Polícia Federal identificou ao menos nove agentes russos que assumiram cidadanias brasileiras; caso levanta alerta internacional sobre segurança documental
Uma investigação conduzida pela Polícia Federal revelou que a Rússia utilizou o Brasil como base para forjar identidades falsas de espiões, que posteriormente foram enviados para atuar em missões clandestinas em diversos países.
Esses agentes, conhecidos como “ilegais”, apagavam seus passados russos e construíam novas vidas em solo brasileiro, abrindo empresas, mantendo relacionamentos e adquirindo documentos oficiais como certidões de nascimento e passaportes.
O caso mais emblemático é o de Sergey Vladimirovich Cherkasov, que viveu sob a identidade de Victor Muller Ferreira.
Cherkasov foi preso no Brasil em 2022 por portar documentos falsificados e condenado pela Justiça Federal a 15 anos de prisão.
De acordo com a investigação, batizada de Operação Leste, ao menos nove espiões russos com cidadanias brasileiras falsas já foram identificados. A maioria conseguiu deixar o Brasil antes de ser detida, com destinos que incluem países como Uruguai, Portugal e Namíbia.
O Brasil foi escolhido como base estratégica para a criação dessas identidades devido à relativa facilidade de obtenção de documentos e ao acesso facilitado a viagens internacionais, muitas vezes sem a necessidade de visto, o que permitia aos agentes circular sem levantar suspeitas.
As apurações seguem em andamento, com a colaboração de serviços de inteligência de outros países, entre eles Estados Unidos, Israel, Holanda e Uruguai.
O caso levanta preocupações sobre a segurança nos sistemas de emissão de documentos e sobre eventuais falhas na checagem de identidades.
Procurada, a embaixada da Rússia não comentou as denúncias, enquanto autoridades brasileiras reforçam que medidas estão sendo adotadas para reforçar os mecanismos de controle documental.