Em um mundo onde a tecnologia segue avançando cada vez mais, o que se espera são alternativas que supram as necessidades dos diferentes tipos de consumidor em relação ao vestuário, correto? Infelizmente a realidade é bem diferente, conta Fernando Fray Espanha, tradutor, técnico em estilismo e coordenador de moda, cursando têxtil e moda.
Durante o processo de pesquisa realizado à Fatec de Americana acerca do mercado voltado para jovens senhores, foi analisado o que é esperado por elas no momento da compra. 15 das 28 mulheres entrevistadas relataram que esperam encontrar roupas que se adequem a seu estilo. Atualmente vemos a maior parcela do mercado voltado ao público jovem, excluindo automaticamente essas mulheres de seu público-alvo”, revela Espanha.
Tal afirmação se reflete diretamente a partir do momento em que questionamos essas mulheres sobre a frequência de compra de produtos relacionados a vestuário. “De acordo com os resultados, pouco mais de 58% costuma consumir com pouca frequência, seguido de 27% que consome raramente; e 15% que relatou consumir sempre!, diz.
O que pode estar atrelado à baixa frequência de compras é a escassez de demanda por produtos feitos para estas mulheres. Durante o levantamento, notou-se de forma clara a falta de interesse no desenvolvimento de produtos que se encaixem nas necessidades do público dessa faixa etária, uma vez que elas relataram sentir dificuldade para encontrar peças que se encaixassem ao seu biótipo.
De acordo com o coordenador de moda, por falar em biótipo, o que não deveria ser nem de longe o principal empecilho, infelizmente ainda é uma barreira a ser desconstruída. Apesar da estatura mediana se sobressair com pouco mais da maioria percentual, as tabelas de medidas apresentadas pelas marcas e lojas raramente incluem modelagens e numerações que se adequem ao corpo da mulher gorda ou magra, dificultando assim sua busca por peças que proporcionam conforto e bem-estar.
Além da imposição social que dita padrões e excluem indivíduos que não se adaptam a ela, a mulher de meia idade é condicionada a compra de peças que nem sempre representam seu estilo pessoal ou tragam conforto. Algumas das maiores causas resultantes é o excesso de marcas focadas apenas ao público jovem, que oferecem produtos esteticamente inadequados para demais faixas etárias. Quando não, essa mulher se depara com as famosas “roupas de avó”, que tentam apagar sua jovialidade.
Apesar de haverem lojas que prometem suprir essa necessidade flexibilizando a faixa etária, é perceptível as lacunas aparentes entre a necessidade desse consumidor e a demanda para supri-las. Pensando nisso, o que posso deixar como ponto de reflexão são algumas melhorias que precisam e podem ser adotadas, como um investimento maior no público alvo com produtos de qualidade; a criação de peças criativas e joviais que, ao mesmo tempo, transmitem maturidade. Cabe também atenção às grades de tamanhos e a produção de conteúdos digitais com dicas de styling, uma vez que essa mulher gosta de estar por dentro das novidades e procura por opções de looks para ela”, relata.
Para finalizar essa linha de raciocínio, “gostaria de indicar dois ícones que inspiram mulheres mais velhas: Sarah Jane Adams e Lyn Slater. Ambas utilizam de suas redes sociais para compartilhar looks do dia-a-dia ricos em tendência e dicas de styling, que podem ser um grande referencial não só para sua faixa etária, mas sim para todas que procuram se aventurar pelo universo fashion”.