Bloqueio de contas e disputas judiciais após denúncias de irregularidades impedem pagamento de funcionários e suspendem serviços educacionais; famílias relatam prejuízos emocionais às crianças
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Piracicaba (SP) enfrenta uma grave crise institucional que tem gerado sérias consequências para alunos, familiares e profissionais.
Desde o dia 27 de maio, os serviços educacionais da entidade estão suspensos, afetando diretamente 96 estudantes com deficiência que frequentavam a unidade regularmente.
A paralisação é resultado do bloqueio judicial das contas da APAE, o que impediu o pagamento de 18 funcionários da área pedagógica.
Apenas os atendimentos nas áreas de assistência social e saúde continuam em funcionamento.
Entenda o caso
A crise teve início no final de 2024, quando surgiram denúncias de irregularidades na gestão da antiga diretoria.
Diante da gravidade das acusações, os então dirigentes renunciaram aos cargos.
A Justiça determinou a nomeação de uma diretora provisória, com a missão de organizar eleições para nova diretoria no prazo de quatro meses.
Contudo, o resultado do processo eleitoral passou a ser questionado judicialmente pelos antigos gestores, o que gerou um impasse e culminou na atual instabilidade administrativa.
O caso está sendo acompanhado de perto pelo Ministério Público do Estado de São Paulo e pela Federação das APAEs do Estado.
Impacto direto na rotina dos alunos
A suspensão das aulas tem provocado desequilíbrio emocional nos alunos, que dependem de uma rotina estruturada para seu desenvolvimento e bem-estar.
Famílias relatam situações de agitação, ansiedade e regressão comportamental em casa.
“Agora, ele está superagitado. Quer avançar na gente, porque tem que ter rotina e a rotina foi quebrada”, disse a diarista Cláudia Mendes, mãe de um aluno.
“Ele fica muito ansioso quando não tem aula, fica perguntando. Não sabe discernir o porquê que não está tendo”, relatou Marlucia França Nogueira.
“Eles criam uma rotina e tudo que sai fora prejudica. Ele começa a gritar, eu tenho que parar tudo até acalmá-lo […] Todos estão sendo prejudicados, inclusive nós, pais”, desabafou Jaqueline Correa.
Repercussões e apelos por solução
A comunidade escolar e familiares têm cobrado uma solução rápida e eficaz para a crise.
O bloqueio das contas impede qualquer repasse para manutenção dos serviços educacionais, e a continuidade das disputas judiciais ameaça prolongar ainda mais o cenário de incerteza.
A APAE de Piracicaba, que atende pessoas com deficiência intelectual e múltipla, desempenha papel essencial na inclusão social e desenvolvimento de centenas de crianças e adolescentes no município.
Sua paralisação escancara a fragilidade da governança institucional e a necessidade de maior fiscalização e apoio público em entidades do terceiro setor que prestam serviços essenciais.