Na última quarta-feira, 19 de fevereiro, estive com outros integrantes da Diretoria da APEOESP na sede da Secretaria Estadual da Educação (SEDUC) para protocolizar a pauta de reivindicações dos professores e professoras estaduais, contendo itens muito importantes, como a necessidade de reajuste salarial, melhoria das condições de trabalho para os docentes e de aprendizagem para os estudantes nas escolas, a climatização das salas de aula neste calor excessivo, causado pela emergência climática que estamos vivendo, além de muitos outros itens que vêm se acumulando sem solução ao longo dos anos.
No ofício que entregamos, deixamos claro que, sem negociação em torno dos itens da nossa pauta, o indicativo na Assembleia Estadual dos Professores, que se realizará no dia 21 de março, na Praça da República, o indicativo será de greve por tempo indeterminado. Trabalhadores, como nós, não gostam de fazer greve. Greve é um momento extremado de luta, quando outras opções se esgotaram. O que nós, professoras e professores, gostamos é de estar nas salas de aula com nossos estudantes, trabalhando com o conhecimento e os preparando para o melhor futuro possível.
Entretanto, estamos vivendo uma situação na qual não existe o mínimo respeito pela nossa profissão na rede estadual de ensino, assim como não há respeito pelos direitos dos estudantes a uma educação pública de qualidade e ao direito das famílias de terem seus filhos estudando em boas escolas públicas. O que tem de qualidade nas escolas estaduais hoje se deve ao nosso esforço, concretizando nosso compromisso com educação.
O atual governador, Tarcísio de Freitas, e seu secretário da Educação, Renato Feder, não estão realizando nada de positivo pela educação, assim como não vemos nada de positivo nas demais áreas. O que têm feito é implantar um regime autoritário e de assédio moral nas escolas, privatizar unidades escolares, reduzir aulas de matérias importantes, como história, geográfica, ciências, sociologia, artes, filosofia, abandonar grande parte das escolas sem manutenção e assim por diante. Além disso, os salários dos professores e das professoras acumulam perdas, sem que o governo sinalize qualquer melhoria.
Quando lutamos pelos nossos direitos, lutamos também por uma educação melhor. É claro que professor valorizado, respeitado, oferece aulas muito melhores para seus estudantes. É claro que classes com menor número de estudantes, climatizadas, em escolas com recursos didáticos e boa estrutura, permitem aulas de melhor qualidade para a formação básica que os estudantes necessitam e merecem. Por isso, contamos o apoio da sociedade, sobretudo das famílias cujos filhos são estudantes das escolas públicas estaduais, para a nossa luta.
Hoje estamos vivendo no nosso país e no mundo uma polarização que extrapola a política e perpassa todos os aspectos da vida social. Como professora e também como liderança sindical e política, doí-me ver como muitos jovens e pessoas adultas tentam participar de debates nas redes sociais sem possuírem informações e conhecimentos básicos e, mais ainda, atacando as instituições educacionais como se fossem alvos a serem eliminados. São posicionamentos insuflados por pessoas situadas à extrema direita no espectro político, às quais interessa semear a descrença da população, sobretudo da juventude, nas instituições democráticas e na educação, para que se tornem presas fáceis de sua doutrinação ideológica e projetos de poder.
É nesse contexto que se realiza a nossa Campanha Salarial e Educacional de 2025. O que queremos é negociar. Apresentamos nossas demandas e queremos respostas. Estamos dispostos a sentar e conversar, pois é a prática adequada num regime democrático. Sabemos, porém, defender nossos pontos de vista e lutar pelas nossas necessidades. Por isso, protocolamos nossa pauta de reivindicações e vamos pressionar o governo para que estabeleça negociações em torno dela. Se isto não acontecer, nossa categoria suspenderá os trabalhos nas escolas estaduais, de acordo com o princípio de nossa força de trabalho, que é nosso patrimônio e deve ser cedida ao patrão, no caso, o Governo do Estado, mediante condições de justa de remuneração, condições de trabalho e carreira.