Os homens criam as ferramentas, e as ferramentas recriam os homens.
A frase acima, atribuída a Herbert Marshall McLuhan, pensador das mídias e idealizador do conceito de “aldeia global”, dialoga perfeitamente com as transformações vigentes, frequentes e aceleradas das últimas décadas e de nosso tempo atual.
Após ter participado de um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do mundo nas últimas semanas, o “Rio Innovation Week 2024” no Rio de Janeiro, percebi como essa frase faz mais sentido do que nunca.
O foco principal explorado dentre as quase 3 mil atividades, entre palestras, workshops e experiências imersivas, claro, foi a inserção da tecnologia e, principalmente, a IA, inteligência artificial, em todos os segmentos, principalmente na educação.
Antes de qualquer abordagem, faz-se necessário conceituarmos minimamente o que vem a ser, inteligência artificial.
Na verdade, esse termo tão explorado, principalmente a partir de 2022, refere-se à capacidade das máquinas realizarem tarefas que normalmente requerem inteligência humana, como reconhecimento de padrões, tomada de decisões, aprendizado, entre tantas outras.
Na educação, essa tecnologia tem sido aplicada de diversas formas e citarei algumas delas:
- Personalização do aprendizado: sistemas de IA podem analisar o desempenho e as preferências de aprendizagem de cada aluno, adaptando os materiais educacionais e o ritmo de ensino de acordo com suas necessidades individuais. Isso permite que cada estudante receba uma educação mais personalizada e eficaz.
- Assistentes virtuais e chatbots: chatbots alimentados por IA podem responder às perguntas dos alunos em tempo real, proporcionando suporte contínuo fora do horário escolar e ajudando a revisar conceitos chave de maneira interativa. Um aluno pode, por exemplo, fazer perguntas para Pedro Álvares Cabral, quando estiver estudando o descobrimento do Brasil.
- Análise preditiva: utilizando grandes volumes de dados sobre o desempenho dos alunos, sistemas de IA podem prever áreas onde os estudantes podem encontrar dificuldades e oferecer intervenções proativas para evitar problemas de aprendizado.
- Feedback automatizado: ferramentas de IA podem avaliar o trabalho dos alunos de forma objetiva e fornecer feedback imediato e personalizado, permitindo que os estudantes melhorem continuamente.
Bem, vocês devem estar se perguntando após ler essas possibilidades, e o papel do professor, como fica? Respondo de forma bem tranquila.
Continuará evoluindo, assim como deixou, no passado, de ser um mero transmissor de conhecimento, para tornar-se um mediador, um facilitador, agora dará um salto ainda mais expressivo, tendo em suas principais atribuições, a missão de ser orientador de todo o processo de aprendizagem.
Com isso, deixam de focar sua atuação apenas na entrega de conteúdos pontuais e passam a ter a oportunidade de atuarem como curadores de conteúdo, selecionando e adaptando recursos educacionais que melhor atendam às necessidades individuais dos alunos, aproveitando as recomendações geradas pela IA.
Também será mais eficiente no monitoramento e acompanhamento do progresso e desenvolvimento de cada aluno, utilizar análises fornecidas por sistemas de IA para identificar áreas onde eles estão enfrentando desafios ou dificuldades, desenhando novas e mais eficazes estratégias de suporte personalizadas para superar essas barreiras.
Poderão também dedicar-se mais, no desenvolvimento de competências sociais e emocionais, enfatizando as habilidades humanas essenciais, como colaboração, pensamento crítico e resolução de problemas, que são fundamentais em um mundo impulsionado pela IA e muito desejadas e reconhecidas pelo mercado de trabalho.
Para tanto, será, claro, preciso preparar e requalificar todas as equipes pedagógicas, desde diretores, coordenadores e, principalmente, os professores, oferecendo treinamentos adequados para que o staff educacional, possa integrar eficazmente, todo potencial da IA em suas práticas pedagógicas, maximizando assim seu impacto positivo.
Finalizando e destacando que é de suma importância, além de “surfar nessa onda” e aproveitar o melhor de toda essa inovação, é crucial que avancemos com sensibilidade ética e consideração cuidadosa aos desafios que acompanham toda essa revolução tecnológica.
Portanto, os homens criam as ferramentas e, assim, essas irão recriar a forma de ser e conviver dos homens.