Com mínimas previstas de até 6 °C, a frente fria acende alerta para doenças respiratórias, hipotermia e riscos à vida
Uma forte frente fria começa a avançar sobre o território brasileiro a partir desta quarta-feira (28), trazendo temperaturas mínimas que podem atingir 6 °C em cidades do Oeste Paulista, segundo alerta da Defesa Civil.
O fenômeno, provocado por uma massa de ar polar, deve se espalhar por regiões do Sudeste, Centro-Oeste e Sul, afetando milhões de brasileiros.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também emitiu avisos para áreas de declínio acentuado de temperatura, o que aumenta a preocupação com os impactos na saúde pública, especialmente entre populações mais vulneráveis e em situação de rua.
O frio intenso não apenas causa desconforto, mas também está associado a um aumento significativo de doenças respiratórias, como gripes, resfriados, bronquites e pneumonias, além de agravar condições cardiovasculares.
Dados indicam que, entre 1997 e 2018, o Brasil registrou mais de 113 mil mortes atribuídas ao frio, representando cerca de 4,1% das mortes notificadas em 18 cidades durante esse período.
Esses números evidenciam a gravidade dos impactos das baixas temperaturas na saúde pública, especialmente entre populações vulneráveis como idosos, crianças e pessoas em situação de rua.
De acordo com o Dr. Marcelo Augusto Okamura, diretor de Growth Emergency do Grupo MED+, o corpo humano sofre alterações significativas diante de variações bruscas de temperatura, e o frio extremo exige atenção redobrada.
“A exposição prolongada ao frio intenso compromete os mecanismos de termorregulação do organismo, podendo levar à hipotermia, que ocorre quando a temperatura corporal central cai abaixo de 35 °C.
Esse estado afeta o metabolismo celular, reduz a perfusão sanguínea periférica e pode comprometer funções neurológicas e cardíacas”, alerta.
O doutor ainda explica que o ar frio e seco atua como fator irritativo para as vias aéreas, desencadeando ou agravando doenças respiratórias como asma, bronquite crônica e DPOC.
Em pacientes cardiopatas, o frio pode provocar vasoconstrição periférica, aumento da pressão arterial sistêmica e maior risco de eventos isquêmicos, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
Para ele, a prevenção é o melhor caminho, principalmente em momentos de queda repentina nos termômetros.
Além dos problemas clínicos, o frio também pode gerar comportamentos de risco, como o uso inadequado de equipamentos de aquecimento em ambientes fechados.
Fogareiros, lareiras e aquecedores sem ventilação adequada podem provocar intoxicação por monóxido de carbono, um gás inodoro e letal.
A recomendação é utilizar cobertores, vestir-se em camadas, com o uso de luvas, meias e gorros, e manter os ambientes bem ventilados.
“A baixa umidade do ar também favorece infecções respiratórias, sendo importante manter a hidratação constante, cuidar da alimentação e evitar aglomerações em locais fechados”, explica Okamura.
Mudanças bruscas de temperatura devem ser evitadas, principalmente ao sair de ambientes aquecidos, protegendo o corpo contra choques térmicos.
O Dr. Marcelo ainda reforça que os grupos mais suscetíveis aos efeitos do frio devem receber atenção especial da sociedade e das autoridades.
“Idosos a partir de 60 anos, crianças pequenas, especialmente aquelas com menos de 5 anos, e pessoas em situação de vulnerabilidade enfrentam maiores dificuldades para manter o corpo aquecido. Segundo estudos, o aumento de mortes entre idosos durante ondas de frio pode variar entre 20% e 30%, dependendo da região. Além disso, muitos não têm acesso a condições adequadas de abrigo e vestuário. Em casa, medidas simples como uma alimentação balanceada, boa hidratação e reforço nos cuidados com a higiene podem fazer a diferença. Também é fundamental que todos colaborem com campanhas de doação e acolhimento neste período”, finaliza.