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⭐ Piracicaba, 21 de setembro de 2024 ⭐

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Acipi, 90 anos

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Uma entidade tradicional que, com o passar dos anos, tem se modernizado, mantendo o profissionalismo e a ética

Uma grande festa aconteceu na última sexta -feira (7), ás 19 horas, para comemorar os 90 anos da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi), bem como apresentar ao público os avanços da entidade com a inauguração da nova ala do prédio na área central da cidade.

O início

A Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi) nasceu de um contexto de Brasil em pane político e social. Basta recordar que nos anos de 1930, quando a entidade ganhou forma e força, a democracia estava em perigo, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder; São Paulo estava em perigo, com o desrespeito do governo central à constituição e a visão autoritária do gaúcho eleito; Piracicaba vivia esses tremores, tanto é que a participação da cidade na Revolução Constitucionalista de 1032 foi intensa, de corpo e alma, com objetivo de tentar reverter abusos de autoridade e preservar a dinâmica social no estado, sem desvarios personalistas e sob a égide da Lei.

Essa consciência democrática e o viés liberal das lideranças políticas e econômicas do município exigia ações de bom senso e que desse alguma estabilidade ao mercado e à sociedade. Sem emprego, o que estava ruim, poderia ficar ainda pior. A Acipi, portanto, nasce em 1933 com uma profunda responsabilidade social, de tentar aplacar os ânimos e traçar novos caminhos, com maior previsibilidade. O ato de fundação da entidade foi tão acertado que perdurou, devido à sua visão de futuro. Não é à-toa que a até hoje ela é tida um exemplo em suas estratégias de organização do setor econômico, especialmente de serviços e comércios, sem, evidentemente deixar de lado a indústria. É importante destacar que em grande medida essa política só foi possível com o apoio intelectual dos imigrantes, dentre os quais, italianos, sírio-libaneses e alemães, que atuavam no setor e traziam experiência afins de seus países de origem.

Um artigo do historiador Lucas Magioli, elaborado a pedido da Acipi, recupera dos jornais da cidade como se deu a composição da primeira diretoria da Acipi. Estavam lá Luiz Dias Gonzaga (presidente). Ele foi prefeito de Piracicaba por mais de um mandato e era um grande empresário do setor que hoje se denomina agronegócio. Na prática, fazendeiro. Luiz Coury (vice-presidente). Pelo sobrenome, fica evidente sua descendência séria-libanesa. Henrique Nehring (1º secretário). Tudo indica naturalidade alemã. E assim, sucessivamente: Luiz Gonzaga de Lima (2º secretário); Vicente Rando (1º tesoureiro); Elias Daibes (2º tesoureiro). Terênzio Gallese (diretor). Este foi um homem do comércio, mas com forte influência no setor bancário. Seguem demais diretores cujos sobrenomes, se não forem de origem europeia, eram piracicabanos de quatro costado: Coronel Manoel Ignácio da Motta Pacheco, André Ferraz Sampaio, Ermelindo Del Nero, Esmeraldo Muller, Henrique Nehring e Mario Lordello. Ainda segundo Magioli, na oportunidade foi elaborado o primeiro estatuto da entidade, redigido pelo Moacyr Amaral dos Santos.

Da sua fundação até os dias que correm, a Acipi foi fortalecendo suas raízes e ganhando a credibilidade junto a todos os que se envolviam com o seu projeto, a ponto de ter sido por um grande período representante direto também do setor agrícola, uma vez que Piracicaba nasce economicamente voltada para o setor exportador, especialmente na produção canavieira e no comércio de açúcar. Evidentemente, o setor industrial foi se desenvolvendo e ganhando autonomia, necessitando de novas organizações específicas para representá-la, capazes de interagir com uma dinâmica relativamente diferente do setor de comércio e serviços. Por isso, quando se fala que a Acipi está comemorando 90 anos, é fundamental ter em mente esta breve retrospectiva, o que permite dimensionar sua grandeza tanto para a história econômica como social do município. Porque ela foi a primeira a colocar em prática o slogan “a união faz a força’, “vamos planejar o amanhã”, servindo assim de exemplo para outras entidades que seriam formadas em sua esteira.

O entendimento do presidente da entidade, o empresário do setor farmacêutico, Marcelo Cançado, é claro nesse sentido: “Vivemos uma nova fase na ACIPI. Um novo prédio, novos projetos em prática, sonhos um dia almejados, hoje são realidades. O que mais nos deixa felizes em celebrar este marco é saber que tudo o que foi construído teve muito amor, dedicação e respeito envolvidos. Um trabalho que compreendeu outras gestões e todos os membros da nossa diretoria. O novo espaço simboliza modernidade e inovação. Além disso, imprime personalidade aos nossos serviços e nos aproxima, ainda mais, dos nossos associados e da sociedade. Afinal, a ACIPI é Piracicaba, é o comércio, a indústria e o setor de serviços. É cada piracicabano, é o seu associado, é o empresário, o empreendedor, é a união de todos os esforços. Esse nosso novo lar proporcionará crescimento, ainda mais desenvolvimento e possibilitará uma ampliação dos atendimentos. A cada passo que damos, pensamos no amanhã. O significado da expansão da Acipi para o que está em curso.”

