Ao contrário do cigarro comum que queima tabaco, o e-cigarro vaporiza um líquido, comprado à parte, com 7 mil variações de sabor
Há vários argumentos ardilosos para estimular o consumo do tabaco e derivados. Todos enganosos. Entre eles está o cigarro eletrônico, nova modalidade desenvolvida para fisgar os menos avisados na dependência da nicotina. Quem aponta os riscos do e-cigarro é o vocalista Tato, do Falamansa, no vídeo da campanha Paradas pro Sucesso que está na WEB.
No site oficial, o grupo de forró é formado por Tato no vocal, Valdir no acordeon, Alemão na zabumba e Dezinho no triângulo. O Falamansa, criado em 1998 no Festival de Música do Mackenzie, fez da composição Rindo à Toa, um clássico da música brasileira. A receita do sucesso é simples e encantou milhares de pessoas do país todo: “misturar o carisma e a alegria do forró jovem sem desprezar as raízes desse ritmo tão brasileiro”.
Tato cita algumas substâncias adicionadas ao cigarro eletrônico para tornar o sabor mais atraente. É que ao contrário do cigarro comum que queima tabaco, o e-cigarro vaporiza um líquido, comprado à parte, com 7 mil variações de sabor. Segundo o site MDSaúde, a maior parte dos líquidos à venda traz nicotina, propilenoglicol e aromas, mas também foram identificadas outras substâncias como “estanho, chumbo, níquel, crômio, nitrosaminas e compostos fenólicos, algums destes com potencial carcinogênico”.
Muita gente acha que o cigarro eletrônico produz só vapor de água, mas o usuário vai inalar substâncias químicas nocivas direto para os pulmões”, afirma a cardiologista Juliana Previtalli, que idealizou a Campanha Paradas pro Sucesso, com o músico Luis Fernando Dutra.
O que mais preocupa é a notícia desta semana, com repercussão negativa entre os estudiosos do tabagismo, de que o milionário clube de futebol francês PSG assinou contrato de patrocínio com a Geekvape, empresa chinesa de cigarros eletrônicos. É a indústria tabageira assediando o público jovem.
O e-cigarro surgiu em 2003 e é constituído por uma bateria de lítio, pelo módulo ou atomizador para regular o aquecimento e pelo refil ou cartucho, que armazena a nicotina diluída em solventes. Única vantagem em relação ao cigarro comum é que não tem o alcatrão. Mas vicia também.
A quantidade de nicotina inalada é quase a mesma do cigarro comum. Não importa se a pessoa vai tragar ou inalar. A nicotina causa dependência porque obriga o cérebro a querer sempre mais”, explica Juliana.
A produção, comercialização, importação e propaganda do e-cigarro são proibidas no Brasil, pela Resolução de Diretoria Colegiada da Anvisa: RDC nº46, de 28 de agosto de 2009. Mas o uso não é criminalizado. Segundo a médica, “a indústria do tabaco se apropriou do discurso da redução de danos para vender a ideia de que o cigarro eletrônico é um produto seguro. Não é. Todo e qualquer cigarro aumenta o risco de doenças cardíacas e pulmonares, bem como de câncer”.
Há, também, o risco de parto prematuro, de aborto espontâneo, de alterações no desenvolvimento cerebral, entre outros. Além disso, a inalação dos sabores artificiais ainda não tem estudos conclusivos, mas já foi constatada que “a doença pulmonar (EVALI) é causada pelo cigarro eletrônico”, explica Juliana. Mesmo o e-cigarro sem nicotina é nocivo, pois, segundo o site MDSaúde, “estudos em animais e em laboratórios sugerem que também pode fazer mal aos pulmões”, pois o vapor inaldado irrita as células e atrapalha o bom funcionamento dos tecidos pulmonares.
Público alvo: adolescentes
O interesse da indústria tabagista é obter lucro. Para isso, quanto antes o jovem começar a fumar maior é a chance de se tornar um adulto dependente. Já veiculam na Internet modelos de e-cigarros que parecem pen-drives e são recarregáveis via USB. Outros têm refis de menta, baunilha e chocolate. Alguns trazem estampas de super-heróis. Tudo para atrair os jovens e adolescentes. Tanto é que, conforme o site G1, houve um aumento vertiginoso de usuários do produto nos Estados Unidos, com cerca de 3,6 milhões de alunos do ensino médio e de universidades em 2018, em comparação aos 2,1 milhões em 2017.