Fernanda Marina Everaldo, com sua alma de bailarina e a força de uma empreendedora, transforma a arte em movimento em algo maior do que uma simples prática corporal: faz da dança um caminho de autoconhecimento e encantamento.
Com mais de duas décadas à frente do Espaço Ventre Vida, ela orquestra sua paixão por diferentes estilos – do ballet clássico à dança árabe – em coreografias que transcendem o palco, tocando profundamente aqueles que as vivenciam.
À medida que sua nova obra, “Signos”, se aproxima do público, Fernanda revela o poder de cada detalhe, desde o toque minucioso nas coreografias até a condução dos elementos místicos da astrologia, convidando a plateia a se envolver em um universo dançante, onde a poesia dos astros encontra o movimento da vida.
Uma entrevista exclusiva ao jornalista Mauricio Ribeiro, da coluna PiraCult, aqui na Folha de Piracicaba.
Mauricio Ribeiro: Fernanda Marina Everaldo. Dançarina, bailarina? O que melhor te define como artista, e como a dança entrou na sua vida? Fernanda Everaldo: Bailarina com formação em ballet clássico, iniciei meus estudos entre 7 e 8 anos de idade. Foi amor à primeira vista. Me apaixonei pelo ballet clássico e segui durante muitos anos. Também passei pelo jazz, sapateado, contemporâneo e dança de salão, entre outras vivências. Mais tarde, tive contato com a dança árabe, e essa última veio para transformar totalmente a minha experiência na dança.
Mauricio Ribeiro: Como surgiu a ideia do Espaço Ventre Vida?
Fernanda Everaldo: O Espaço Ventre Vida começou sua história em 2002, quando minha irmã Cláudia havia parado de dar aula de dança do ventre em um local que encerrou suas atividades. Após isso, ela começou a ser procurada pelas ex-alunas que queriam continuar tendo aulas com ela. Foi aí que eu tive a ideia e disse: “Por que você não abre seu próprio espaço e atende essas pessoas que querem ter aulas com você?” Conversamos com nossa família, e, a partir daí, ela resolveu abrir o seu próprio espaço. Assim, o EVV iniciou suas atividades na sala da casa de nossa avó. Minha irmã foi minha primeira professora. Mais tarde, reformamos o prédio ao lado, também da família, e ampliamos os cursos. Foi nesse momento que nos tornamos sócias, e passei a dar aulas no EVV também. Assim surgiu o Espaço Ventre Vida: em uma sala modesta, porém muito acolhedora, que rendeu muitos frutos e foi o alicerce para os novos horizontes da escola que temos hoje.
Mauricio Ribeiro: No seu empreendimento, você é professora, diretora, cria coreografias, produz espetáculos… Mas não deixa de dançar! Como você concilia tantas funções, e qual delas te faz mais realizada?
Fernanda Everaldo: Sim, acumulo muitas funções. Fazemos um pouco de tudo conforme as necessidades. Amo dançar! Mas dar aula também é uma realização para mim. Não é fácil dar conta de tudo e conciliar tantas funções e demandas, mas quando a gente ama o que faz, consegue administrar e orquestrar tudo isso. Quando digo que trabalho com dança, as pessoas dizem: “Ah, que gostoso, deve ser maravilhoso dançar o dia todo…”. No imaginário de quem não trabalha com isso, parece que dançamos infinitamente e ponto! Mas não é bem assim. Por trás de uma escola, há toda uma organização e administração. Por trás de um espetáculo, há muitas coisas a pensar e providenciar. Chega a ser exaustivo, mas também é muito prazeroso. Fazemos muito mais do que “só dançar”; também temos muitas responsabilidades, e nem tudo é um “mar de rosas”. É preciso ter muita constância, determinação e amor em tudo o que se faz para ter êxito. Mesmo enfrentando várias dificuldades para conciliar tudo isso, quando vemos o resultado final, é muito gratificante e recompensador.
Mauricio Ribeiro: Vigésima primeira edição do seu espetáculo de dança. Duas décadas de produção cultural são um atestado de sucesso?
Fernanda Everaldo: Sim, estamos passando das duas décadas. Acho que esse tempo trilhando um percurso na dança já é, no mínimo, um sinal de muita determinação e persistência, porque, infelizmente, não é fácil viver de arte em nosso país. Acho que temos um trabalho sério, comprometido e realizado com muito profissionalismo e amor. Já são 22 anos de escola, ensinando a prática da dança e realizando sonhos. Isso já nos dá o atestado de sucesso, rs.
Mauricio Ribeiro: 2024: o espetáculo “Signos”. De onde surgiu a ideia para a montagem deste ano?
Fernanda Everaldo: Esse tema “Signos” é inédito para nós, e sinceramente nunca vi nenhuma escola na cidade ou na região trabalhando com esse tema. Já faz uns anos que estou com essa “carta na manga”, e este ano chegou a vez dele. É um tema intrigante, e, independentemente da crença ou afinidade de cada um com a astrologia, a verdade é que todo mundo acaba se envolvendo com essa temática. É impressionante como as pessoas se conectaram quando anunciamos o tema deste ano. Estamos curtindo muito! Mergulhamos de cabeça nesse universo encantador da astrologia. Está sendo um trabalho de pesquisa muito interessante.
Mauricio Ribeiro: E quem é a equipe que atua juntamente com você na construção dessa obra que veremos no palco?
Fernanda Everaldo: Nada se faz sozinho neste mundo. Apesar das muitas funções que exerço na gestão da escola e do espetáculo, é essencial ter uma equipe por trás para que tudo aconteça. A mágica não se faz sozinha. As coreografias são assinadas por mim, Giovana Nicoleti Brusantin, Dayane Keller Ribeiro e Liliane Felício. Uma equipe incrível trabalha comigo para dar vida a esse projeto. A direção geral e artística é minha responsabilidade, e também contribuí no cenário, junto com a Imaginário Filmes. Os figurinos e acessórios foram criados pelo Ateliê Patricia Mascarenhas e por Nana Santos. O roteiro foi desenvolvido por mim, em parceria com Carmelina de Toledo Piza, que também assume o papel de contadora de histórias. Conto com o apoio de Andrieda Guimarães e Giovana Brusantin, que colaboram ativamente no projeto. As fotografias estão sob o olhar atento de Alessandro Maschio, e os vídeos são responsabilidade da Imaginário Filmes. Mauricio Augusti cuida da iluminação, enquanto Carlos Gerson Mendes é o responsável pela sonoplastia. A arte gráfica foi criada por Laryssa Ventura, e toda a equipe do Teatro Erotides de Campos – Teatro do Engenho dá o suporte necessário para que essa produção se concretize com excelência.
Mauricio Ribeiro: Para fechar, faça então o convite: como os nossos leitores podem assistir a “Signos” no teatro?
Fernanda Everaldo: Inspirado nos doze signos do zodíaco, o espetáculo trará aos palcos coreografias relacionadas às características de cada signo, seus elementos da natureza, e outras particularidades, como ritmo, planeta regente, cor e curiosidades da astrologia. Teremos também a Contadora de Histórias Carmelina de Toledo Piza para conduzir o roteiro. O espetáculo vai transmitir, através da dança, o mundo encantador e misterioso dos signos, como uma busca por autoconhecimento e bem viver. Um espetáculo com tema inédito, que promete agradar até os mais céticos e pragmáticos. Muito leve, curioso e apaixonante: o mundo da astrologia traduzido pela dança.