Texto: Fernando Fray
Que grande parte das tendências costumam cair em desuso facilmente já não é mais uma novidade. Com a popularização do Fast Fashion, a produção e descarte anual de peças de roupa têm crescido cada vez mais. Anualmente, toneladas de resíduos têxteis são descartados em aterros sanitários sem uma nova perspectiva de vida útil. De acordo com pesquisas, estima-se que no ano de 2018 a indústria têxtil foi responsável pela produção de cerca de 2,1 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa. Um apontamento realizado pelo Sebrae revela que somente no Brasil são descartados aproximadamente 170 mil toneladas de resíduos têxteis por ano.
Diante de tantos resultados negativos, torna-se praticamente impossível defender um dos setores mais importantes da indústria atualmente. A falta de opções de descarte apropriados tem contribuído drasticamente com o avanço da degradação do solo e pode trazer consequências graves ao longo dos anos.
Para que tenhamos uma ideia do reflexo causado, é importante observar a estimativa geral do tempo de decomposição das fibras. Os dados podem ser um tanto quanto impressionantes. Enquanto as de origem natural podem levar meses para se decompor em solo, as de origem sintética podem chegar a até 200 anos para cumprir a mesma função. Diante disso, medidas de reaproveitamento têm se tornado cada vez mais populares na produção de peças de vestuário, acessórios e até mesmo no setor calçadista, contribuindo para a diminuição desse agravante.
O consumo consciente está cada vez mais em voga, e tais medidas como a reutilização de peças têm contribuído para um impacto positivo nesses resultados. Compras em brechós vêm se tornando populares, uma vez que o valor das peças pode sair mais em conta que o valor das lojas, e quando bem cuidadas, seu tempo de vida útil é prolongado. Outro fator incisivo é a procura por peças diferentes que ajudam na construção de um estilo único adotado por quem as consome. A técnica de upcycling também é uma opção inteligente para os adeptos, já que seu principal propósito é dar um novo destino ao que seria previamente descartado. A prática, além de eficiente, pode contribuir para sua economia e para o planeta.
Gostou de saber mais sobre essas propostas? Então você precisa conhecer marcas que são adeptas destas políticas. A Think Blue é uma ótima referência quando o assunto é upcycling. O trabalho milimetricamente feito com retalhos de denim exibem criatividade e versatilidade.
Fotos: Insectashoes.com
Foto: Desfile Manifesto Think Blue 2018 (Instagram Think Blue)
Outro exemplo é a insecta shoes, uma marca de calçados brasileira que tem como foco produtos veganos e ecológicos, confeccionados a partir de peças antigas de brechó, além de garrafas pet e borracha reciclada para a produção de tecidos e do solado. Incrível, não?
