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⭐ Piracicaba, 19 de setembro de 2024 ⭐

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Um Veneno Que Mata…De Tanto Rir

ADOLPHO02

Quem teve o privilégio, como eu, de assistir essa semana mais uma temporada do tradicional “Circo do Veneno”, quase morreu…, mas de tanto rir. A tradicional Família Veneno apresentou o espetáculo circense “Linguiça na porta” no Teatro Erotides de Campos, do Engenho Central em Piracicaba, nos dias 12 e 13 de setembro.

O humor ingênuo, herdado dos avós e perpetuado pelos familiares até hoje, é marca registrada do circo, agora apresentado no teatro da cidade. comédias escritas e interpretadas pelos herdeiros da tradição, que tem sido mantida viva anualmente, relembrando uma das marcas mais antigas e tradicionais da cultura piracicabana.

” Linguiça na porta” foi o espetáculo da nova série de apresentações do “Circo do Veneno”. De acordo com Rico Veneno, cerca de 13 membros da família estiveram em cena nesta clássica comédia do repertório do grupo.
Com a arte circense piracicabana que marcou época na cidade, a Família Veneno procura manter a chama viva do circo através do teatro, apresentando espetáculos que homenageiam a história do município desde a década de 1950, fazendo os piracicabanos valorizarem o passado, provocando ações para a preservação dessa história. Apesar de ter encerrado as atividades circenses em 1990, ressalta Rico, a Família Veneno continuou apresentando nos teatros seus espetáculos hilários.

O Circo do Veneno foi berço de grandes nomes da música brasileira, como Milionário & José Rico, João Mineiro & Marciano, Cezar & Paulinho, Tonico & Tinoco, Craveiro & Cravinho, Chitãozinho & Xororó entre outros famosos nomes do meio artístico musical.

Enquanto permaneceu em atividades, o velho circo mambembe percorreu, em especial, espaços nos bairros das periferias de Piracicaba e cidades da região.

Por que esse livro?

Diógenes Donizete Moreira, Rico Veneno

Lançado há três anos o livro que resgatou a memória do seu fundador, Oswaldo Moreira e dos sucessores foi escrito pelo neto Rico Veneno. Recuperei a apresentação do livro que ele escreveu em 2021, que se segue.

Desde o encerramento das atividades do famoso Circo do Veneno de Piracicaba, em 16 de janeiro de 1990, meus pais, tios e primos, temos nos dedicado a difundir a memória de meus avós, Oswaldo e Dalila Moreira, ou Veneno e Dalila, em espetáculos pelas ruas dos bairros da cidade de Piracicaba e também nos seus teatros.

Foi a forma que tínhamos encontrado até aqui de preservarmos um dos maiores patrimônios populares da história das artes na cidade de Piracicaba e região. Por anos, a troupe andou pelos bairros, pelas cidades, divertindo as pessoas e instruindo, ao seu modo, sobre facetas da literatura brasileira e internacional, que sempre habitaram o imaginário popular. E, na base do improviso, foram construindo narrativas que divertiam o público.

Eram 600 pessoas praticamente todas as noites, com calor ou frio, chuvas ou tempestades, que vinham nos ver e rir conosco. Ingressos populares, narrativas, música, teatro, dança e muita alegria.

Meu avô Osvaldo, o Veneno era o idealizador, divulgador, relações públicas junto a autoridades e figura maior não só do circo, mas de uma bela família que construiu co o grande amor de sua vida, a avo Dalila.

Mas ainda faltava um capitulo para perpetuarmos essa história. E ele foi tomando forma agora em 2021, quando em contato com o prof. Adolpho Queiroz, Secretário da Ação Cultural de Piracicaba, entusiasta da memória escrita através dos livros, que surgiu a ideia de perpetuarmos nossa história nas páginas deste livro, “O Circo do Veneno de Piracicaba”, que ora apresentamos aos amigos, aos conterrâneos e aos inúmeros amigos que fizemos com nossas andanças pelas cidades da região.

Se estivesse vivo ainda em 2021, meu avô completaria 101 anos de idade e, certamente, de onde estiver, sempre ao lado de minha avó Dalila, haverá se alegrar-se ainda mais agora, com o tributo que lhe deixamos, nas páginas que se seguem. E, para além de uma história de um circo popular, essa é uma das facetas da história dos Moreira, e seus descendentes, que temos a honra e alegria de lhes contar.

Espero que todos gostem, se divirtam e nos ajudem a cultuar, de forma definitiva, a contribuição dos Venenos de alegria que sempre transmitimos à nossa terra e à nossa gente.

 

O Circo do Veneno – Ésio Antonio Pezzato
Na tradição oriunda dos Romanos,
E que chegou até nossos dias,
Os artistas mambembes e ciganos
Mostram suas geniais alegorias
Pelos bairros caipiracicabanos.
E, mostrando fiapos de poesias
Palhaços, comediantes e cantores,
Na alma do povo exaltam seus amores!

É o Circo que em total felicidade
A uma plateia faz feliz aceno,
Sempre deixando um hino de saudade
Quando vai aportar noutro terreno.
Mas quem mais alegrou esta cidade
Que o Circo da Dalila e do Veneno?
Após contar doidivagante causo,
O Circo estremecia num aplauso!

Eram velhos cantores sertanejos
Cantando apaixonados, belas toadas.
Ou palhaços lançando seus cortejos
Buscando na plateia as namoradas,
Para em declarações de mil gracejos
Mostrarem suas almas encantadas…
Ou talvez velhos dramas de revistas
Feitos pelos simpáticos artistas.

Mas Dalila partiu, aqui deixando,
Um coração envenenado e triste,
Que agora mesmo em prantos vai mostrando
Que a amargura nos circos inexiste.
Veneno em velhas toadas vai cantando
Porque seu coração fiel resiste:
Onde houver uma lona ou um tablado,
Estará esse Artista apaixonado.

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