De acordo com o Caged, foram 3.415 desligamentos no mês passado, ante 1.738 contratações; em abril de 2019 foram 3.919 demissões, mas as contratações somaram 4.341
O efeito econômico da quarentena em vigor no Estado de São Paulo desde 24 de março para combater a pandemia do coronavírus começou a mostrar a sua cara. As empresas da cidade demitiram, em abril, 3.415 pessoas. Ou seja, a média foi de 113 demissões por dia.
Esse, no entanto, talvez ainda não seja o principal sintoma do enfraquecimento da atividade econômica visto que, em abril de 2019, ocorreram 3.919 demissões. A diferença é que nesse mesmo intervalo do ano passado 4.341 foram admitidas, ou saldo positivo de 422 contratações.
Neste ano, porém, as admissões despencaram. Foram contratados 1.738 trabalhadores, número que equivale à metade das demissões. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho.
Para o professor da economia da EEP (Escola de Engenharia de Piracicaba) e da FATEP (Faculdade de Tecnologia de Piracicaba), Francisco Crocomo, a situação é desalentadora e o desemprego deve ser maior em maio, principalmente no comércio, com exceção dos setores supermercadista e farmacêutico. Por esse motivo, entende, será preciso ação governamental de socorro às empresas.

Algumas iniciativas foram tomadas, mas os financiamentos não chegaram para todas as empresas. Existe ainda muita burocracia. O valor de R$ 600 para os mais necessitados tem quer ser oferecido em mais parcelas. Mas de forma mais ágil, com menos aglomeração”, diz.
Para ele, os recursos devem ser provenientes de transferência de gastos não essenciais, corte de gastos no setor público, emissão de títulos e de moeda, se necessário. “No pós-pandemia temos que nos reconstruir com prioridades humanas”, diz.
O panorama negativo provocado pela pandemia, foi observado em todo o País, com demissões acima de admissões. Os desligamentos superaram as contratações com carteira assinada em 860.503 postos de trabalho, em abril. Foram 1.459.099 desligamentos e 598.596 contratações. O saldo de abril foi o pior da série histórica iniciada em 1992.
O secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, disse à Agência Brasil que o resultado reflete os efeitos da pandemia da Covid-19 na economia brasileira.
É um número duro, que reflete a realidade de pandemia que vivemos. No entanto, pelos mesmos motivos de pandemia, não estamos conseguindo manter a contratação que mantínhamos outrora”, disse.
Segundo o Ministério da Economia, os dados mostram que a queda no número de contratações contribuiu de forma expressiva para o saldo negativo de empregos formais.
Enquanto as demissões tiveram um incremento de 17,2%, as admissões caíram 56,5% na comparação com abril de 2019. Em valores nominais, São Paulo teve o pior desempenho, com saldo negativo (mais demissões do que contratações) de 260.902. O estado é seguido por Minas Gerais com 88.298 demissões (descontadas as contratações); Rio de Janeiro, 83.626, e Rio Grande do Sul, 74.686.