Texto: Fernando Fray
O mês de Março abriu as portas para a temporada de Inverno deste ano, e a disputada Semana de Alta-Costura 2023 de Paris chegou prometendo tudo e entregando mais que o esperado. A cultura do “feito à mão” é uma das mais cobiçadas quando o assunto é moda. Suas produções que podem levar até meses para serem confeccionadas são um verdadeiro delírio de inspiração, técnica e riqueza de detalhes. Detalhes estes que contam história e trazem toda uma bagagem, agora reinterpretada pelas grandes marcas. Uma imensa vitrine para quem busca refinar seus sentidos em relação à criatividade.
Quando se pensa na potência de um dos eventos mais prestigiados, é comum que busquemos pela desconstrução do senso comum, uma vez que grande parte das peças desfiladas ao longo do evento costumam carregar um conceito autoral e artístico. E a questão da diversidade não poderia estar de fora dessa.
Pesquisando mais a fundo sobre os desfiles me deparei com a matéria da Vogue, escrita por Luxas Assunção, que aborda a falta de diversidade de corpos nas passarelas da última temporada. Na matéria ele ressalta a volta da moda anos 2000 e com ela a contemplação de corpos extremamente magros.
Ao acompanhar mais de perto os desfiles, fica evidente que toda aquela abordagem livre de medidas adotada nas edições anteriores voltaram a regredir. A presença mínima do plus e mid-size se fizeram pontuais às marcas que já trabalham essa pauta em seu DNA. E como tal mudança pode refletir de forma tão negativa? Além de questões ligadas à saúde, a sociedade vem passando por um longo e lento processo de desconstrução de padrões impostos pela indústria, e acontecimentos como esse só reforçam o retrocesso de conquistas tão merecidas.
Mas, diferentemente da breve discussão anterior, os temas apresentados ao longo da programação foram os mais diversos. De Y2K a desconstrução de estigmas sociais, looks que contam diferentes histórias ganharam vida através da visão de cada direção criativa. A estilista Stella McCartney revisitou sua época à frente da Chloé, recriando looks de forma sustentável através de tecnologias totalmente atuais, como o couro de cogumelos, conhecido como Mycelium. Entre as principais peças, a cintura baixa, conjuntos e o top de correntes foram algumas das escolhas da profissional.