Pesquisa realizada pela Somos Young aponta que 3 em cada 10 estudantes não aceitariam de forma alguma o FIES ou preferem outras formas de financiamento
As notas do Enem 2024 foram oficialmente divulgadas no dia 13 de janeiro de 2025. A partir do resultado do exame, os estudantes têm acesso a oportunidades para disputar vagas ofertadas para ingresso no ensino superior. O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) tem sido a principal ponte entre as universidades e os alunos nos últimos vinte anos.
O Ministério da Educação (MEC) tem oferecido ao longo dos anos programas que ajudam o aluno a ter mais acesso, como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para o ingresso em instituições públicas. O Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), possibilita estudar com bolsa de estudos ou com financiamento federal nas instituições não gratuitas. Também é possível utilizar a nota para ingressar em universidades não gratuitas, sem utilização dos programas de acesso do Governo Federal.
Segundo Rodrigo Bouyer, avaliador do INEP e sócio da Somos Young,
“o brasileiro tem interesse em ingressar agora em uma instituição de ensino, o que mostra que o mercado está potencialmente aquecido. Nas instituições gratuitas, temos um predomínio das 15 primeiras escolhas ligadas à licenciatura, à formação de professores e à carreira docente. Já nas universidades privadas, nas instituições não gratuitas, por outro lado, temos um predomínio das tecnologias, ou seja, sistemas de informação, ciências da computação e da área de saúde, principalmente. Não vemos as mesmas escolhas e os mesmos cursos de lado a lado, e esse é um aspecto curioso do uso da nota do ENEM”.
Uma pesquisa realizada pelo grupo Somos Young, um dos maiores conglomerados de captação, atendimento, crédito e cobrança para educação no Brasil, ouviu 35 mil estudantes nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, dentre os que não aceitariam de forma alguma o Fies, somados aos que preferem outras formas de parcelamento, temos mais de 30% dos entrevistados, o que reflete em uma percepção cada vez mais negativa do programa governamental, bastante superior àquela percebida em anos anteriores. 38,5% dos entrevistados aceitariam o Fies, se tivesse vaga disponível, e 31% aceitariam apenas se alcançassem um elevado percentual de financiamento.
“Após sucessivas mudanças nas regras do Fies desde o ano de 2015, a população entendeu que este programa, infelizmente, não é mais um programa de acesso, mas um programa de restrição, com regramento muito rígido, burocracia para contratação incompatível com a tecnologia de hoje, contrapartidas muito elevadas, e severa indisponibilidade de novas vagas. Se em 2015 praticamente todos os estudantes gostariam de contratar o Fies, hoje, o olhar é de extrema desconfiança “, comenta o especialista.
O Fies oferece vagas para o financiamento do curso superior em instituições privadas de ensino. Neste caso, vale para quem tiver feito o Enem 2024 e/ou para quem tiver feito as edições do exame de anos anteriores, até 2010. Para se inscrever o candidato precisa ter, no mínimo, 450 pontos de média das notas das provas do Enem e não zerar a redação. O sistema adota, automaticamente, a nota mais alta obtida em uma das edições.
O Sisu é um dos principais mecanismos de seleção para universidades públicas e instituições federais de ensino superior. Para participar do processo seletivo, é necessário prestar o Enem 2024 e obter nota maior do que zero na prova de redação.
O Prouni é o programa que possibilita o ingresso em instituições de ensino superior privadas. Com a nota do Enem, o estudante pode ter acesso à bolsa de estudo integral ou parcial (50%). Para se inscrever o estudante precisa obter, no mínimo, 450 pontos de média das notas das cinco provas do exame e não zerar a redação. A renda familiar no Prouni deve ser maior que um salário mínimo e meio e igual ou inferior a três salários mínimos. Nesse caso, a bolsa oferecida pelo programa é de 50% do valor da mensalidade do curso. O programa ainda apresenta mudanças relacionadas à escolha dos cursos, o estudante poderá fazer até três opções de cursos, que podem ser de diferentes grupos de áreas do conhecimento.
Além disso, a possibilidade de uso do ENEM não finaliza após uma única utilização, ficando disponível enquanto houverem processos seletivos abertos e o aluno ainda pode usar a nota para o acesso direto nas instituições não gratuitas. Muitas instituições têm políticas de ingresso e de bolsas de estudos atreladas a esta nota e que podem ser consultados diretamente em cada instituição. Estas oportunidades podem ser muito relevantes, principalmente nas instituições de maior reputação e credibilidade do país, cuja bolsa de estudos pode ser decisiva para viabilizar o ingresso de muitos estudantes ao ensino superior de qualidade.
“Acho que o mais importante aqui é o estudante entender que as possibilidades são muitas, de acordo com as notas. Hoje, evidentemente, quanto maior a sua nota, maior a sua autonomia para fazer escolhas para onde você quer ir, mas não é só o ingresso pro ensino superior; é a conclusão do ensino superior que efetivamente transforma vidas. Portanto, cada estudante deve escolher o curso que deseja na instituição que mais lhe convém estudar. Isso é fundamental para que esse estudante ou essa estudante consiga colar grau e mudar de vida após uma carreira universitária” conclui Bouyer.
Fotos: Banco de Imagem