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⭐ Piracicaba, 10 de outubro de 2024 ⭐

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Salão Cinquentão Livrou-Se

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As primeiras conversas sobre a criação de um Salão de Humor aconteciam depois do expediente do jornal onde trabalhávamos e podiam acontecer no final da tarde ou no começo da noite, lá no Café do Bule, na praça José Bonifácio. E foi lá mesmo, ao lado dele, na antiga sede de um banco que ocorreu a primeira exposição em agosto de 1974.

Com as presenças dos maiores nomes Adolpho Queiroz do humor gráfico do país na ocasião (Ziraldo, Millôr Fernandes, Jaguar, Fortuna, Zélio, Ciça) e dos seus primeiros filhotes, que já despontavam, especialmente na cidade de São Paulo, com os meninos da Revista “Balão”, da ECA/USP, como Laerte, Luís Gê, Angeli, Paulo e Chico Caruso, Alcy, que se tornariam obrigatórios e lançariam as bases do que se tornou o Salão Internacional de Humor de Piracicaba.

Do cartaz pioneiro do Zélio, hoje capa do livro que abre o livro histórico dos 50 (primeiros, espero!) do Salão do ano passado, recentemente lançado pelo CEDHU/Ação Cultural, em comemoração ao cinquentenário. Que será lembrado eternamente, após o reconhecimento do evento como “Patrimônio Cultural e Imaterial” da cidade de Piracicaba, atestado de maioridade de um evento que leva o nome de Piracicaba, para muito além das ‘barrancas do Rio Piracicaba”, como costumo dizer em outros momentos, de outros textos sobre o salão, que também se transformaram em livros. E concorre ao prêmio do HQMix, o nosso “Oscar” do humor gráfico brasileiro, na categoria de “maior evento de humor do país”, a ser definido nos próximos dias. Candidatíssimo, a meu juízo!

Recebi o meu exemplar recentemente, num final de semana, quando, passados os primeiros dias da exibição tradicional, consegui finalmente, visitar o Salão, com mais calma. A mesma com que me debrucei, quando cheguei em casa, para  ler/ver e sonhar nas suas 224 páginas. A primeira surpresa, o diretor do CEDHU, Junior Kadeshi tomou conta, escreveu, pensou, liderou o grande projeto editorial, agora compartilhado com milhares de pessoas em formato impresso e, espera-se, em breve, também em formato digital. Textos em português e inglês, para correrem os milhares de artistas do humor gráfico espalhados por centenas de países que para aqui acorrem, quando no mês de agosto, a cidade de Piracicaba comemora seu aniversário de fundação. E onde o Salão de humor pontifica como “evento maior” de todos, o de maior repercussão local, regional, nacional, mundial.

Na visita ao Salão edição 51, também uma primeira e grata surpresa. As caricaturas dos fundadores, feitas pelo Páffaro, registravam as memórias visuais – exageradas, como a minha, com papo de pomba !!! – a do Alceu com o tradicional chapéu Panamá, falando “amiiiiiiggggooooo” para toda a tchurma. E sereno, no topo da lista, o ex-prefeito Adilson Maluf, sobre quem recai a responsabilidade e a confiança de fazermos um evento que projetou mundialmente o nome de nossa cidade, entre outros velhos companheiros velhos de guerra, na labuta do jornalismo diário e nas artes em nossa cidade.

A primeira e grata surpresa, com a exposição presencial no nosso centenário Engenho e as paralelas, aqui em nossa cidade e em outras tantas, com o registro de 346 mil visitantes em todos os cantos do mundo, ou, como compara o texto que traz essa informação. Quase a população de todo o país chamado de Islândia, que tiveram acesso ao cardápio onde misturam-se linguagens próximas, com suas definições metodológicas do cartum, charge, caricaturas, histórias em quadrinhos, às quais foi incorporada recentemente a categoria das esculturas, de igual sucesso entre as linguagens tradicionais.

Na apresentação do livro, o prefeito Luciano Almeida, destaca, num determinado trecho, o comprometimento da Administração Pública da cidade, com o evento dessa magnitude. Passaram nesses 51 anos de história, prefeitos, coordenadores, secretários, gestores do próprio Salão, de diversos perfis ideológicos, mas sempre comprometidos com a realização cada vez mais pujante dos Salões. Ou, como lembrou o prefeito, igualmente responsável, com seu Secretário de Cultura, Carlos Beltrame, pelo epiteto de “patrimônio cultural e imaterial da cidade”, a partir daquele ano. Nas suas palavras, agora transformadas em livro, “a amplitude do 50º Salão de humor, legitima o evento como um acontecimento local que reverbera de forma mundial, visitado massivamente por piracicabanos e por pessoas de outras nacionalidades. E apesar da fama internacional, o Salão de Humor tem o DNA de Piracicaba, uma realização da qual a cidade, poder público e seus munícipes se orgulham e esperam que, a edição seguinte, seja ainda mais pujante – e engraçada”. Daqui a muitos anos, Luciano Almeida será certamente comparado ao também prefeito Viegas Muniz, quando, em 1826, criou a Festa do Divino no leito do Rio Piracicaba.

Estou por lá também em algumas imagens antigas, preto e branco, nas páginas 22 e 25, ao lado dos amigos de sempre, Carlos Colonese, Fausto Longo, Alceu Righetto, Adilson Maluf, Luís Antonio Fagundes (Fagundinho), entre outros tantos pioneiros.

