O exame de sangue que identifica o Alzheimer em estágios iniciais representa um avanço significativo no diagnóstico da doença
Como resultado do envelhecimento populacional, o aumento dos casos de demência já é uma realidade no mundo todo. Mas em países em desenvolvimento, como o Brasil, esse crescimento é ainda mais acelerado — e preocupante.
Problemas de memória que afetam o dia a dia, dificuldade na fala e no raciocínio, desorientação no tempo e no espaço, alterações de humor e de comportamento. Esses são alguns dos sinais que podem indicar o diagnóstico de Alzheimer. A condição, que afeta principalmente pessoas acima dos 65 anos, é o principal tipo de demência no mundo e é responsável por aproximadamente 70% dos casos da doença.
A chegada ao Brasil do exame de sangue PrecivityAD2, que identifica o Alzheimer em estágios iniciais, representa um avanço significativo no diagnóstico da doença, permitindo uma detecção mais precoce e acessível do que os métodos tradicionais.
Dr. Henrique Fernandez Mendes, neurologista, formado na USP de Ribeirão Preto, chefe na equipe de Neurologia do Hospital dos Fornecedores de Cana, e que atua também no Instituto Neuros de Piracicaba, esclarece as principais dúvidas relativas ao tema.
Chega ao Brasil o primeiro exame de sangue que detecta o Alzheimer. O que a descoberta da ciência representa no reconhecimento precoce da doença?
O novo exame de sangue representa um grande avanço porque ajuda no diagnóstico do Alzheimer de forma mais rápida, simples e menos invasiva do que métodos tradicionais como a punção lombar ou exames de imagem. O diagnóstico precoce é essencial para iniciar tratamentos que podem retardar a progressão da doença.
Como funciona um exame de sangue de p-tau217? Qual a diferença do PrecivityAD2 para outros testes de sangue já disponíveis no Brasil?
O exame de p-tau217 mede a quantidade de uma proteína chamada tau fosforilada (p-tau217) no sangue. Essa proteína está associada diretamente às alterações cerebrais do Alzheimer. O PrecivityAD2 é mais avançado porque combina a análise de p-tau217 com outros dados e gera uma “pontuação de risco” mais precisa.
O que o exame analisa?
O PrecivityAD2 analisa a presença e os níveis de biomarcadores relacionados ao Alzheimer, principalmente a proteína p-tau217, além de outros dados, como a idade do paciente e informações genéticas.
Os exames diagnósticos atuais são inconclusivos?
Sim. Os exames atuais, como testes cognitivos ou exames de imagem, como o PET scan, muitas vezes não conseguem confirmar a presença de Alzheimer nas fases iniciais e podem ser caros ou inacessíveis. O exame de sangue que analisa a proteína p-tau217 faz uma triagem mais precisa e acessível, sem precisar submeter o paciente a radiação dos exames de imagem ou procedimentos invasivos como a punção lombar.
Quanto custa e como será feito o exame?
Alguns laboratórios já fazem o exame aqui no Brasil, custo aproximado de 3.600 reais. Consiste na coleta de um exame de sangue no laboratório.
Quais são os benefícios?
- Diagnóstico precoce e mais acessível.
- Menos invasivo que exames tradicionais (como punção lombar).
- Permite começar tratamentos e estratégias de controle mais cedo.
- Auxilia em pesquisas clínicas e novos tratamentos para Alzheimer.
- Pode evitar diagnósticos errados de outras doenças com sintomas semelhantes.
O PrecivityAD2 é um exame utilizado somente para detectar a doença em estágios iniciais ou também para pacientes que já apresentem sinais e sintomas de declínio cognitivo?
Ele pode ser usado para ambos. Tanto para detectar alterações antes dos primeiros sintomas quanto para confirmar o Alzheimer em pacientes que já apresentam sinais de perda de memória ou declínio cognitivo leve.
Vale lembrar que o PrecivityAD2 é indicado apenas para pacientes com idade igual ou superior a 55 anos, que apresentam sinais ou sintomas de comprometimento cognitivo leve ou demência e que estão sendo avaliados para doença de Alzheimer ou outras formas de declínio cognitivo
Importante destacar que o PrecivityAD2 não substitui uma avaliação médica completa. Ele é mais uma ferramenta propedêutica, mas o diagnóstico final ainda depende de uma análise clínica detalhada e de outros exames complementares.
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