Com apenas 10 anos, Davi Malizia já carrega no currículo uma trajetória artística notável, tendo participado de três longasmetragens e diversas produções teatrais.
O jovem ator, que demonstra maturidade e paixão pelo ofício, revela em entrevista ao PiraCult as experiências marcantes que viveu ao lado de grandes nomes do cinema, como Rodrigo Lombardi e Fernanda Vasconcellos, e os aprendizados que colecionou ao interpretar personagens complexos, como Theo, um menino com câncer em ‘‘Cartas para Deus’’, e Ney Matogrosso na infância.
Versátil, Davi também se destaca pela dedicação à LIBRAS e pelo fascínio pelo mundo da dublagem, áreas que ampliam ainda mais seu compromisso com a arte e a inclusão.
Uma entrevista exclusiva para o jornalista Mauricio Ribeiro, na coluna PiraCult da Revista Us, da Folha de Piracicaba.
PiraCult: Davi, você tem apenas 10 anos e já participou de três longas-metragens. Como foi a sua primeira experiência atuando no cinema em Jardim dos Girassóis e o que você mais aprendeu com os atores Rodrigo Lombardi e Fernanda Vasconcellos?
Davi Malizia: Foi muito legal! Além de passarem o texto comigo, me ajudarem em cena e me deixarem seguro na hora da gravação, aprendi com os dois como é bom fazer o que se gosta. Com a Fernanda, aprendi a comer salada verde. Até hoje como a salada que ela mais gosta, que é alface, rúcula, tomate-cereja e limão. Com o Rodrigo, aprendi a me encantar com o mundo da dublagem; nas horas vagas, ele me mostrava os desenhos que já dublou. Hoje, se estou na turma Master do IAB, foi graças ao meu maior incentivo, que foi ele.
PiraCult: No filme Jardim dos Girassóis, você interpreta Lucas, um personagem que vive momentos sobrenaturais intensos. Como foi trabalhar com um tema tão emocional e desafiador, especialmente para alguém da sua idade?
Davi Malizia: Foi tranquilo! Tudo era conversado antes. Tive uma preparadora (Lis) que se preocupava com as cenas e me explicava tudo o que ia acontecer e o porquê de cada situação. O mais legal é que parece que eu estou sozinho na cena, mas nem dava medo, porque tinha tanta gente no set e tanta luz que parecia que estava escuro, mas na realidade não estava.
PiraCult: Você também fez o papel de Ney Matogrosso quando criança no filme Homem com H. Como foi interpretar uma figura tão icônica da música brasileira e o que você descobriu sobre ele ao longo das filmagens?
Davi Malizia: Foi uma honra! A história de vida do Ney é de superação, ele sempre persistia no que queria. Ao longo do processo, conversando com ele, sentado perto de um rio onde ele tem um sítio, ele me contou que o nome dele não tinha “Matogrosso” que ele colocou esse nome por causa daquele rio.
PiraCult: No seu mais recente trabalho, Cartas para Deus, você teve que raspar o cabelo para interpretar Theo, um menino com câncer. Como foi essa transformação física e emocional para viver um personagem tão forte?
Davi Malizia: Foi intenso, desde o momento da caracterização, com as aulas preparatórias com Kakau, estudando sobre a fé e sobre essa doença (eu perdi minha avó com câncer). Fisicamente, até que gostei. Cabelo cresce, e se eu raspei, foi por um excelente motivo. Sou muito grato a Deus por ter sido escolhido para levar a milhares de pessoas o sentimento de fé e esperança que Theo vive intensamente.
PiraCult: Você já atuou em peças teatrais como Escolinhazinha do Professor Raimundo e A Megera Domada. Quais são as principais diferenças que você sente ao atuar no teatro em comparação com o cinema?
Davi Malizia: No teatro, você gesticula mais, tudo é mais amplo, o espaço é maior. Já na televisão e no cinema, você fica ligado nas câmeras e não pode olhar diretamente para elas, tem que se posicionar no lugar certo.
PiraCult: Além de atuar, você ensina LIBRAS em seu canal no YouTube e foi intérprete de LIBRAS no Podcenaskids. Como surgiu seu interesse em LIBRAS e o que você mais gosta nessa experiência de ensinar para outras crianças?
Davi Malizia: Acho que deveria ser uma língua universal. A inclusão da comunidade surda em todos os lugares, inclusive nos teatros, é muito importante. Minha vontade de aprender LIBRAS veio por causa da minha vizinha, que é surda, oralizada (faz leitura labial) mas não fala, só em LIBRAS. Eu aprendo muito com ela. Há dois anos faço aulas na Atitude para me aprimorar e me tornar intérprete. Tive o “gostinho” de fazer o Podcenas com meus amigos, mas vi que ainda tenho muito o que aprender para me tornar um profissional.
PiraCult: Você também faz parte da turma Master de dublagem no IAB. O que mais te fascina no trabalho de dublagem e quais são os maiores desafios que você já encontrou nessa área?
Davi Malizia: O que mais me fascina é poder ajudar as pessoas que não sabem outras línguas ou que têm deficiência visual. O maior desafio é a leitura rápida e ter que falar como o personagem fala no áudio original.
PiraCult: Nas horas vagas, você gosta de brincar com bonecos da Marvel e ir à piscina. Como você concilia a sua rotina de gravações e ensaios como tempo livre para ser apenas uma criança e se divertir?
Davi Malizia: São momentos em que eu relaxo. Nos meus momentos livres, eu só quero ser criança e brincar muito.
PiraCult: Você já interpretou personagens bem diferentes, como Theo, Petruchio e Ney Matogrosso. Qual foi o papel mais desafiador até agora e por quê?
Davi Malizia: Todos foram importantes, mas o mais desafiador foi o último, o Theo de Cartas para Deus, porque fala de esperança e fé. E é um personagem que fala diretamente com Deus.
PiraCult: Por fim, você tem algum sonho ou meta para o futuro na sua carreira de ator? Há algum personagem ou tipo de história que você gostaria muito de interpretar?
Davi Malizia: Quero continuar estudando, me preparando, me dedicando e aguardando um convite para interpretar um herói no cinema