Marcelo Cançado gosta também de enfatizar que uma das estratégias da entidade é ser previsível. Enquanto esta palavra pode soar um tanto quanto inadequada para certas pessoas, especialmente no mundo da arte, no mundo dos negócios garantir a previsibilidade é uma arte. Porque permite o planejamento, a definição de metas, a obtenção dos resultados e, consequentemente, avançar, com novos investimentos. A previsibilidade na Acipi é tão grande que já se sabe de antemão como será a sucessão presidencial. Ninguém fica surpreso com um nome inesperado, uma vez que o vice-presidente (Maurício Benato) será o próximo presidente, sucedido pelo segundo vice (Rodrigo Sanches), que vai entregar o cargo para o terceiro (Jorge Aversa).

“Com isso damos transparência a tudo o que fazemos e aplainamos o terreno com a colaboração direta do sucessor, que está sempre próximo de tudo o que está sendo decidido, além de já atuar como representante da entidade, junto aos demais. Evidente que cada chapa eleita tem a sua pimenta e a nossa foi baseada na ampliação da estrutura e da criação de novos serviços visando o futuro tecnológico e a integração de empresários que se diziam não ter acesso à entidade. Precisávamos quebrar barreiras e trazê-los até nós, mostrando assim o potencial democrático de nosso projeto maior e o nosso potencial de ouvir e dar respostas à altura da demanda desses novos setores, que cresceram e se fixaram na cidade como resultado de trabalho, perseverança e muita criatividade. Muitas vezes são profissionais super sintonizados com as novas tecnologias e que já vinham cobrando da Acipi uma atualização em nossa plataforma, que é exatamente o que estamos fazendo agora com a expansão física da unidade. Tudo está sendo pensado para este salto de integração tecnológica e incorporação de todos os seguimentos comerciais e de serviços que se viam desconectados das nossas bases.  Essa foi a maneira mais coerente para respondermos a essa demanda das novas gerações, porém, imprescindíveis para o nosso desenvolvimento em um mundo disruptivo, que está sempre pensando no amanhã”, contou Cançado em entrevista ao Canal Diálogos, da Gazeta no YouTube.

Acipi é sinônimo de desafio. Sua diretoria é totalmente voluntária, de trabalho constantemente voltado a estratégias que promovam o crescimento dos seus representados. Os projetos desenvolvidos visam sempre geração de emprego e renda. É uma entidade tradicional que, com o passar dos anos, tem se modernizado, mantendo o profissionalismo e a ética. A ACIPI oferece produtos que são ferramentas fundamentais para complementar as atividades comerciais de seus mais de 6.400 associados, permitindo que acompanhem a dinâmica de um mercado, cada vez mais competitivo.


Prédio inteligente

Toda circunstancialidade foi pensada antes da construção da nova ala da Acipi, que tem acesso pela rua Prudente de Moraes. Não há paredes divisórias entre as colunas livres, o que permite a criação de salas adequadas aos projetos customizados que serão desenvolvidos. As conexões — elétricas, hidráulicas e de TI – estão sempre ali no piso elevado e removível. A somatória é um ambiente aprazível, harmônico, versátil, moderno e extremamente funcional. Logo na entrada, no lado direito, há um café, que serve para recepcionar os visitantes, com possibilidade de realizar happy hours todas as tardes, visando sempre a integração entre sócios e a comunidade piracicabana. “A intenção da Acipi foi criar um ambiente agradável tanto para o trabalho como para o lazer”, explica o engenheiro responsável pela obra Fábio Antunes Kadri.

O arquiteto responsável pelo projeto da nova ala é João Paulo Meirelles de Faria, do escritório Vereda Arquitetos, ganhador do concurso realizado pela Acipi. A vitória no concurso se deu exatamente por ele ter dado essa dimensão pretendida, com uma boa proposta que garantisse tendência com as soluções dos problemas apresentados. “Evidente a necessidade básica de ser um prédio inteligente, o que quer dizer ultra versátil”, disse Meirelles. Segundo ele, toda necessidade está imanente na arquitetura, na estética de concreto aparente, no piso elevado e nas colunas abertas, sem paredes. O prédio, portanto, pode ser modulado, sem limitações. Conta com dois subsolos, para 100 vagas de garagens. No térreo fica, portanto, a recepção, que é o espaço social, e um café já citado acima. Os outros andares são para os escritórios. Jardins elevados também estão presentes para harmonizar o todo.

