Silêncio perigoso que exige atenção e prevenção
Dia 26 de abril é celebrado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, uma data fundamental para chamar atenção sobre uma das doenças mais silenciosas e perigosas que afetam a população brasileira. A hipertensão arterial, popularmente conhecida como “pressão alta”, pode evoluir sem sintomas claros, afetando gravemente o coração, os rins, o cérebro e os vasos sanguíneos.
De acordo com a cardiologista do HFC Saúde, Drª Roseli Lima a hipertensão tem se manifestado cada vez mais cedo, inclusive entre os jovens.
“A pandemia, com o isolamento, sedentarismo, estresse e o aumento de peso da população, contribuiu para o crescimento de casos em pessoas com menos de 30 anos, especialmente homens”, afirma a especialista.
A hipertensão é definida como a pressão arterial igual ou superior a 140 por 90 mmHg, aferida em pelo menos duas ocasiões distintas. No entanto, há métodos mais precisos como o MAPA (monitoramento ambulatorial da pressão arterial) ou o MRPA (monitoramento residencial da pressão arterial), que ajudam a confirmar o diagnóstico.
Apesar de muitas vezes não apresentar sintomas, a doença pode se manifestar com sinais como dor de cabeça, tontura, cansaço, visão embaçada, pontinhos brilhantes na vista e até inchaço nas pernas.
“O problema é que muitos pacientes não se convencem de que estão doentes, por não sentirem nada. Isso dificulta a adesão ao tratamento e aumenta o risco de complicações”, alerta Drª Roseli.
Entre os fatores de risco estão o histórico familiar, sedentarismo, obesidade, consumo excessivo de sal, estresse, apneia do sono, tabagismo e o uso exagerado de bebidas alcoólicas.
“O ideal é consumir no máximo um grama de sal por dia, o equivalente a uma moeda de um real de sal. Além disso, é preciso evitar os industrializados, não deixar o saleiro na mesa e optar por temperos naturais como alho, cebola, limão e ervas”, recomenda a médica.
A prevenção também passa por hábitos saudáveis, como uma boa noite de sono, prática regular de atividade física e alimentação equilibrada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica 150 minutos de exercícios aeróbicos por semana. Caminhadas, corridas leves, natação ou bicicleta são as práticas mais recomendadas.
“É importante fortalecer a panturrilha, que funciona como nosso segundo coração, ajudando no retorno venoso e no controle da pressão”, destaca Drª Roseli.
Tratamento e cuidados contínuos
Nos casos em que há diagnóstico de hipertensão, o tratamento deve ser contínuo e, dependendo da gravidade, pode incluir medicamentos que controlam os níveis de pressão e protegem órgãos vitais.
“Mesmo quem já faz uso de remédios pode e deve adaptar seu estilo de vida. A boa notícia é que é possível ter qualidade de vida, sim”, reforça a médica.
Sobre o consumo de bebidas alcoólicas, a orientação é o equilíbrio.
“Uma cerveja ou uma taça de vinho no fim de semana, com moderação, não compromete o tratamento. Mas o abuso — como tomar um fardo de cerveja — pode descompensar o quadro”, explica. O mesmo vale para o café: até três xícaras por dia não são problema. “O exagero, como uma garrafa inteira por dia, sim, pode acelerar os batimentos e aumentar a pressão”, orienta.
Segundo a cardiologista, o que assusta muitas pessoas é quando se descobre a hipertensão através de uma emergência, como infarto, AVC ou insuficiência renal. Por isso, o check-up regular é essencial.
“Pressão alta não dói. Então a pessoa se sente bem, acha que está tudo certo, e quando percebe, já tem um órgão comprometido. A prevenção é o melhor caminho”, conclui.
Neste Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão, a principal mensagem é clara: cuide do seu coração com responsabilidade e consciência. Não espere os sintomas aparecerem. Previna-se, faça suas consultas regularmente e mantenha hábitos saudáveis. Seu corpo — e sua vida — agradecem.
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