A tradição musical das igrejas presbiterianas tem como base a hinologia trazida ao Brasil por missionários norte-americanos no século XIX. Os hinos mais característicos dessa tradição estão no hinário Salmos e Hinos. A música na igreja tem um papel importante, pois pode transmitir emoções, criar atmosferas e conectar as pessoas com Deus. Por isso, é importante que a música seja conduzida por alguém capacitado e comprometido com a adoração a Deus.
Além dos hinários, a igreja pode utilizar composições novas e contemporâneas para a liturgia e culto. A igreja também pode investir na formação de músicos, do canto coral, bandas, conjuntos, orquestras, quartetos, musicalização infantil, entre outros. O uso dos hinários incentiva o estudo da música, de partituras, de leitura musical, o solfejo e o canto coral.
Tratava-se de um fenômeno musical herdeiro do período da reforma Protestante, que adota o cântico congregacional, ou seja, as músicas eram realizadas com a participação da congregação, cantadas em língua vernácula, entoadas em uníssono (todos em uma só voz), ou em quatro vozes: o estilo coral (WANDERLEY, 1977).
10 anos de atividades
O Grupo Vocal Celeste Porvir é um conjunto musical masculino, presbiteriano que canta a 4 vozes hinos tradicionais do protestantismo histórico. Embora a maioria dos integrantes sejam presbiterianos o grupo é Inter denominacional, visto que membros de qualquer denominação cristã pode participar do Grupo. Cantamos também músicas folclóricas e populares, Piracicaba que eu adoro tanto, O Rio de Piracicaba, Caçador de mim e outras, fazem parte do nosso repertório.
Temos feito apresentações em diversas igrejas, hospitais, espaços públicos e associações filantrópicas, em Piracicaba e outras cidades pelo Brasil, como Campinas, Americana, Santa Bárbara do Oeste, Limeira etc…, sempre levando conosco e divulgando nossa cidade, a querida Noiva da Colina. Nossas apresentações são transformadas em vídeos e postadas nas redes sociais, pelo Brasil e pelo mundo, tendo apresentações com mais de 5.000 visualizações. O grupo foi idealizado e formado pelo presbítero René Ribeiro da Silva, que é o seu Líder, há 10 anos.
A música como fator de integração
Regina Célia Lopes Campelo
Este trabalho tem como tema a Educação Musical nas Igrejas Presbiterianas do Sínodo Rio de Janeiro. Meu envolvimento como membro desta comunidade me permitiu verificar, desde o início, a importância da música como veículo da evangelização. Como musicista, tive minha formação fortemente marcada pelas práticas musicais da Igreja. Meu início de aprendizagem se deu na Igreja Presbiteriana e a partir desta experiência pude desenvolver meus conhecimentos musicais tendo chegado ao Programa de Pós-graduação em Educação Musical do Conservatório Brasileiro de Música. Meu interesse de pesquisa está voltado para as práticas musicais da Igreja e mais especificamente para os processos de ensino-aprendizagem da música que ocorrem neste grupo. Esse interesse foi despertado por uma crença da comunidade religiosa que me pareceu precisar ser investigada. Esse grupo, embora invista muito em suas práticas musicais, não reconhece a importância do processo de educação musical que ocorre nela.
Buscando investigar as práticas musicais da IPB e os processos de musicalização a elas associados, este trabalho apoiou-se numa metodologia de pesquisa de campo com observação não participante das práticas musicais, entrevistas e questionário realizados com representantes da comunidade. Observamos os ensaios de oito coros, selecionados segundo um critério que garantisse a representatividade e suficiência da amostra. As entrevistas abordaram temas relativos à formação musical, à vivência musical nos coros, à importância e o papel do coro na Igreja Presbiteriana do Brasil e a relação entre a prática coral e o processo de ensino-aprendizagem da música.
O nosso interesse não foi discutir, em toda a sua amplitude, os conceitos de educação musical e musicalização. Ao contrário, queríamos abordar essa temática a partir de um viés particular, o que nos permitiu avançar na reflexão acerca de nosso objeto: o coro como dispositivo musicalizador na comunidade religiosa da Igreja Presbiteriana.
Destacamos os textos de Penna (1990) e Merriam, citado por Arroyo (1990) que foram usados neste trabalho, onde notamos a distinção proposta por estes autores entre as definições de educação musical e musicalização. Para Penna educação musical refere-se à escrita musical, conhecimento e leitura de pauta, e a musicalização está ligada à apreensão de conhecimentos de várias manifestações culturais, não sendo possível sua realização fora de um contexto sócio cultural.
