Amanda Stocco, graduanda de Ciências Biológicas, irá pesquisar libélulas na Amazônia
A graduanda Amanda Stocco, do curso de bacharelado em Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foi contemplada na seleção do Programa Aristides Pacheco Leão (PAPL) de Estímulo a Vocações Científicas.
A iniciativa é uma parceria da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
No Programa, membros titulares e aliados da ABC foram convidados a apresentarem propostas, em qualquer área do conhecimento, que contemplem estudantes de graduação cursando a partir do quarto semestre, para realizarem estágios de curta duração.
Amanda Stocco foi selecionada junto a um total de 120 alunos de graduação de todo o Brasil.
Desses, 60 estudantes são do estado de São Paulo que irão estagiar em outros estados e os outros 60 são do restante do Brasil e realizarão estágio em laboratórios paulistas. Os selecionados ganharão R$ 20 mil e ficarão de 35 a 50 dias em intercâmbio em laboratórios coordenados por membros titulares da ABC.
No caso da discente da UFSCar, o estágio será em Manaus, no estado do Amazonas, onde fica o Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos (Lacia) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), coordenado pela pesquisadora Neusa Hamada, membro da ABC. Hamada foi a autora da proposta que será desenvolvida pela estudante da UFSCar, contemplando o estudo da taxonomia, biologia e ecologia da família de libélulas Pseudostigmatinae, na Amazônia central.
“Essa família apresenta uma classificação um tanto confusa, além de poucos dados sobre seus estágios de vida e há indivíduos na coleção do Inpa sem identificação”, destaca a estudante da UFSCar.
Cronograma e atividades
As atividades estão programadas para ocorrer entre os dias 8 de março e 27 de abril de 2025.
O período da bolsa é o mesmo da realização das atividades, explica Amanda Stocco. “Ao longo do meu estágio no Lacia, irei realizar a identificação das libélulas da família Pseudostigmatinae da coleção de invertebrados do Inpa, que atualmente estão sem identificação.
Além disso, farei coletas de larvas e adultos dessa família na Reserva Biológica Adolpho Ducke, para estudar suas características físicas.
No Laboratório, criarei as larvas coletadas para poder descrever as características larvais das espécies da família, muitas das quais ainda são desconhecidas.
Para essa descrição irei precisar preparar os animais e fotografar os caracteres morfológicos que diferenciam espécies e gêneros.
Por fim, irei produzir um vídeo de divulgação, mostrando as etapas da pesquisa realizada para tornar o trabalho acessível ao público geral, mostrando sua importância e inspirando mais pessoas a se interessarem pela Ciência”, relata a estudante da UFSCar.
“Experiência única”
O Programa Aristides Pacheco Leão de Estímulo a Vocações Científicas (PAPL) visa ao intercâmbio de experiências e conhecimentos entre diferentes laboratórios e regiões do Brasil. Dentro desse cenário, a aluna, que desenvolve sua pesquisa com libélulas da Mata Atlântica, “terá a experiência de coletar e trabalhar na Amazônia, conhecerá a biodiversidade do Norte do Brasil e a dinâmica de trabalho no laboratório do Inpa, e, especialmente, será supervisionada por um membro titular da ABC, a Dra. Neusa Hamada”, afirma a professora Lívia Maria Fusari, do Departamento de Hidrobiologia (DHb) da UFSCar, orientadora de Iniciação Científica de Amanda na Universidade.
“Essa é uma experiência única”, define a estudante, “pois durante a graduação, poucas são as oportunidades de termos contato com outros pesquisadores na nossa área de estudo e, quando ocorre, geralmente se concentra em instituições próximas, dentro do próprio estado de São Paulo.
A partir da realização das atividades, terei a oportunidade de vivenciar a rotina de outro laboratório, equipamentos e técnicas diferentes, além de construir uma rede de contatos com pesquisadores da minha área.
Terei também o privilégio de ver de perto a biodiversidade da Amazônia, que contém espécies muito diferentes do que as observadas no Sudeste, região do qual vem os organismos que estudei até o momento”.
O valor da bolsa será destinado ao pagamento de passagens aéreas, estada e alimentação durante o período em Manaus, além de cursos e material de trabalho.
Estudos na UFSCar
Na UFSCar, Amanda Stocco também é integrante do Laboratório de Entomologia Aquática (LEA), vinculado ao DHb, e desenvolve pesquisa de Iniciação Científica sobre Odonatas, as libélulas da Mata Atlântica, com financiamento da Fapesp, sob orientação da professora Lívia Fusari.
As atividades desenvolvidas pela estudante no estágio em Manaus estão relacionadas à sua pesquisa no LEA/UFSCar.
Além disso, o estágio irá contribuir para a continuidade de seus estudos após a graduação.
“A Amanda está se preparando para a seleção do mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, continuará sua pesquisa com as libélulas e os dados obtidos nesse estágio serão extremamente importantes para sua dissertação e artigos futuramente publicados”, completa Fusari.