O Salão deste ano, reverenciou também a memória de outro pioneiro ilustre, Ziraldo Alves Pinto, o pai do “Menino Maluquinho”, com um imenso painel, no barracão 14, construído originalmente no restaurante “Canecão”, no Rio de Janeiro, em meio a muitas madrugadas de trabalho. E cuja foto ilustra essa matéria. Ideia igualmente fantástica do Junior Kadeshi.

Tomo a liberdade de transcrever abaixo o texto eu ele mesmo escreveu para apresentar esse livro magnífico, que por certo, se tornará referência obrigatória aos que quiserem conhecer um pouco as origens e a história do “nosso” Salão. Agora só falta mais um capitulo para que ela se torne completa, a criação do sonhado “Museu do Riso”, para acolher o acervo cinquentenário, realizar mostrar permanentes e ser uma verdadeira escola do humor gráfico mundial.

Apresentação

Este não é simplesmente um livro: é uma celebração de risos, criatividade e coragem! Nele, convidamos você a mergulhar em meio século do humor gráfico capturado e honrado no Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Revisitamos momentos icônicos, artistas brilhantes e o impacto cultural deste evento, que se tornou o maior do seu tipo no mundo. Desde sua inauguração em 1974 até sua ascensão como um farol global para talentos do humor gráfico, transformou Piracicaba – uma cidade pacata no interior de São Paulo – em um epicentro vibrante de criatividade, rompendo fronteiras onde artistas de todo o mundo convergem para compartilhar suas visões únicas.

Ano após ano, o Salão se tornou um celeiro de culturas, ideias e estilos, enriquecendo o panorama do humor gráfico internacional, reafirmando o papel vital do humor na sociedade, desde seu poder de confrontar tabus e injustiças até sua capacidade de unir pessoas através do riso, pelos traços de artistas que desafiam o status quo e promovem mudanças sociais com suas canetas afiadas e suas piadas perspicazes. Olhamos para o passado e revemos momentos inesquecíveis, os talentos lendários e as obras-primas atemporais que definiram o Salão ao longo de cinco décadas. De caricaturas memoráveis a charges políticas contundentes, cada página deste livro é um tributo à genialidade e à ousadia dos artistas do humor gráfico. Para o futuro, refletimos sobre o papel contínuo do Salão na promoção do humor como uma forma de expressão poderosa e relevante e temos a certeza que, mesmo após 50 anos, o riso ainda é uma linguagem universal que transcende fronteiras e conecta corações.

Com contribuições de renomados artistas e entusiastas do humor gráfico, este livro é mais do que uma simples homenagem ao Salão Internacional de Humor de Piracicaba; é um testemunho da humanidade, da criatividade e da resiliência que o riso pode inspirar. Venha se juntar a esta festa e celebre conosco meio século de humor, de Piracicaba para o mundo!

Viver os 50 Anos do Salão Internacional de Humor de Piracicaba em apenas um

É com imenso orgulho e gratidão que compartilho algumas palavras sobre a jornada da comemoração dos 50 anos do Salão Internacional de Humor de Piracicaba. O Salão Internacional de Humor de Piracicaba sempre foi muito mais do que uma exposição de desenhos. Ele é um lugar de encontro para a troca de ideias e celebração da diversidade cultural e artística ao redor do mundo.

Ao longo de seus 50 anos, tem sido um farol de criatividade e inovação, inspirando artistas e espectadores de todas as idades e origens. Debruçado em livros, atas, cadernos, álbuns de fotografias e recortes de jornais, testemunhei como se estivesse vivendo de fato, ano a ano, a evolução deste evento desde sua origem até se tornar um dos mais importantes encontros culturais do mundo.

Uma experiência que me proporcionou viver os 50 anos do Salão em apenas um ano. Também tive a honra de contar com a ajuda de pessoas que, antes de mim, fizeram parte importante de tudo, autores dessa história. Ao longo de tantos meses, trabalhei ao lado de uma equipe dedicada e talentosa, cujo compromisso com a excelência e a criatividade foi fundamental para o sucesso desta celebração.

Como diretor no ano da comemoração, senti medo e, ao mesmo tempo, honrado diante de uma grande responsabilidade à minha frente: promover algo que fizesse jus a tão relevante evento que há 50 anos move pessoas do mundo todo ao redor da cidade de Piracicaba. 

Meu objetivo foi honrar o legado do Salão, celebrar seu passado enquanto olhamos para o futuro com entusiasmo e otimismo. Organizar encontros, homenagear seus fundadores, lançar exposições itinerantes e promover o diálogo entre artistas foram apenas algumas das maneiras pelas quais buscamos destacar essa data histórica.

Acima de tudo, uma celebração sobre pessoas: artistas que dedicaram seus talentos ao Salão, espectadores que compartilharam suas risadas e aqueles que trabalharam incansavelmente nos bastidores para tornar tudo possível. É graças a essa comunidade apaixonada e comprometida que o Salão Internacional de Humor de Piracicaba continua a brilhar, mesmo após cinco décadas de existência.

Ao olhar para aqueles dias, lembrar de todo o esforço e dedicação, tenho uma imensa sensação de gratidão. Tudo valeu muito a pena e, hoje, sou ainda mais apaixonado por este evento.  Expresso minha profunda gratidão a todos que fizeram parte desta jornada.

Que possamos continuar a celebrar o humor e a criatividade, inspirando futuras gerações a encontrar alegria e significado na arte do riso. Que venham mais 50 anos de risadas, inspiração e colaboração!

Junior Kadeshi – Editor e Diretor do CEDHU, Centro Nacional de Documentação e Divulgação do Humor Gráfico.