
Em novembro de 1965, o provedor Waldomiro Perissinotto concluía sua gestão, reforçando a necessidade de se construir uma nova Clausura que comportasse as 12 irmãs franciscanas, já que a atual possuía apenas nove quartos.  Em seu Relatório de Atividades, relacionou as obras de ampliações, acabamentos e conservação da Santa Casa e instalação de Berçário para prematuros na Maternidade, ocasião em que inaugurou, em 31 de julho, o quadro de Mamãe Cecília em homenagem ao cinquentenário das irmãs franciscanas no Hospital. Três anos depois, já na gestão do provedor Francisco Munhoz, as irmãs desfrutariam também do conforto e benefícios de uma nova capela no Hospital, inaugurada em 1968.
Outra evidência que se acentuou a partir do início da década de 70, foi a gradativa redução do número e das funções das irmãs dentro da Instituição. Depois de assumirem a responsabilidade pela administração geral do Hospital a partir de 1915, cuidando, sobretudo, das enfermarias, as irmãs acabaram compartilhando espaço com profissionais especializados em administração hospitalar e enfermeiras graduadas, já que, no início, apenas a madre superiora tinha o Curso de Enfermagem.
Na verdade, a Instituição buscava a especialização profissional em todos os níveis e a redução das prerrogativas das irmãs na Santa Casa parece coincidir com a instalação de uma
Escola de Enfermagem na cidadee com a descentralização dos serviços administrativos, por intermédio da contratação de secretário executivo da Provedoria.
Em novembro de 1971, a Irmandade sentia os reflexos da nova situação que se instalava e alertava para a necessidade de contratação de parteiras de alto padrão, devido à redução no número de irmãs que prestavam o serviço. Em janeiro de 1972, depois de estudar um organograma administrativo para o Hospital, a Mesa Administrativa reuniu-se com as 14 freiras da Irmandade para discutir a admissão de um administrador e divisão dos setores burocráticos, criando-se os Departamentos de Tesouraria e Contabilidade.
Naquele mesmo ano, assumia o cargo de superiora das irmãs da Santa Casa Madre Maria Conceição Aparecida, função desempenhada a partir de 1974 por Madre Angela Piccolo, época em que as irmãs Alice Vaccari e Ana Neuza Bobato participam de reunião em Campinas para avaliar o processo de implantação da Pastoral da Saúde em hospitais sob a coordenação das irmãs e atualmente exercida pela Irmã Davina Bernardi.
Enquanto isso, por orientação do comendador Romano, foram organizadas reuniões mensais com as irmãs responsáveis pelos diversos setores da Santa Casa e, em 1981, a coordenação do serviço de Enfermagem passou a ser exercida por uma equipe de três membros, sendo duas enfermeiras e uma irmã franciscana. A modalidade de serviços das irmãs também sofreria alterações no ano seguinte, quando a aplicação do regime CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas resultou num novo contrato e na mudança das irmãs, que deixariam de residir no Hospital.
Em junho de 1983, as irmãs passaram a ocupar as dependências do imóvel de propriedade dos padres capuchinhos, cedido temporariamente à Congregação até 1989, época em que elas voltaram a residir na Santa Casa até 23 junho 1991, quando foram concedidas as bênçãos à residência definitiva das irmãs, na avenida Independência, 878.
Em novembro de 2000, por iniciativa do então vereador João Amaurício Pauli, a Irmandade comemorou o centenário de fundação da Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria, instituída na cidade pela piracicabana Madre Cecília, que também atuou na Santa Casa.

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