No Dia Mundial Sem Tabaco, 31 de maio, oncologista alerta para a prevenção da doença, diretamente ligada ao tabagismo
O câncer de pulmão é o tumor cancerígeno mais comum e a principal causa de morte por câncer em todo o mundo. Em 2020, foram registrados 2,2 milhões novos casos no mundo, com 1,8 milhão mortes devido à doença. No mesmo ano, no Brasil, segundo o INCA- Instituto Nacional do Câncer, ocorreram mais de 30.200 novos casos da doença.
No CECAN- Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba, 7% dos 1.330 novos casos atendidos em 2023, o equivalente a 93 casos, eram câncer de pulmão, sendo 90% deles oriundos de pacientes fumantes, com consumo médio de dois maços de cigarro por dia.
“São casos tratados com a utilização de cirurgia, radioterapia e tratamento sistêmico com quimioterapia e terapia alvo dirigida”, disse o oncologista Fernando Medina, lembrando que 90% dos casos diagnosticados estão associados ao tabagismo, considerado a principal causa da doença.
Ele revela que existem alguns tipos diferenciados da doença. “O mais comum é o adenocarcinoma, que pode acometer não fumantes em 10% dos casos”, disse. Já o carcinoma de células escamosas, o carcinoma de grandes células e os tumores de pequenas células de pulmão, que são mais agressivos, estão associados ao tabagismo em quase 100% dos casos e tendem a avançar rapidamente.
O oncologista ressalta que o tabaco contém aproximadamente sete mil substâncias químicas, das quais pelo menos 70 são conhecidas por serem altamente cancerígenas. Entre elas, estão o benzeno, o formaldeído, o acetoldeido, o cadmo, as nitrosaminas e os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, que danificam diretamente o DNA das células pulmonares levando a mutações nas células pulmonares que podem causam o câncer. “O paciente que fuma tem de 15 a 30 vezes mais probabilidade de desenvolver a doença do que pessoas que não fumam”, explicou.
Segundo Medina, mesmo ao parar de fumar, o risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão permanece elevado por muitos anos; mas diminui com o tempo. “Dez anos após para de fumar, o risco cai pela metade”, disse. Outra grande preocupação do oncologista diz respeito aos fumantes passivos, uma vez que a exposição ao fumo também aumenta o risco de desenvolvimento da doença em até 30% em comparação a pessoas não expostos a fumaça do cigarro.
A prevenção do câncer de pulmão passa, obviamente, pela eliminação do tabagismo, fazendo com que as políticas de controle ao tabaco no Brasil incluam a proibição de publicidade do produto, aumento de imposto sobre o tabaco, salas especiais livres de fumo e campanhas de educação pública. Existe também restrições rigorosas sobra a venda de produtos de tabaco para menores de 18 anos.
Ele afirma que os programas de prevenção, a exemplo da Campanha Vida Sem Cigarro, desenvolvida pelo CECAN para evitar que o jovem comece a fumar, ajudam a reduzir a incidência do tabaco e, consequentemente, do câncer de pulmão. “O Brasil é signatário da Convenção Quadro Para o Controle do Tabaco, da OMS- Organização Mundial de Saúde, para implantação dessas políticas e os resultados práticos são fantásticos, reduzindo significativamente a prevalência de fumantes no Brasil nas últimas décadas”, disse. Segundo a Vigilância de Fator de Risco e Proteção Para Doenças Crônicas, a prevalência de fumantes adultos passou de 34,8 % em 1989 para 9,8 % em 2019.
Medina lembra ainda que o SUS- Sistema Único de Saúde também oferece programas gratuitos para ajudar o fumante a parar de fumar, incluindo aconselhamento, medicamento e apoio psicológico. “Tudo isso, contribui para a redução da mortalidade de doenças relacionadas ao tabaco, como o câncer de pulmão, doenças cardiovasculares, oncológicas e doenças respiratórias, com a significativa redução do número de mortes e do custo da saúde pública para o tratamento de doenças relacionados do tabagismo”, constatou o médico.