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⭐ Piracicaba, 1 de abril de 2025 ⭐

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Doença celíaca vai além da sensibilidade ao glúten

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A falta de conscientização leva muitas pessoas a adotarem dietas sem glúten sem necessidade

A doença celíaca é uma condição genética e autoimune desencadeada pela ingestão de glúten, uma proteína presente no trigo, centeio e cevada. Embora afete cerca de 1% da população mundial, estima-se que aproximadamente 2 milhões de brasileiros convivam com a condição, segundo dados da Câmara dos Deputados. No entanto, a maioria dessas pessoas desconhece o próprio diagnóstico, tornando a subnotificação um dos principais desafios para identificar e tratar a doença adequadamente.

Um dos maiores obstáculos está na complexidade do diagnóstico. Os sintomas podem variar amplamente entre os pacientes, dificultando a identificação precoce. Além disso, o acesso limitado a exames específicos também contribui para que muitos casos fiquem sem a devida confirmação.

Recentemente, a doença celíaca foi tema de debate no I Simpósio Internacional de Doença Celíaca, realizado pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, em 9 de dezembro de 2024. O evento reuniu especialistas renomados, como o professor Alessio Fasano, da Harvard Medical School, para discutir os avanços no diagnóstico e no tratamento da condição. Durante o simpósio, especialistas destacaram que a falta de estatísticas oficiais e de protocolos padronizados ainda dificulta o rastreamento da doença, impactando diretamente a saúde e a qualidade de vida de muitos pacientes.

Segundo a médica gastroenterologista Danielle Kiatkoski, diretora científica do IBREDOC e especialista da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), é essencial diferenciar a doença celíaca da sensibilidade ao glúten para evitar diagnósticos equivocados.

“Enquanto a sensibilidade ao glúten pode causar desconfortos gastrointestinais sem gerar danos permanentes, a doença celíaca é uma condição autoimune grave que, se não tratada, pode levar à desnutrição, osteoporose e até aumentar o risco de câncer intestinal”, explica a especialista.

A Dra. Kiatkoski alerta ainda que a falta de conscientização leva muitas pessoas a adotarem dietas sem glúten sem necessidade, o que pode mascarar sintomas importantes.

“Essa prática pode retardar o diagnóstico correto e colocar a saúde do paciente em risco”, afirma.

Ela reforça que jamais se deve excluir o glúten da dieta sem uma investigação médica completa, pois isso pode dificultar a detecção da doença e trazer complicações futuras.

Felizmente, os avanços médicos têm facilitado o diagnóstico precoce da doença celíaca, aumentando as chances de um tratamento eficaz. Exames de sangue mais precisos e biópsias intestinais são hoje as principais ferramentas para confirmar a condição. Ainda assim, especialistas ressaltam que é essencial ampliar a educação nutricional e conscientizar restaurantes e escolas sobre a importância de oferecer opções seguras para pessoas celíacas.

O impacto da doença celíaca vai muito além da alimentação. Muitos pacientes enfrentam desafios emocionais e sociais durante a adaptação à dieta sem glúten, especialmente diante do alto custo dos produtos especializados e da falta de regulamentação rigorosa para evitar a contaminação cruzada dos alimentos.

Para o Dr. Áureo de Almeida Delgado, presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia, o mercado de produtos sem glúten precisa evoluir para garantir não apenas segurança alimentar, mas também acessibilidade econômica.

“A segurança alimentar é essencial, mas não pode ser um privilégio. Precisamos tornar essas opções mais acessíveis para todos os pacientes celíacos”, afirma.

Diante de uma condição que envolve tantas particularidades, é essencial que pacientes e familiares busquem orientação médica especializada para obter um diagnóstico preciso e construir uma rotina segura e equilibrada. Além disso, o acompanhamento nutricional e psicológico é indispensável para garantir que a dieta restritiva seja seguida de forma saudável e sustentável. A conscientização sobre a doença celíaca, somada aos avanços na medicina e na indústria alimentícia, é a chave para que esses pacientes possam viver com mais segurança e qualidade de vida.

Foto: Banco de Imagem

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