Assim como Ozempic, Wegovy e outros medicamentos inovadores, o Mounjaro também deve ser administrado somente a partir de prescrição médica
De acordo com estudo SUMMIT CMR da Massachusetts Medical Society, a Tirzepatida contribui para a redução do risco de morte por insuficiência cardíaca relacionada à obesidade, além da melhora na saúde dos pacientes. Elaine Dias JK, PHD em endocrinologia pela USP e metabologista, comenta que o excesso de peso aumenta a probabilidade de patologias do coração, além de mais de 20 tipos de câncer, diabetes mellitus tipo 2, artrose, apneia do sono, entre outros agravamentos.
A médica explica que o aumento de gordura visceral acomete o coração em uma região que se chama epicárdio, levando à inflamação desse tecido e causando a insuficiência cardíaca.
O estudo SUMMIT avaliou pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção normal e obesidade IMC> 30, um grupo utilizando Tirzepatida 15mg uma vez por semana, comparando com o grupo administrado com placebo. A conclusão desse estudo é de que o tratamento semanal com Tirzepatida durante 2 anos reduziu o risco de eventos de piora da insuficiência cardíaca ou morte por causas cardiovasculares. Ao mesmo tempo em que melhorou o estado de saúde em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada, obesidade e comprometimento funcional.
“Essa melhora na insuficiência cardíaca se dá pela redução da gordura visceral (emagrecimento), diminuindo a expansão do volume plasmático e a resposta inflamatória que estão na base da patogênese dessa doença. E a melhora ocorre também pela ação direta do hormônio GLP1, que diminui a inflamação no tecido gorduroso presente no miocárdio (músculo do coração). Essa molécula GLP1 está presente na semaglutida (Wegovy e Ozempic) e na Tirzepatida (Mounjaro). A diferença é que a Tirzepatida tem um hormônio adicional em sua formulação, chamado GIP. E o tecido gorduroso (adipócitos) no epicardio e no miocárdio (tecidos do coração) possuem muitos receptores de GIP, diminuindo mais ainda a inflamação local”, explica Elaine.
A endocrinologista ressalta que a obesidade é uma preocupação global, com números alarmantes. Mais de 1 bilhão de pessoas são portadoras da patologia, sendo 650 milhões de adultos, 340 milhões de adolescentes e 39 milhões de crianças, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Tirzepatida ainda não está disponível no Brasil, mas, já foi aprovada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a expectativa é grande.
Comercializado com o nome Mounjaro, o medicamento é uma inovação e ficou conhecido como “king kong” entre os fármacos para o emagrecimento e tratamento do diabetes tipo 2. É sucesso absoluto nos Estados Unidos por ser muito mais potente na melhora da glicose e no auxílio da perda de peso rápida.
“Ele é o análogo dos hormônios intestinais GLP1 e GIP, que agem no hipotálamo, no centro da fome e saciedade”, ressalta Elaine.
A médica ressalta que, assim como Ozempic, Wegovy e outros medicamentos inovadores, o Mounjaro também deve ser administrado somente a partir de prescrição médica, como aliado a tratamentos multifatoriais e com acompanhamento de um profissional da saúde.
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