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⭐ Piracicaba, 23 de novembro de 2024 ⭐

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João Carlos Goia

Gerente do Senac Piracicaba, jornalista pós-graduado
em mídias e mestre em educação

Mundo real ou metaverso: em qual dimensão viveremos?

Quando Neo toma a decisão entre tomar a pílula azul ou a vermelha no primeiro filme da franquia Matrix, estava na verdade decidindo em qual realidade ou “realidade simulada” gostaria de viver.

Pergunto agora a você, caro leitor, dessa despretensiosa coluna, de que forma avalia o comportamento social da atualidade, a partir do fenômeno da hiperconectividade? Traduzindo, o que acha do expressivo tempo que as pessoas desprendem com uso de celulares ou equipamentos tecnológicos, principalmente com entretenimento ou interagindo em redes sociais? Alguma impressão similar? Já não estaríamos de alguma forma imersos numa matrix virtual, que nos aprisiona em seus écrans de rolamentos e conteúdos infinitos?

Creio que uma resposta razoável a essas perguntas seria, o equilíbrio, afinal temos ganhos e perdas em cada uma de nossas escolhas e até mesmo em nossos excessos, considerando que já está comprovado que não nos é possível ou cabe negar a tecnologia/conectividade e seu ritmo frenético de inserção e utilização em todas as instâncias de nossas vidas.

Tanto é verdade, que já vimos acontecer antes com as propostas do Orkut ou Second Life, apenas para citar plataformas mais antigase, atualmente, as redes sociais como Facebook, Instagram e TikTok, finalmente chegando ao metaverso.

E se eu te dissesse que desde 1932 já existiam preocupações e reflexões sobre essa nova forma de vida simulada? Sim, desde sempre o homem vive rodeado pelo pensamento e possibilidade da existência de um país das maravilhas, como apresentado e vivenciado por Alice.

Enfim, muitos autores e pensadores com ideias distópicas, já apregoavam esses mundos, onde seríamos muito mais expectadores do que protagonistas, muito mais condicionados a uma vontade externa do que as próprias decisões, mesmo que acreditássemos que isso não era possível e que minhas escolhas são únicas e próprias.

A sequência de filmes matrix, certamente tirou o sono de muitos e foi objeto de estudo em muitas universidades no mundo, mas quero citar aqui apenas um bem mais antigo, que muitos de vocês conhecem e já leram, que é Aldous Huxley e seu livro universal “Admirável Mundo Novo”.

Neste livro, necessário e indispensável, existia a proposta de uma sociedade totalmente desigual, mas, onde todos eram conformados e felizes a partir do consumo de uma droga chamada soma e sua classificação social.

Provoco vocês mais um pouco: Nossas redes sociais com nossos mundos perfeitos e felizes não seriam uma forma de soma dos dias atuais? Bem, reflexões a parte e focando no objetivo dessa coluna que trata do mundo do trabalho e qualificação profissional, quero explicar onde pretendo chegar com toda essa vã filosofia.

Quero falar especificamente sobre o metaverso e suas inúmeras oportunidades e possibilidades, bem como, seus perigos e cuidados necessários, principalmente com as crianças e jovens, pois nos é apresentada mais uma vez, assim como a pílula a Neo e o soma aos personagens de Huxley, a possibilidade entre viver num mundo real e imperfeito com todos as dificuldades e dissabores, ou numa nova realidade, onde tudo pode ser simulado, moldado, compartilhado e experimentado, dentro de padrões perfeitamente estéticos e com ares de felicidade, assim como uma foto recortada ao ser postada, mostrando apenas o que desejo transmitir do estado ou local onde estou naquele momento.

Pense hipoteticamente na possibilidade de alguém que tem uma vida simples e pertencente a uma camada social desprovida de recursos financeiros com acesso a essa tecnologia. Esse jovem pode conectar-se ao metaverso e fazer o que deseja sem sair de seu sofá em sua humilde casa, onde passa a residir numa mansão com tudo que gosta e deseja a sua disposição.

Teremos a frente um maior desafio do que tirar as pessoas das telas de seus celulares, como acontece hoje em todo mundo, com clínicas e espaços surgindo para trabalhar a desintoxicação digital, afinal, como convencer esse mesmo jovem a sair de seu mundo simulado que em tese é muito melhor que o seu e voltar para o mundo real com todas as suas mazelas? Talvez os líderes e pais do futuro deverão ser uma espécie de Morpheus oferendo a pílula vermelha da realidade a quem necessite.

Mas como sempre, nem tudo deve ser preocupação ou temor. Imagine a possibilidade maravilhosa, por exemplo, de uma sala inteira de futuros médicos passeando pelo corpo humano neste ambiente, ou qualquer curso que seja desenvolvido a distância com infinitas possibilidades de utilização de recursos ou uma palestra realizada em qualquer lugar do planeta, com pessoas de todos os cantos do globo participando, interagindo, aperfeiçoando-se, como se estivessem lá presencialmente? Hoje já é possível, com a tecnologia que temos, fazer uma visita virtual guiada ao Louvre, com um guia local. Com o metaverso, você estará lá, vendo, tocando e sentindo sem precisar sequer sair de sua sala.

Estamos numa corrida e empresas e profissionais precisarão se adaptar rapidamente e essa nova forma de interação social, estudo, trabalho, compras, enfim, tudo que for possível simular neste novo ambiente, oferecendo o que faz de melhor, seus serviços e produtos.

Quanto aos profissionais, alguma dúvida que teremos um mercado infinito de trabalho à frente?