Já Merriam não pensa que exista uma diferença tão significativa entre educação musical e musicalização, considerando que ambas podem ser realizadas, também, fora da escola formal, sendo a experiência do aluno fator de grande importância dentro do contexto educacional. Neste trabalho estaremos adotando uma posição semelhante à de Merriam, ao focalizarmos o nosso objeto de estudo: o processo de ensino-aprendizagem da música no contexto da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Discutimos, também, a relação entre os aspectos formais e não-formais da educação musical. O que nos interessa é pensar as características de cada um desses aspectos e, sobretudo, a sua articulação em um processo de ensino-aprendizagem musical concreto.
Partimos de uma situação de fato, encontrada habitualmente em diferentes contextos institucionais, e que diz respeito à maneira de se tomar esses dois aspectos da educação musical: o formal e o não formal. No contexto de educação musical da Igreja Presbiteriana, verificamos uma importante crença dominante de que as vivências musicais ali não desempenham papel musicalizador significativo.
Podemos já antecipar que essa crença se associa a uma outra que afirma a separação entre ensino formal e não formal de música. Gostaríamos de refletir sobre este fato, o que nos obriga a discorrer um pouco mais acerca do que se entende por aspectos formais e não-formais da educação musical.
Vemos a educação formal, como processo educacional que se dá dentro da escola, tendo padrões e normas que são seguidas pelos professores nas aulas, cronogramas das matérias, avaliações e provas. A música não foge destes critérios e nas aulas são dadas noções de leitura de pauta, ritmo etc. A educação não formal, por sua vez, não tem cronogramas oficiais, como nas escolas formais, mas segue critérios próprios da comunidade em que ela é vivenciada. É o que ocorre com a folia de reis, escolas de samba e outros grupos em que a música é aprendida, seguindo normas de ensino que têm funcionado, fazendo com que a transmissão de conhecimentos se perpetue. Devemos pensar então que estes aspectos formais e não formais se fundem, dizendo que educação musical é um conjunto de conhecimentos de diversas culturas e que não se pode “delimitar”, a priori, numa sala de aula o que seria melhor para se aprender.
Depois de analisarmos os textos de Conde e Neves, (1984-1985), Costa (1984-1985), Santos (1986), Schafer (1970), Martins (1985), Beyer (1995), Candau (1984), Oliveira (1992), que definiam educação musical e musicalização, educação formal e educação não formal, não encontramos uma justificativa para a manutenção de uma clara diferença e separação entre esses aspectos. Pensamos que a distinção entre estes termos é tão tênue que não é possível delimitar a separação. Pensamos ainda, que estas definições se fundem, no contexto musical que trabalhamos. Acreditamos ser necessário encontrar um ajuste nas instituições de ensino entre os aspectos formal e não formal, pois só assim obteremos um maior proveito de tantos conhecimentos.
No âmbito da Igreja Reformada, sabemos que a música desempenhou importante papel educacional. A Reforma foi a ponte usada para quebrar o abismo entre a Igreja e o povo, e a estratégia para fixação do texto bíblico foi a música. Lutero, como grande teólogo fez a tradução da Bíblia para a língua vernacular. Mas mesmo realizando este trabalho, os textos não eram entendidos. Usou, portanto, a paráfrase que era a explicação dos trechos bíblicos através de comparação bem simples, sem alterar seu sentido principal. Este conhecimento chegava à comunidade de forma inteligível.
Deve-se destacar que a fixação que Lutero pretendia aconteceu quando, brilhantemente, colocou os textos já traduzidos em músicas da época como o canto gregoriano, músicas folclóricas e populares, fazendo a Igreja cantar. Estas músicas já conhecidas, que falavam tanto ao coração e ao entendimento do povo, fizeram com que o aprendizado dos textos religiosos se desse de forma rápida e completa.
Na situação atual da IPB encontramos uma prática musical diversificada. Além do coro, outros grupos na Igreja Presbiteriana do Brasil, têm também uma função musicalizado rã e são eles: Equipe de Louvor, Coral Infantil, Banda Jovem e Orquestra de Câmara. Entretanto, o coro foi o nosso ponto principal de estudo, quando analisamos o trabalho dos regentes nos ensaios dos seus respectivos coros e de como começaram o seu trabalho como músicos da IPB.
Tratamos, também, de três questões importantes que surgiram destas entrevistas que são as seguintes: (a) Qual a função do coro?; (b) O coro musicaliza?; (c) A formação acadêmica influência na atuação do regente? E por último analisamos o questionário que foi distribuído a regentes de coros de adultos e crianças , líderes e componentes de grupos e Equipe de louvor e alunos do Curso de Bacharel em Música Sacra do STPRJ, que é uma estatística sobre a situação da música e músicos do Sínodo Rio de Janeiro da Igreja Presbiteriana do Brasil.