Aumento de tarifa de importação de pneus de passeio vai piorar segurança no trânsito, diz estudo.
A decisão da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) em aumentar a tarifa de importação de pneus de passeio de 16% para 25% vai reduzir a demanda pelo produto em até 8%. A avaliação é a de um estudo da Guimarães Consultoria, a pedido da Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (ABIDIP).
O estudo aponta que o aumento dos preços vai reduzir o consumo do produto no país, aumentando a insegurança no trânsito. A CAMEX decidiu aumentar a tarifa de importação de pneus de passeio este mês após um pedido da ANIP, associação que representa as empresas que produzem pneus no Brasil. A entidade alega concorrência desleal com os importados.
Os importadores afirmam que a medida tem o objetivo de monopolizar o mercado para seis empresas que atuam no país e controlar os preços de mercado. Após o anúncio do aumento da tarifa, empresas nacionais já anunciaram reajuste no preço de pneus de passeio de cerca de 10%.
O aumento da tarifa de importação entrou em vigor este mês. A ANIP também pedia aumento sobre a tarifa de importação dos pneus de caminhões. Mas após uma ameaça de greve de caminhoneiros e o receio do governo com o impacto do aumento do frete na inflação, a CAMEX decidiu manter a tarifa em 16%.
Durante audiência na Comissão de Viação e Transporte na Câmara dos Deputados, representantes dos caminhoneiros informaram que a troca constante de pneus só é possível por conta dos preços mais acessíveis dos importados.
Motoristas de táxi e de aplicativo devem ser os mais prejudicados com a decisão. De acordo com o IBGE, são 1,5 milhão de motoristas de aplicativo e, segundo a Confederação Nacional dos Municípios, cerca de 600 mil taxistas.
A ABIDIP lembra também que o aumento da tarifa de importação terá impacto também sobre o aumento do contrabando. De acordo com dados da Receita Federal,na fronteira com o Paraguai, entre 2019 e 2023, o contrabando de pneus cresceu 166%.
A tendência, com o aumento de preços, é que a prática se agrave. “Quando o valor da tarifa de importação sobre cigarros aumentou, vimos uma explosão nos casos de contrabando. A consequência será a mesma no mercado de pneus”, alerta Ricardo Alípio, presidente da ABIDIP.