“Eu tive o privilégio de conversar com ele horas antes. Ele estava muito nervoso. A gente conversou. Deu umas sete e meia da noite, veio a notícia que ele tinha se enforcado”.
O fato acima aconteceu com a consultora comercial Rochelle Gachido em 12 de fevereiro de 2018. Ela estava em Piracicaba e o filho, Ricardo, em Santos, onde, aos 22 anos, pôs fim à própria vida.
A última frase que escutei do meu filho foi: “Eu te amo e no dia do meu aniversário a gente vai estar junto”, diz Rochelle. Ela diz que pensou em ir para Santos (quando percebeu o nervosismo dele). “Eu falei pra ele: a mãe vai até aí e ele disse não, fica aí. Uma hora antes do fato eu estaria lá. Mas não tenho culpa dentro de mim. Fica a dúvida, se eu tivesse ido poderia ter evitado? Mas penso que ele poderia ter feito em outro momento”.
O sofrimento pelo ocorrido é permanente. “No Natal ele vai fazer falta, no dia do meu aniversário ele vai fazer falta, no dia do aniversário dele ele vai fazer falta. As datas machucam e o dia a dia não é fácil”, mas Rochelle encontrou forças para seguir em frente. “É preciso falar sobre o assunto”.
Muita gente me procura pra conversar com alguém que perdeu alguém. Hoje eu falo que eu tenho um projeto que chama Soltando as Amarras. É pra ajudar as pessoas a entender que é preciso soltar, libertar”.
