Especialista explica como o corpo reage a substâncias inofensivas e fala sobre os tratamentos eficazes para controlar os sintomas
O sistema imunológico tem como função defender o corpo contra elementos externos, como vírus, fungos e bactérias, que podem entrar no organismo pelo ar inalado, pela alimentação, por cortes ou machucados. No entanto, em pessoas alérgicas, o sistema imunológico reage contra substâncias que deveriam ser inofensivas, provocando uma reação exagerada. O alergologista Paulo Renato Monteiro Silva, da Santa Casa Saúde Piracicaba, explica que a alergia “é uma falta de tolerância do sistema imunológico a elementos que normalmente deveriam ser tolerados”.
“Alergia ocorre quando o sistema imune identifica erroneamente uma substância inofensiva como um inimigo e reage contra ela, liberando produtos químicos que causam sintomas como prurido, erupções na pele, chiado no peito, tosse, falta de ar, vômitos e desmaios. Esse erro de identificação e a resposta exagerada são chamados de reação alérgica ou hipersensibilidade. As substâncias que provocam essa reação são conhecidas como alérgenos”, explica o especialista.
De acordo com o alergologista, os alérgenos mais comuns incluem ácaros presentes na poeira, pólens, fungos como o mofo, e epitélios de animais domésticos. “Outros alérgenos podem ser medicamentos, veneno de insetos, camarão e látex. A reação alérgica ocorre quando o corpo reconhece uma substância como alérgeno e o sistema imunológico passa a produzir grandes quantidades de um anticorpo chamado Imunoglobulina E (IgE).
“Este anticorpo se gruda em células chamadas mastócitos. Quando essas células entram em contato novamente com o que causa a alergia, elas liberam substâncias como a histamina, que causam os sintomas da alergia”, salienta.
O médico explica que a causa exata de porque algumas substâncias provocam alergias e outras não, ou porque algumas pessoas manifestam reações alérgicas e outras não, ainda não é totalmente compreendida. “Sabe-se que a predisposição genética desempenha um papel importante, com a história familiar sendo um fator relevante. Se um dos pais é alérgico, as chances de uma pessoa desenvolver alergia são de cerca de 40%, podendo chegar a 70% se ambos os pais forem alérgicos”.
As alergias podem afetar os pulmões, faringe, nariz, pele, aparelho digestório e olhos, muitas vezes de forma associada. “Um paciente pode apresentar sintomas de rinite, asma e manifestações oculares simultaneamente”.
Apesar da crescente frequência dos quadros alérgicos, o alergologista ressalta que as formas de tratamento também evoluíram, permitindo um controle mais eficiente dessas condições. “O tratamento das alergias baseia-se em três pilares: evitar o contato com o alérgeno; usar medicamentos para o melhor controle dos sintomas; e a imunização específica, também conhecida como vacina para alergia. Embora seja muito eficaz, esta última forma de tratamento [a vacinação contra alergia] deve ser indicada de maneira criteriosa”, alerta o médico.