Primeiro pontífice latino-americano, Francisco deixa um legado de diálogo, acolhimento às minorias e defesa dos pobres
O Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, às 2h35 no horário de Brasília (7h35 no horário local), segundo comunicado oficial do Vaticano.
À frente da Igreja Católica por quase 12 anos, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história e o primeiro jesuíta a ocupar o trono de São Pedro.
Francisco será lembrado por sua luta para aproximar a Igreja dos fiéis, promover reformas internas e priorizar o acolhimento dos pobres e marginalizados.
Sua eleição, em 2013, ocorreu em um momento crítico para a Igreja, que enfrentava queda na popularidade e escândalos envolvendo membros do clero.
Uma liderança marcada pela simplicidade e pela coragem
Filho de imigrantes italianos, nascido em Buenos Aires em 1936, Bergoglio optou por um estilo de vida austero desde o início de sua trajetória eclesiástica.
Como papa, manteve hábitos simples e aproximou-se do povo, reforçando sua imagem como líder acessível e compassivo.
Francisco enfrentou temas delicados, como o combate à pedofilia, a abertura ao diálogo com a comunidade LGBTQIA+ e o fortalecimento do papel das mulheres dentro da Igreja — ainda que sem mudanças radicais, como a ordenação feminina.
Também promoveu reformas econômicas na administração do Vaticano e buscou uma Igreja menos burocrática e mais acolhedora.
Durante seu pontificado, fez críticas contundentes a líderes políticos envolvidos em guerras, defendeu os refugiados e combateu a pobreza.
Sua escolha do nome “Francisco” foi uma homenagem a São Francisco de Assis, símbolo da humildade e do cuidado com os desamparados.
Saúde debilitada e legado duradouro
Nos últimos meses, Francisco enfrentou sérios problemas de saúde, incluindo uma infecção polimicrobiana e pneumonia bilateral, que o levaram a internações prolongadas.
Apesar da fragilidade física, continuou a participar de atividades religiosas até seus últimos dias.
Especialistas classificam seu pontificado como um marco de renovação moral e espiritual da Igreja. Segundo o vaticanista Marco Politi, Francisco promoveu “uma revolução nos passos do Concílio Vaticano II”, abrindo a Igreja ao mundo moderno sem alterar dogmas centrais.
O argentino deixa um legado de esperança para milhões de fiéis e é reconhecido por sua coragem em enfrentar resistências internas e externas.
A Igreja Católica agora se prepara para iniciar o processo de escolha do seu sucessor.
Até o fechamento desta edição, o Vaticano ainda não havia divulgado os detalhes sobre o funeral do Papa Francisco.