Texto: Alexandre Raith
Uso indiscriminado e sem indicação de um especialista pode trazer riscos à saúde
Se o nível de algum nutriente estiver baixo no organismo, o uso de suplementos alimentares – ainda que tenha uma finalidade estética – pode ser uma solução. Em boa parte das vezes, no entanto, esse não é o caso, explicam os especialistas.
De acordo com Marcelle Nogueira, dermatologista e assessora do Departamento de Dermatologia Geriátrica da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a chance de uma pessoa com uma alimentação adequada e estilo de vida saudável ter todas as vitaminas e os sais minerais necessários para a própria saúde é altíssima.
Qualquer suplemento [nesse cenário] seria um desperdício de dinheiro”, diz.
Um exemplo é o colágeno, que se tornou moda entre os indivíduos que buscam uma melhora na firmeza da pele.
A indústria tem explorado muito essa questão, mas as evidências científicas são muito poucas para reais benefícios”, afirma a dermatologista.
Além dos alimentos serem capazes de atender as necessidades do corpo, a quantidade de nutrientes que cada pessoa precisa, em geral, é pequena, segundo a endocrinologista Larissa Garcia Gomes, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo (SBEM-SP).
Necessitamos de vitaminas, em sua maioria, em baixas concentrações, e a alimentação diversificada é capaz de suprir nossas demandas. A exceção é a vitamina D, já que a sua produção é estimulada pela exposição solar”, explica.
Efeitos positivos
Caso exista uma indicação clara, sob orientação médica, e em doses adequadas, os indivíduos podem, sim, ter benefícios, segundo a dermatologista Marcelle Nogueira.
Principalmente na reposição, como a vitamina D. [Para isso], dosamos no sangue e sabemos qual é o nível do paciente, quanto ele precisa tomar, e por quanto tempo”, detalha a dermatologista.
Outros casos que podem exigir a suplementação são déficit nutricional, disfunção de absorção intestinal ou alto catabolismo (uma das etapas do metabolismo).
A biotina, para alguns quadros de queda cabelo e unha, e a enzima Q10 para a pele, também podem ser importantes. Mas dentro de uma real indicação. O paciente deve ser suplementado de acordo com as necessidades dele. Tudo gira em torno da causa que levou a este processo”, ressalta a especialista.
Perigos
Para ilustrar os ricos à saúde do consumo inadequado, e sem orientação médica, a endocrinologista Larissa Garcia Gomes cita o aumento da procura pela vitamina D durante a pandemia da Covid-19 que, segundo ela, levou ao aumento nos casos de intoxicação.
Dor abdominal, náuseas, vômitos e fadiga são os sintomas mais comuns e podem cursar com hipercalcemia (nível elevado de cálcio no sangue) e insuficiência renal”, alerta.