O dia 1º de maio, conhecido mundialmente como Dia Internacional do Trabalhador e, no Brasil, comemorado como Dia do Trabalho, trata-se de uma data que homenageia as conquistas dos trabalhadores ao longo da história, porém, para além de ser um momento de celebração, este dia nos convida a refletir sobre os desafios contemporâneos enfrentados por todos os atores envolvidos, pois a dinâmica atual, afeta empresas e também candidatos que buscam oportunidades, além claro, as instituições educacionais responsáveis por formar e desenvolver competências, como o Senac, por exemplo.
Neste sentido, temos empreendido considerável esforço em busca de respostas e caminhos possíveis, sendo pauta recorrente em nossos debates dentro do Conselho Municipal de Trabalho e Renda, composto por várias esferas da sociedade, leia-se poder público, representações patronais e dos trabalhadores, instituições de ensino e sociedade em geral.
As análises apontam para um cenário, onde empresas enfrentam um forte movimento de digitalização e mudanças nas expectativas dos consumidores, comportamento que exige que se adaptem rapidamente para manterem-se competitivas e, com isso, os principais desafios enfrentados são: atração e retenção de talentos; adaptação às novas tecnologias; investimento em inovação; busca por funcionários qualificados e com competências sociais diferenciadas; necessidade de constante capacitação de colaboradores; implementação de uma cultura que privilegia a diversidade e inclusão; necessidade de manutenção de um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
Da mesma forma, para os candidatos que buscam uma oportunidade, o mercado de trabalho atual apresenta uma série de barreiras de iguais proporções, tais como: competição cada vez mais acirrada, visto que, com a possibilidade de trabalho remoto, qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, pode concorrer às mesmas posições, aumentando a necessidade de diferenciação; necessidade de qualificação contínua, pois a evolução tecnológica exige que os profissionais estejam em constante atualização; aprimoramento e desenvolvimento de competências comportamentais, ou seja, as habilidade sócio emocionais; por fim, flexibilidade e adaptabilidade, afim de conseguir acompanhar as mudanças em curso, compreendendo para onde caminham as possibilidades e quais trabalhos deixarão de existir, suplantados pela automação e digitalização.
Para as Instituições Educacionais e de formação e qualificação profissional não é muito diferente, pois desempenham um papel crucial neste paradoxo estabelecido, tendo como responsabilidade a preparação desses futuros profissionais.
A elas cabe a difícil tarefa de alinhar as demandas do mercado, que requer uma atualização constante de seus currículos e oferta de cursos, afim de prepararem seus alunos para as realidades e necessidades das empresas, garantindo ainda, a inclusão expressiva e abrangente, do desenvolvimento de competências transversais, além do conhecimento técnico, entre elas podemos citar, o pensamento crítico, resolução de problemas, comunicação e trabalho em equipe, entre outras.
Apresentados todos esses desafios, a equação está posta e é real: Existem muitas vagas de emprego não preenchidas e muitas pessoas desempregadas, além do esvaziamento das salas de aulas, seja por falta de interesse ou evasão expressiva.
Se considerarmos que em Piracicaba temos um terreno fértil para quem busca oportunidades, com um parque industrial amplo e diversificado, um comércio forte e abrangente, um setor de serviços completo, incluindo os de inovação, cientifico e tecnológico e segmentos tradicionais como o agro, turismo e gastronomia, precisaremos atuar em sinergia e de forma conjunta para resolver esse dilema, criando um ambiente favorável, onde empresas necessitarão abrir oportunidades para candidatos com poucas experiência, criando assim uma dinâmica interna de formação constante, ou seja, a empresa passa a ser um pouco escola. Programas de estágio e de Aprendizagem ou primeiro emprego são essenciais neste sentido.
Empregados deverão estar conscientes que não existirão mais oportunidades para quem não busca por qualificação, ou seja, se não estudar, não terá acesso as oportunidades que exigem maior qualificação. Escolas precisam conectar suas salas de aulas com a realidade do mercado, criando ambientes de experimentação, tanto para desenvolver as competências citadas, quanto para estimular a atitude empreendedora, independente se esse aluno irá atuar como CLT ou criar seu próprio negócio.
Por fim, outros grandes desafios são a informalidade e desigualdade social, pois muitos trabalhadores hoje atuam dessa maneira e neste ambiente frágil, o que implica na falta de oportunidades e de benefícios trabalhistas, além de segurança jurídica.
Para superarmos esse status, políticas públicas que incentivem a formalização do trabalho e programas de qualificação constantes são necessários, principalmente para os menos privilegiados, proporcionando maior estabilidade e segurança para todos os trabalhadores.
Ao enfrentarmos essas adversidades ou lacunas, de maneira colaborativa e inovadora, poderemos transformar o mercado de trabalho em um ambiente mais justo, inclusivo e dinâmico e, assim, poderemos ter nesta data tão simbólica, novamente um momento para celebrar as conquistas e tantas lutas histórias.
Por hora, celebremos sim, mas arregacemos as mangas e trabalhemos arduamente para resolver este paradoxo.
Feliz dia do trabalhador e parabéns Piracicaba por ser um terreno fértil de oportunidades e qualidade de vida, para todos que por aqui decidem viver.
João Carlos Goia é gerente do Senac Piracicaba, jornalista pós-graduado em mídias e mestre em educação.