Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…Quando se vê, já é sexta- feira…Quando se vê, passaram 60 anos!
Empresto o trecho do poema Seiscentos e sessenta e seis do brilhante Mario Quintana e complemento com mais uma frase: Quando já se vê, foi-se mais um ano.
Exatamente o que está pensando nobre leitor. Quase outros 365 dias passaram-se desde os fogos de boas-vindas à 2022. Neste momento de encerramentos de ciclos, temos como costume, a tendência de olhar para trás e refletir o que ficou pelo caminho, ou melhor, tudo que realizamos (ou nem tanto quanto gostaríamos), enfim, o que vivemos neste novo, já quase velho ano.
A máxima da felicidade nos dita uma regra simples: sempre é mais importante a jornada do que o destino. Concordo em termos. Sim o caminho e tudo que aconteceu durante são relevantes, porém, desde que tenhamos chegado em algum novo lugar.
Mais importante ainda do que fazer toda essa análise em busca de respostas, é aproveitar esse momento, que tem sim a sua tradicional correria das festas, para procurar desacelerar, respirar um pouco mais, quebrar a barreira do automático e enxergar a beleza das horas passando, do aproveitar com sabedoria o tempo e a vida bem vividos. Já há algum tempo, nos é sabido, que a vida tem pressa, que o mundo nos impulsiona e exige uma resposta frenética a todos os seus estímulos, principalmente pensando no mundo digital e na dinâmica de nossas ferramentas tecnológicas e redes sociais.
Perceba, não contemplamos mais o pôr do sol apenas, primeiro, precisamos compartilhá-lo e por vezes, no objetivo da melhor foto, do melhor ângulo para a melhor postagem, acabamos perdendo este belíssimo fenômeno da natureza, que nem sempre temos a possibilidade de apreciar.
Sou um otimista e apreciador da tecnologia e possibilidade da conectividade, mas precisamos nos atentar ao que os especialistas alertam sobre o excesso. O psicanalista e autor Augusto Cury, chama a atenção para o que denomina intoxicação digital e tudo que consumimos de forma superficial, ou melhor, comparativa diariamente.
Então, quero aqui emprestar os saberes de Cury para dizer que, enquanto seres humanos, somos sim, imperfeitos e não deveríamos ter a necessidade de parecer ou estar sempre feliz, mas sim, termos a consciência que somos únicos e insubstituíveis.
Aproveite então esse clima de desaceleração do ano, para olhar para si, para quem é você, o que deseja, para onde quer caminhar, afinal, o ponto de partida para qualquer jornada, deve sempre ser nós mesmos.
Não use esse momento apenas para fazer planos. Permita-se também curtir o encerramento de mais um ciclo e sentir o pulsar da vida, independente se conquistou ou teve muitas vitórias. Viver já é um grande prêmio.
Quando os fogos surgirem novamente, aí sim, amplie e potencialize o planejamento do novo ano, revigorado, recarregado, desintoxicado.
Por hora, faça caminhadas, tire os olhos do écran e aponte-os para a natureza, para o mundo e retome a consciência do valor de 24 horas que temos a cada amanhecer. Empresto Quintana novamente: E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio seguia sempre em frente…e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Desejo que neste final de ano, seu tempo não seja o condutor de seus dias, mas sim, a beleza de poder aproveitá-lo, da melhor forma que conseguir.
Fraterno abraço, Feliz e Santo Natal e Excelente passagem e próspero novo ano.
Até 2023.