Para Marcelo Cançado, presidente da entidade, não há detalhe que não tenha sido pensado para dar conta de uma Acipi atuante e aberta para uma realidade em plena mudança. “A dinâmica social e empreendedora, fortemente influenciada por novas tecnologias, precisa ver na Acipi uma aliada natural. É nesse sentido que pensamos algo aberto e receptivo, para que nossos associados se sintam em casa para seus projetos. Podendo inclusive manter um relacionamento transparente para que possamos atendê-lo em suas demandas específicas, que normalmente são aberturas para novos mercados.”

Faculdade de Comércio (FAC)

A faculdade de negócios da Acipi é ambiciosa, pois é um ambiente idealizado para se compreender o mundo do empreendimento conceitualmente e de forma prática, em uma realidade complexa, que precisa de outros instrumentos para se mergulhar numa dimensão mais profunda, além de suas relações aparentes. A vocação empreendedora é discutida em todas as suas variáveis e a psicologia do comércio e serviço está sempre presente, para que o aprimoramento das relações seja um processo contínuo. Isso tudo acompanhado da boa gestão, da contabilidade financeira, enfim.

O site da Acipi reforça todo o conceito da instituição ao apresentar a escola: “Pensar no seu futuro profissional é fundamental, ainda mais nos tempos atuais. Com o objetivo de oferecer, além de oportunidade de qualificação, valores que possam ser acessíveis, a Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba) traz para a cidade, a Faculdade do Comércio (FAC) Acipi. Com uma proposta inovadora, são oferecidos quatro cursos EAD (Ensino à Distância) com notas máximas pelo MEC (Ministério da Educação): Gestão Comercial, Gestão em Recursos Humanos, Gestão em Logística e Sistemas Para Internet.”

Café Conecta

O café de negócios, realizado uma vez por mês, foi um projeto para atrair os associados para a Acipi. “Fizemos uma pesquisa em 2021 para que a gente pudesse conhecer melhor os nossos associados e o Café Conecta nasceu com a finalidade de damos a oportunidade para que eles estejam na sede e conheçam todos os serviços que oferecemos. Temos junta comercial, certificação digital, consulta de SCPC, parceira com serviços de saúde (Unimed e Uniodonto), parceria com a Sicoob Cocre e com a construtora EmbraPlan. Tudo isso para que os associados tenham a dimensão dos serviços oferecidos, passem a participar mais intensamente da Acipi, fortaleça o network e façam negócios entre si”, explica Cançado. Sobre o Café Conecta, é possível se inscrever para participar pelo site da Acipi. “Os associados terão ali um canal aberto para se apresentar, falar de seu empreendimento. É natural que não conheçamos todas as potencialidades do mercado local. Então é fundamental termos uma porta aberta para os jovens que chegam com todo o gás e com esse viés tecnológico. Ele terá ali a oportunidade de nos conectar e de ser conectado, em uma troca de experiências viva, uma vez que no ambiente estarão apenas pessoas versadas no setor, com larga experiência no que desenvolvem”, explica o presidente da entidade.

Laboratório do Varejo

A velha guarda do comércio também tem um espaço para se ajustar à novas tendências, com laboratório para treinamento, atendimento e vendas a consumidor exigentes. Trata-se de um processo de atualização, uma vez no mundo pós-covid muitas coisas mudaram. O consumidor desenvolveu um novo perfil que não é mais compatível com o jeito de atender sem a interatividade adequada. Venda online é mais complexa que uma loja física, e hoje o serviço precisa ser híbrido, unindo o virtual ao físico. Esse novo perfil exige qualificação. Setor de serviços também passa por esse treinamento. O novo prédio, além de tudo, com novas tecnologias, visa o pequeno empresário que não pode adquirir todo esse suporte sozinh. Por isso a ideia de compartilhamento. A sede ampliada terá salas para coworking, uma vez que não são poucas as empresas que deixaram de ter escritórios grandes e precisam apenas de sala para reuniões. Há o apoio do Sebrae, para que os jovens empresários tenham visão de como gerenciar recursos financeiros. Como se comportar financeiramente para não confundir os bolsos, entre pessoa física e jurídica.

Projeto Pescar

Iniciado em janeiro, com 19 jovens em uma sala durante a manhã inteira e uma grade curricular extensa e importante. O projeto é um tipo de franquia que nasceu no Rio Grande do Sul, sendo o conteúdo voltado ao comportamento, comunicação e visão do mundo empresarial. “Esses jovens passaram por seleção, são jovens de famílias vulneráveis, e vão aprender como funciona o comércio, a dinâmica de uma empresa e todos os seus departamentos. Incluímos também temas de profissionais, em que convidamos especialistas de diversas áreas para palestrar a eles. Visitam indústrias. São atividades para municiá-los de muitas informações para que tenham um futuro diferente, com uma boa colocação no mercado. O mais fácil é o lado ruim e eles viviam nessa linha tênue. Na Acipi, com 6.400 empresas associadas, acreditamos que todos eles sairão dali colocados no mercado.

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