Professores adotam narrativas investigativas para envolver crianças e adolescentes com temas econômicos, estimulando lógica, autonomia e tomada de decisão
Em vez de fórmulas, tabelas ou planilhas, o que aconteceria se as aulas de educação financeira começassem com uma pergunta intrigante como “Por que os preços estão sempre aumentando?” ou “Por que o dinheiro que guardo sempre some?” Essa lógica, inspirada no universo dos mistérios, vem ganhando força como estratégia pedagógica para aproximar alunos dos temas econômicos de forma mais envolvente e significativa.
Educadores atentos às novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular têm buscado formas de tornar o conteúdo de finanças mais concreto, integrando-o a situações reais e estimulando o raciocínio lógico e a tomada de decisão. Entre essas estratégias, estão propostas que transformam dilemas cotidianos em desafios narrativos, nos quais os estudantes são convidados a investigar, levantar hipóteses e buscar soluções práticas.
A ideia de tratar os problemas econômicos como enigmas a serem decifrados vem sendo incorporada também à literatura didática e paradidática. A coleção Contos Investigativos, por exemplo, escrita pela jovem autora Malu Lira, utiliza esse formato para apresentar temas como orçamento, consumo, inflação e juros compostos. Com enredos inspirados em histórias de detetive, os livros envolvem leitores a partir do 6º ano do ensino fundamental em investigações fictícias que refletem situações comuns da vida real.
Segundo relatos de professores que já utilizaram os livros em sala de aula, o formato narrativo ajuda a despertar o interesse dos alunos e facilita a compreensão de conceitos que, muitas vezes, são vistos como distantes ou complicados. Em vez de receberem informações prontas, as crianças acompanham pistas, observam consequências e constroem reflexões com base em personagens que enfrentam decisões financeiras semelhantes às suas.
A gestora educacional do Grupo Malu Finanças, Mirella Lopes, destaca que envolver os alunos em histórias investigativas amplia o alcance pedagógico da educação financeira.
“Quando transformamos um conceito em um mistério a ser desvendado, convidamos o aluno a pensar, questionar e conectar o conteúdo à própria realidade. A abordagem lúdica e envolvente da coleção permite que temas como consumo, orçamento e planejamento deixem de ser abstratos e passem a fazer sentido no cotidiano das crianças e adolescentes. Mais do que ensinar sobre finanças, essa proposta estimula a lógica, a análise de consequências e o olhar crítico diante de escolhas. E, o mais importante, coloca o estudante como protagonista da própria aprendizagem, despertando um senso de responsabilidade e autonomia que ele levará para a vida toda.”
Embora ainda sejam pontuais, essas experiências sinalizam uma mudança de abordagem que tem potencial para transformar a relação das novas gerações com o dinheiro.
“Ao se apropriar do formato de mistério, a educação financeira ganha emoção, conexão com a realidade e, principalmente, significado”, finaliza.
Foto: Banco de Imagem