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⭐ Piracicaba, 9 de junho de 2025 ⭐

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Áudios revelam esquema de propina para liberar 10 toneladas de maconha no Rio de Janeiro

audios

Policiais civis, militar e advogados são investigados por liberar carga ligada ao Comando Vermelho mediante pagamento de R$ 2 milhões; parte dos envolvidos responde em liberdade

Um esquema criminoso envolvendo policiais civis, um policial militar e advogados veio à tona após a divulgação de áudios pela reportagem do Fantástico, da TV Globo, neste domingo (8).

As gravações expõem os bastidores da liberação ilegal de um caminhão com 10 toneladas de maconha, interceptado no Rio de Janeiro, mas posteriormente liberado mediante o pagamento de propina.

Segundo as investigações da Polícia Federal (PF), a droga teria como destino o Complexo do Alemão, onde foi descarregada após o suposto acordo entre os envolvidos.

A carga partiu do Mato Grosso do Sul e era acompanhada por duas viaturas da Polícia Civil, sob uma nota fiscal fraudulenta que indicava transporte de frango congelado.

Negociação revelada por áudios

As conversas interceptadas mostram o traficante Carlos Alberto Koerich informando à esposa, Lucinara Koerich, sobre a exigência de R$ 2 milhões pela liberação do caminhão.

“Os polícia tão pedindo dois milhão pra soltar a mercadoria”, afirma ela em um dos áudios.

O grupo de policiais, segundo o delegado federal Pedro Duran, chegou a usar o telefone do motorista do caminhão para falar diretamente com advogados da facção, entre eles Leonardo Galvão e Jackson da Fonseca.

Um dos trechos revela a frustração de Jackson por não ter recebido a parte combinada da propina:

“A gente que agilizou tudo. Tem consideração nenhuma pelo colega”.

Liberação fraudulenta e provas posteriores

A liberação da carga foi formalizada com um documento manuscrito pelo policial civil Deyvid da Silveira, informando que “nada foi encontrado” e que o motorista fora liberado.

Segundo o delegado Duran, isso viabilizou o transporte da droga até a favela.

Após a entrega, o caminhão retornava para o Sul quando foi parado novamente pela Polícia Rodoviária Federal, que encontrou fragmentos da droga suficientes para comprovar o crime por meio de exame pericial.

Prisões, solturas e processo administrativo

Foram presos no curso da investigação:

Policiais civis: Juan Felipe Alves, Renan Guimarães, Alexandre Amazonas, Eduardo de Carvalho e Deyvid da Silveira;

Policial militar: Laercio de Souza Filho;

Advogados: Leonardo Galvão e Jackson da Fonseca;

Traficantes: Carlos Alberto Koerich, Lucinara Koerich e Marcelo Luiz Bertoldo.

Todos os policiais e advogados foram soltos por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que considerou frágil a prova de tráfico, já que o caminhão foi encontrado vazio no momento da abordagem.

Eles seguem respondendo em liberdade por corrupção. Já Carlos, Lucinara e Marcelo permanecem presos por tráfico de drogas e organização criminosa.

A Corregedoria da Polícia Civil informou que os agentes estão afastados e respondem a processo administrativo que pode resultar em demissão.

Grupo de mensagens e rotina de crimes

Durante a apuração, a PF descobriu que os policiais civis envolvidos participavam de um grupo chamado “Mente de um Vilão”, ativo desde 2020, onde supostamente planejavam ações ilegais e discutiam ganhos com tráfico.

Em uma das mensagens, o agente Juan Felipe comenta:

“A gente pode beliscar alguma coisa. (…) Arruma umas nota fiscal, entendeu?”

Repercussão e confiança abalada

“A gente respeita muito o trabalho da polícia, mas lamenta a ousadia de quem, em vez de combater o tráfico, se associa a ele”, disse o delegado Pedro Duran.

“A sociedade deve confiar na polícia, mas ações como essa abalam a credibilidade do Estado”, acrescentou o promotor de Justiça Fabiano Oliveira.

O caso ainda está sob investigação e pode gerar desdobramentos tanto na esfera criminal quanto administrativa.

 

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