Antes de adentrar efetivamente nas siglas que soam estranho no título deste artigo, gostaria de deixar algumas questões para reflexão, que serão relevantes para a conclusão deste breve texto. São elas: Você ultimamente tem se preocupado com o mercado de trabalho? Acredita que haverá emprego para todos no futuro? Fica em dúvida sobre qual caminho de qualificação ou formação trilhar? Já se perguntou o que acontecerá com as pessoas e empresas daqui por diante, considerando a exponencial e veloz evolução tecnológica, além dos impactos causados pela pandemia e isolamento social?
Bem, se respondeu sim para uma ou mais das questões, fique em paz. Todos estamos preocupados continuamente com as transformações em curso, mas se somos nós que aqui estamos realizando o presente, também teremos a possibilidade de desenhar e construir esse futuro, tido como tão incerto por muitos, existindo esperança e caminhos a trilhar ao nosso alcance, então, existe uma ou muitas saídas.
Para minimizar esses impactos e não entrarmos em estado de letargia, via de regra provocada pelo desconhecido, precisamos antes de qualquer tomada de decisão, entender, reconhecer e diagnosticar o meio em que estamos inseridos e a cultura ou dinâmica social vigente.
Sendo assim, comecemos a explicitar as siglas VUCA e BANI, palavras de origem americana e que representam acrônimos, que no caso da VUCA, significa: Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity (em português, Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade). Tal definição esteve em destaque nas últimas décadas e teve origem nas forças militares na década de 90 e, que agora, vem sendo substituída rapidamente por BANI, novo conceito que ganha força e utilização frequente no meio corporativo, com finalidade de traduzir e conceituar minimamente o meio em que estamos inseridos. A letra B é Brittle (frágil), pressupõe que em nosso mundo atual, tudo muda muito rápido e de forma imprevisível, ou seja, uma dinâmica instável e volátil, que nosso cérebro não tem capacidade de acompanhar, nos tornando frágeis e atuantes em modo automático. A letra A é Anxious, traduzida, significa ansioso e indica que diante de tantos acontecimentos, incertezas e de um mundo hiperconectado e ágil, a ansiedade é praticamente um estado dominante em todos nós.
O N é de Non-linear (não linear), representando que é preciso mais cuidado em nossas tomadas de decisões e planos, pois neste novo habitat, não existe um único caminho, não existem receitas ou padrões, não existe linearidade, mas sim, alternativas diferenciadas e possíveis, em diversos aspectos. Por fim, e não menos importante, o I de Incomprehensible, que nos apresenta o ambiente de incompreensão que estamos imersos hoje, pois este novo agora, este novo tempo e espaço, nos desafia, pois não o dominamos necessariamente e, calma, não existe nada de errado nisso. Pense, por exemplo, na pandemia. Quantas teorias diferenciadas você já ouviu sobre a origem da mesma. Não é realmente incompreensível? No que devemos acreditar? Qual é a verdade dos fatos? Como realizar planejamentos ou previsões a médio e longo prazo? Como nossas instituições poderão continuar a ter sucesso ou ser relevantes num futuro próximo, necessitando reinventar-se com tamanha rapidez? Talvez a frase emblemática de Peter Seng, renomado autor de best sellers e conceitos de aprendizagem organizacional, prevendo como devem comportar-se as instituições num cenário de transformação como vivemos hoje, consiga responder parcialmente essas angústias. Seng diz: “As organizações que aprendem são aquelas nas quais as pessoas aprimoram continuamente suas capacidades para criar o futuro que realmente gostariam de ver surgir”.
Complemento a brilhante reflexão de Seng, sugerindo alguns caminhos possíveis, como por exemplo, o desenvolvimento e aprimoramento de competências como resiliência, flexibilidade e adaptabilidade. Também faz-se necessário aprendermos a empregar filtros, limites e sermos capazes de dizer não. Fundamental aquietar a mente, por meio da meditação, ou atividade ao ar livre totalmente desconectado de mídias e conectado com os sons da natureza. Desenvolver uma visão de mundo sistêmica, ampliada e ter a consciência, assim como na biologia, de que a vida se perpetua quando é capaz de se multiplicar e se adaptar ao meio. Analogicamente, as organizações se mantêm vivas e relevantes, quando são capazes de se desenvolver internamente, adaptando-se às mudanças do mundo que a rodeia, neste caso, o mundo BANI e, para tal, deixem o VUCA para trás, transformem-se em líderes capazes de interpretar as rápidas e grandes evoluções do mundo, bem como, implantar e desenvolver culturas organizacionais alinhadas e adaptativas.
Nos preparemos então e vamos juntos construir esse futuro, partindo dos desafios que se apresentam no presente.