“O mercado deve ter um ambiente de bolsa pra baixo e dólar e juros para cima, já está se precificando um juros de uma Selic acima de 14% no segundo semestre do próximo ano.”, diz Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.
“A recente alta do dólar, ultrapassando os R$ 6, reflete um cenário global de incertezas e o impacto das decisões de política monetária nos Estados Unidos. Para 2025, esperamos um movimento de estabilização, desde que haja uma convergência da inflação no Brasil e nos mercados internacionais, além de sinais mais claros de recuperação econômica global. Para as empresas brasileiras, o câmbio elevado é um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. Exportadoras se beneficiam, enquanto importadoras enfrentam maior pressão nos custos. Investidores precisam avaliar o impacto dessa volatilidade nas margens de lucro das empresas e buscar setores resilientes, como commodities e tecnologia. O foco agora é construir portfólios equilibrados, atentos ao cenário global e à política econômica doméstica”, João Kepler, CEO da Equity Fund Group.
“As medidas fiscais apresentadas dão na verdade uma flexibilização dos gastos apenas para um fôlego temporário do arcabouço fiscal, e lembrando que para tirar o plano do papel ainda será preciso a votação no congresso que me parece pouco propenso a aumentar os tributos e mexer nos benefícios. O Governo enfrenta o desafio de reverter um déficit primário estrutural de 1,5% do PIB para alcançar um superávit de 1,5% do PIB, um esforço enorme. No entanto, o ritmo atual do plano está longe de atingir o necessário. O mercado deve ter um ambiente de bolsa pra baixo e dólar e juros para cima, já está se precificando um juros de uma Selic acima de 14% no segundo semestre do próximo ano. Na abertura do mercado dessa manhã o dólar retoma o viés de alta”, Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.
“O dólar acima dos R$ 6 reforça a percepção de que muitos investidores buscam proteger seu capital em mercados mais estáveis, como os Estados Unidos e a Europa, diante de um cenário doméstico de desequilíbrio fiscal e medidas que desincentivam o capital de longo prazo. A proposta de taxação de grandes fortunas e a fuga de recursos para países com menor carga tributária têm alimentado esse movimento, tornando os investimentos no exterior ainda mais relevantes como estratégia de diversificação e proteção. Para 2025, a trajetória do dólar vai depender de como o governo brasileiro endereçará as questões fiscais e reconquistará a confiança do mercado. Caso isso não ocorra, a pressão sobre o câmbio deve continuar, e o dólar seguirá sendo um porto seguro para investidores que buscam estabilidade em momentos de incerteza”, Jefferson Laatus, chefe-estrategista do Grupo Laatus.
“No momento, dois grandes fatores ajudam a explicar a desvalorização do real, um externo e outro interno. Do lado externo, a reeleição de Trump pode impactar o ciclo de redução das taxas de juros americanas devido às políticas protecionistas e potencialmente inflacionárias que são esperadas quando ele tomar posse, exigindo maior cautela do banco central americano na condução do seu processo de afrouxamento monetário. Isso gera um efeito cascata para outros países desenvolvidos uma vez que os juros americanos costumam servir de base para suas respectivas políticas de juros. Como consequência, mais recursos globais devem ser direcionados para estes países, impactando diretamente moedas de países emergentes, como o Brasil. Em relação ao cenário interno, o governo perdeu a oportunidade de mostrar ao mercado que realmente leva a sério a política fiscal e que reconhece que um aumento da dívida pode impactar negativamente as perspectivas de crescimento econômico brasileiro no médio e longo prazo. Dessa forma, a percepção de risco do mercado brasileiro aos olhos dos investidores internacionais deverá seguir alta ao longo de 2025. Embora não seja possível cravar um valor para o dólar e a dívida em 2025, está evidente que existem mais pressões negativas do que positivas”, Felipe Vasconcellos, Sócio da Equus Capital.
“A alta do dólar para além dos R$ 6 tem um impacto significativo em diversos setores, e a construção civil sente tanto os desafios quanto as oportunidades. De um lado, os custos de insumos atrelados ao câmbio aumentam, pressionando o orçamento de obras. Por outro, o mercado de imóveis atrai mais investidores estrangeiros, que veem no Brasil uma oportunidade de adquirir propriedades a preços competitivos em moeda estrangeira. Para 2025, a estabilização do dólar dependerá do equilíbrio fiscal e da confiança dos mercados nas políticas econômicas. Caso o câmbio se mantenha elevado, o setor pode se beneficiar ainda mais da demanda externa, mas isso exige estratégias claras para equilibrar os custos e aproveitar o momento sem prejudicar a sustentabilidade dos projetos locais”, Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest.
“A alta do dólar acima de R$ 6 reflete as incertezas em torno do equilíbrio fiscal do país e tem um impacto direto nos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). Com o câmbio pressionado, o custo de captação para empresas que operam com crédito atrelado ao mercado externo tende a aumentar, o que pode reduzir a margem de retorno para investidores desses fundos. Por outro lado, a valorização do dólar pode gerar oportunidades em setores exportadores, que impulsionam os recebíveis desses fundos. Para 2025, a perspectiva dependerá da capacidade do governo em restaurar a confiança fiscal e estabilizar o ambiente macroeconômico. Caso isso não aconteça, o dólar pode se manter em patamares elevados, o que exigirá mais resiliência e estratégias adaptativas dos gestores de FIDCs”, Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
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