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⭐ Piracicaba, 19 de setembro de 2024 ⭐

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Xeque Mate, um livro sobre xadrez de Roberto Telles

Xeque Mate, um livro sobre xadrez de Roberto Telles

Conhecido profissionalmente por suas qualidades como professor de escolas particulares em nossa cidade, Roberto Telles de Souza tem também outra paixão que o projetou nacionalmente.

O xadrez e os jogos de damas, onde tem sabedoria reconhecida internacionalmente. Paixão antiga, agora transformada em livro, pela editora Três Gatos

Cujo titulo diz tudo, “Xeque mate! Memórias de um árbitro internacional de xadrez. O lançamento foi realizado ontem no Clube de Campo de Piracicaba.

A capa é do ilustre cartunista e grande amigo dos piracicabanos, Paulo Caruso, falecido recentemente, mostrando Telles no grand-finale de uma partida, quando derruba o rei preto com um estalar de dedos.

“XEQUE-MATE!”, do árbitro internacional de xadrez, Roberto Telles, inaugura uma linha editorial da Três Gatos dedicada à literatura sobre o esporte da intelige contém ainda ilustrações de Giovanna Volpon e apresentação de Rafael Leitão um dos principais jogadores da história do xadrez nacional – bicampeão mundial (sub12 e sub18) e heptacampeão brasileiro.

Na maioria das crônicas e textos reunidos em XEQUE-MATE! Telles mostra que nem sempre as batalhas nas 64 casas do tabuleiro ocorrem em ambiente de cordialidade e terminam com a vitória da estratégia mais inteligente. Trapaças, atitudes deliberadas para irritar o oponente, tipos folclóricos metidos a espertalhões, rivalidades que por pouco não terminam em tiro, porrada e bomba, trazem uma pitada de hilaridade e comédia ao aparente sóbrio e comedido mundo das peças pretas e brancas. Sorte do leitor, enxadrista ou não, que pode assim adentrar nos bastidores desse fascinante esporte que é o xadrez e se deliciar com as saborosas histórias de XEQUE-MATE!

 

Quem é Telles

Roberto Telles de Souza é professor de escolas particulares de Piracicaba com formação em matemática e sociologia, pela Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho”, Unesp, em. Foi redator do jornal “O Diário”, entre 1974/78; produtor musical; trabalho profissionalmente também com comunicação na Rádio Educadora de 1968 – out de 1971.

Fez seu mestrado na UNIMEP, em Filosofia da educação, 1980/82. A graduação foi na UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho “UNESP – Sociólogo, e Ciências Sociais1972/ 1975. Com conhecimentos também nos idiomas Inglês e Espanhol.

 

Para restabelecer a dignidade no xadrez

Das várias histórias de sua trajetória, gostaria de destacar uma delas, escrita no Face Book do nosso autor de hoje.

É bem verdade que eu não jogo bem xadrez, mas o que fizeram comigo num torneio é caso de polícia. Pensei até mesmo em abandonar definitivamente o xadrez. Torço para que nunca vocês passem pelo que eu passei.

Há algum tempo, combinei com quatro amigos e meu irmãozinho para jogar um torneio aberto em São Sebastião do Paraíso. Foram mais de seis horas de viagem.

Tudo deu errado naquele dia. Furou um pneu do Golzinho, choveu e, além de tudo, quando chegamos lá, percebemos que o dinheiro que levamos era bem pouco. Fizemos a inscrição e não sobrou nada, não teria almoço, nem lanche. Tínhamos que guardar para a gasolina.

Mas tudo bem, quem gosta de xadrez sabe como é o vício. O torneio começou com mais de uma hora de atraso, o que já mostra a desorganização. Ficamos esperando o sorteio para ver com quem cada um de nós jogava. O mandachuva, um tal de Gelson, um baixinho magrinho de óculos e mal encarado foi, logo de cara, dizendo que não tinha essa história de sorteio.

Vejam que absurdo, disse que os mais fortes jogariam com os mais fracos na primeira rodada. Ali já dava para prever que estava tudo combinado. A roubalheira começou. Tinha prêmio em dinheiro, mas a gente não estava preocupado com isso. Só queríamos jogar honestamente.

Caí com um cara que falou que tinha um negócio da FILDE, nem sei o que é isso, mas parece que é “ranking”. Perdi, o cara jogava muito bem.

Não liguei para essa derrota. Nem imaginava ainda o que estava para acontecer. Eles não deixavam ninguém se aproximar do computador. Estava na cara que tinha alguma maracutaia.

Depois de mais de meia hora, mais uma vez a rodada atrasou, saiu o tal de “parceiramento”, onde dizia quem jogava com quem. Era só o que faltava, puseram quatro de minha cidade para jogar entre si. Tudo isso para que as nossas chances de ganhar um prêmio fossem menores.

A gente só queria se divertir, mas não ser tratados como palhaços. Resolvemos empatar, pois não tem graça viajar tanto para jogar com os colegas da própria cidade. Até o fim dessa rodada nenhum dos jogadores da minha cidade tinha conseguido uma vitória.

Desculpem-me pela história longa, mas têm algumas coisas que irritam e nos magoam e a gente precisa desabafar. Na hora que afixavam o novo “parceiramento” numa parede, os jogadores formavam um bolo para ver com quem iriam jogar. Nem é preciso falar que os jogadores das primeiras mesas não estavam nem aí com o emparceiramento.

Perguntei a um deles se não tinha curiosidade em saber o nome do adversário. Respondeu cinicamente que já sabia antes mesmo do computador.

A marmelada era visível. Tentei reclamar com o baixinho, mas não adiantou. Mandou-me para a mesa e ainda disse que eu era inconveniente. Por pouco não apelei. Fui desanimado para o jogo e, logicamente, perdi mais uma vez. Não via a hora de ir embora daquele torneio de ladrões.

Foi assim até o fim, roubo após roubo. Na premiação, que só fiquei porque meu irmãozinho queria ver, não deu outra, o pessoal favorecido das primeiras mesas levou todos os melhores prêmios. Para nós só sobrou raiva e decepção.

A Federação de Xadrez do Brasil, e a Mineira também, têm que tomar algumas enérgicas providências contra esses jogadores desonestos, que envergonham o xadrez brasileiro.

Fica aqui meu protesto. Espero que haja as cabíveis punições para que não ocorra no nosso meio o que já ocorre em Brasília.

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