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⭐ Piracicaba, 21 de novembro de 2024 ⭐

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Próteses mamárias de tricô e crochê ajudam mulheres que superaram o câncer de mama

Círculo ensina o passo a passo para confeccionar peças artesanais inspiradas no projeto Knitted Knockers, dos Estados Unidos

          Artesanato em prol de uma causa. Isso que motivou um grande grupo de tricoteiras e crocheteiras voluntárias dos Estados Unidos a se unirem para confeccionar próteses mamárias gratuitas para mulheres que tiveram câncer de mama e foram submetidas à mastectomia ou lumpectomia. Elas fazem parte da organização Knitted Knockers, que promove encontros e disponibiliza tutoriais descritivos, além de vídeos e outras informações, sobre como fazer os modelos em tricô e crochê para incentivar que mais pessoas participem dessa corrente do bem.

          Inspirada por este projeto, a Círculo, maior fabricante de fios para trabalhos manuais da América Latina, reuniu artesãs na Flórida em uma aula on-line para reproduzir a receita da prótese de crochê e de tricô, para que elas possam fazer para elas mesmas usarem ou para doar. Essas receitas foram traduzidas para o português pela equipe da Círculo, no Brasil, e agora podem ser replicadas aqui no também.

          A produção das próteses artesanais passa por testes e análises da Knitted Knockers para assegurar que sejam macias, confortáveis, leves, duráveis e autorizadas por seus médicos. A Círculo tem dois fios aprovados para esta iniciativa: o Anne e o Charme, os mais tradicionais da marca têxtil brasileira.

“Eles passaram por testes de qualidade pelas próprias voluntárias da instituição. Ao adquirir esses produtos pela Amazon dos Estados Unidos (as pessoas podem comprar pela Amazon ou em lojas físicas), os consumidores já visualizam o selo de aprovação para este fim, que ganha ainda mais destaque no Outubro Rosa, mês em que se divulgam muitas ações pelo mundo pela conscientização e prevenção do câncer de mama”, comenta Fernando Rodrigues, diretor da Lince International, base da Círculo nos EUA.

          A prótese mamária de tricô ou crochê é recomendada para mulheres que optaram por não se submeter à cirurgia de reconstrução mamária e também para aquelas que têm de esperar por um período até estarem aptas a fazer a reconstrução.

 Palavra de especialista

          De acordo com a cirurgiã oncológica, Patrícia Câmara, a reconstrução mamária pós-cirurgia de câncer vai muito além da estética e de se sentir mais bonita.

“Ela faz parte da autoestima da paciente, da recuperação da feminilidade, de se sentir bem consigo mesma novamente”, comenta.

          Porém, existem pacientes que preferem não passar por uma cirurgia de reconstrução, seja pela condição clínica mais grave com comorbidades e/ou a idade mais avançada, por exemplo.

“O risco cirúrgico pode ser elevado, então a opção é só fazer a mastectomia ou lumpectomia”, explica a médica. Ela afirma que existem outros casos em que a mulher também escolhe não dar sequência aos processos de reconstrução, pois demanda um cuidado que nem todas estão dispostas a seguir. “Geralmente, é preciso usar o expansor, que depois será substituído pela prótese, ou seja, mais uma etapa que algumas preferem não passar”, conta. Ainda pode ocorrer uma situação muito rara, que é a rejeição da prótese, chamada de ‘Síndrome do Silicone’.

          Além de todas essas questões relacionadas à condição de saúde e às preferências dos pacientes, a cirurgiã oncológica lembra que outro ponto importante é o menor acesso à cirurgia de reconstrução aos pacientes do SUS. Por isso, acredita que as próteses mamárias de tricô e crochê podem ser uma boa alternativa.

“É necessário esperar cicatrizar a mama totalmente, retirar todos os pontos e estar sem nenhuma secreção. Quando o paciente necessita de radioterapia, geralmente depois da cirurgia, a pele fica mais sensível durante o tratamento e não pode usar nada. Quando concluída esta parte, é preciso aguardar mais umas semanas para evitar abafar o local sensibilizado. Todas essas etapas devem ser acompanhadas pelo médico oncologista para avaliar cada caso”, esclarece a médica.

          Confeccionados em diversos tamanhos, formas e cores, os modelos de tricô e crochê podem ser feitos sob encomenda com ou sem mamilo. Muitas mulheres acham as próteses mamárias tradicionais quentes, pesadas e pegajosas e não podem ser usadas por semanas após a cirurgia. Já as próteses artesanais de fios são macias e bonitas e, quando colocadas em um sutiã normal, assumem o formato e o toque de um seio real. Além disso, são ajustáveis, laváveis e podem até ser usadas durante a natação.

          “As artesanais permitem que a pele ‘respire’ melhor. O ideal é optar por fios mais naturais, como o algodão, e ainda assim, sempre ficar alerta para qualquer sinal de reação alérgica, que apesar de ser uma raridade, pode ocorrer”, finaliza Patrícia.

 Nos Brasil e Estados Unidos

          As próteses mamárias de crochê e tricô são o foco da Círculo neste Outubro Rosa. No Brasil, a empresa têxtil disponibiliza o passo a passo para quem quer fazer e ser voluntária para ajudar a recuperar a autoestima de mulheres que passaram pela mastectomia e lumpectomia. Um e-book gratuito está disponível para ensinar como fazer. No site https://www.circulo.com.br/receitas/protese-de-mama-em-trico é possível conferir como fazer.

          Já nos Estados Unidos, se juntará à causa da Knitted Knockers. A cada novelo de Charme ou Anne (produtos aprovados pela instituição) vendido nas flagships, será doado US$ 1 para a instituição. A Círculo também promoverá uma aula para ensinar a fazer as próteses e disponibilizará um e-book com a receita com o passo a passo em inglês também no seu site www.circuloyarns.com.

 Sobre a Knitted Knockers

          É uma organização que conecta tricoteiras e crocheteiras voluntárias com mulheres que tenham tido câncer de mama e sido submetidas à mastectomia ou lumpectomia para oferecer próteses de fios gratuitas, feitas em formatos especiais, para que se sintam confortáveis e confiantes. Com sede no Estado de Washington, a Knitted Knockers Support Foundation é também conhecida como knittedknockers.org.

Foto: Divulgação