No Brasil, endometriose atinge 1 entre 10 mulheres. Técnica utilizada no Grupo São Lucas, de Ribeirão Preto (SP), traz diversos benefícios para o tratamento e a recuperação das pacientes
No mês de março é celebrada a campanha “Março Amarelo” para conscientizar e prevenir a população feminina sobre endometriose, doença que atinge cerca de 8 milhões de mulheres no Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde. Dados ainda apontam que 1 entre 10 mulheres vão receber o diagnóstico.
A cirurgia robótica tem se destacado como uma das melhores opções para o tratamento eficaz de condições ginecológicas complexas, como endometriose profunda, adenomiose e miomas uterinos. Por ser uma técnica menos invasiva em comparação com a cirurgia tradicional, oferece mais precisão, menor tempo de recuperação, cicatriz reduzida e menos dor no pós-operatório.
Segundo o especialista em reprodução humana José Vitor Zanardi (CRM 130097 / RQE 38308), que realiza esse tipo de procedimento e atua na formação de médicos na área, essas condições afetam muitas mulheres e podem causar dor intensa, sangramentos e até dificuldades para engravidar.
“A endometriose acomete entre 10% e 15% das mulheres em idade reprodutiva, geralmente, entre 20 e 40 anos, e muitas vezes, só é diagnosticada quando a paciente tem problemas de fertilidade ou dores incapacitantes. Já a adenomiose costuma aparecer entre os 30 e 50 anos, provocando um aumento no fluxo menstrual e cólicas intensas. Os miomas uterinos são mais comuns e atingem até 70% das mulheres ao longo da vida, principalmente, entre 35 e 50 anos, causando sintomas variados, conforme seu tamanho e localização”, explica o médico.
Diferente da cirurgia tradicional aberta, que exige cortes maiores, a robótica é minimamente invasiva, resultando em menos dor, menor tempo de internação e retorno mais rápido às atividades. Enquanto uma cirurgia aberta pode levar de três a cinco horas de duração e exigir internação de até sete dias, a robótica dura, em média, de duas a quatro horas, com alta hospitalar em até 48h.
Precisão e alta qualidade
A plataforma robótica permite que o cirurgião tenha uma visualização ampliada em 3D, além de maior controle e firmeza dos movimentos dos instrumentos cirúrgicos.
“Isso é especialmente importante na endometriose profunda, onde as lesões podem estar próximas de estruturas nobres, como o intestino, a bexiga e alguns nervos da pelve. Estudos indicam que esse tipo de procedimento reduz o risco de complicações e aumenta as chances de preservar a fertilidade das pacientes”, afirma Zanardi.
Nos casos de adenomiose, a cirurgia robótica possibilita a remoção mais precisa do tecido doente, preservando o útero e melhorando a qualidade de vida. Em miomas uterinos, a técnica permite remover os de tamanho grande com menor sangramento, reduzindo a necessidade de histerectomia.
Indicação para casos complexos
Muitas pacientes que precisam de cirurgia para endometriose ou miomas apresentam aderências ou casos mais complicados, que tornam a cirurgia convencional mais arriscada. De acordo com Zanardi, a tecnologia robótica ajuda a superar essas dificuldades, permitindo um procedimento mais seguro e eficiente.
O médico alerta que, embora seja indicada para a maioria dos casos, existem algumas situações em que essa técnica pode não ser a melhor escolha como, por exemplo, em pacientes com problemas cardíacos graves ou com alto risco anestésico. Miomas extremamente volumosos também podem exigir técnicas combinadas para uma remoção mais eficaz.
“A cirurgia robótica ginecológica representa um avanço na medicina e na tecnologia por permitir o tratamento de áreas delicadas. É uma opção mais segura, especialmente, para mulheres que queiram engravidar algum dia, já que o risco de ocorrer lesões em órgãos e tecidos durante o procedimento é muito menor se comparado ao método tradicional”, finaliza o ginecologista.
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