A moda é popularmente conhecida como um universo fútil para uma boa parte das pessoas. Porém, ao perguntá- las sobre o que é moda, elas recorrem diretamente às polêmicas com modelos e produtos caros que se restringem a classes de nível social elevado, como forma de justificar seus argumentos.
“De fato a moda envolve muitas questões que precisam ser revistas, como, por exemplo, as questões de padrões estéticos que causam inúmeros problemas. Ademais, descrevê-la como algo fútil está fora de cogitação”, diz Fernando Fray Espanha, tradutor-técnico em estilismo e coordenador de moda.


De acordo com Espanha, o substantivo feminino que deriva do latim “modus” significa diferentes costumes e/ou modos de um grupo em um determinado momento. O termo também pode estar ligado a diferentes formas de se vestir e estilos que abrangem esses grupos. Contudo, a moda é algo de maior amplitude e vem nos acompanhando desde os primórdios.
A primeira indumentária surgiu na pré-história como proteção para o frio. O material utilizado era a pele do animal, que era costurado com as vísceras e ossos destes. Aí surgiu o início de uma grande mudança. Ao longo dos anos aprimorouse a forma como eram feitas e, aos poucos recebeu o nome de moda. Entre os séculos 17 e 19, por exemplo, as peças de roupas e acessórios serviam como objetos de comunicação. O leque que surgiu na Espanha é um claro exemplo. A maneira como a mulher portava ou abanava o acessório demonstrava se ela estava disponível ou interessada pelo rapaz”, conta.
Um pouco mais a frente Espanha detalha a revolucionária Coco Chanel, quem introduziu a calça, que até então fazia parte do vestuário masculino, para o guarda-roupa feminino. “Esse ato foi um marco na história da moda, pois com o pós-guerra as mulheres precisavam sair às ruas para trabalhar e cuidar de suas famílias”.
Nas décadas seguintes houve o surgimento de várias tribos, como os hippies, os punks e outros, que fixaram os mais diversos estilos a vasta gama da indumentária. A necessidade dos jovens de se expressar de alguma forma infl uenciou diretamente a forma como as roupas eram vistas e usadas. Ser único e se encontrar em um grupo nunca foram tão importantes, e a criatividade era peça-chave para se destacar dos demais.
Atualmente a roupa segue atuando fortemente como um veículo de comunicação para expressar diferentes sentimentos que necessitam ser externados. Peças conceituais que envolvem camadas aprofundadas de um determinado acontecimento; padronagens e texturas variadas; frases marcantes que causam impacto em seus consumidores; tecidos e tingimentos sustentáveis que não agridem o meio ambiente, todos esses detalhes são capazes de gerar mudanças na sociedade. A moda não é só roupa, é cultura e história”, esclarece.
