Uma dúvida muito frequente na cabeça de grande parte das pessoas, em especial jovens e adolescentes, está relacionada à dificuldade em decidir qual caminho rumo à formação profissional seguir.
Precisamos, antes de entrar nessa discussão, entender que o mercado de trabalho, movido pela dinâmica capitalista, configura-se hoje num verdadeiro campo de batalha para quem busca seu espaço, principalmente para os que não acumulam qualquer experiência e visam ainda seu primeiro emprego.
Também é importante refletir sobre o perfil do trabalhador e suas expectativas no século 21, quando percebemos demasiada procura e interesse por cargos e funções de cunho administrativo ou gerencial, mudanças que, como já ocorrem em inúmeros países da Europa e, há muito nos Estados Unidos, acabam por causar um verdadeiro apagão de mão de obra de base.
Nesse momento, apesar de ainda não tão tranquilo, mas considerado por muitos especialistas pós pandêmico, principalmente no que diz respeito ao fim dos longos períodos de isolamento social, temos sinais consideráveis que a economia começa a retomar seu rumo e que as oportunidades, apesar de longe do status que gostaríamos, estão de volta.
Nesse cenário de crescimento, por um lado, existe a necessidade urgente da qualificação de mão de obra por meio de formação técnica profissional, primordial principalmente para atender às demandas dos diferentes segmentos, como da indústria, comércio e serviços; por outro, para que o país se desenvolva e ultrapasse patamares de terceiro mundo, faz-se necessária a projeção e o crescimento do ainda pequeno percentual de brasileiros com nível superior.
É exatamente aí que está a grande encruzilhada que coloca em cheque as escolhas de cada um de nós, quando pensamos em qualificação e crescimento profissional, decisão afetada ainda mais pela verdadeira batalha que se trava hoje, principalmente por parte de instituições privadas educacionais, em busca de alunos para o preenchimento de suas vagas.
Para se ter uma ideia, segundo informações do Censo de Educação Superior, em 2020, do total das mais de 8 milhões de vagas ofertadas no país, quase 80% procediam de instituições privadas e, desse montante, menos de 50% foram preenchidas e um número menor e ainda e, mais preocupante, foi o de concluintes.
Analisando esses dados, temos duas situações: a primeira nos mostra que a ampliação de vagas e a concorrência acirrada contribuem para que o valor das mensalidades seja cada vez menor, inclusive com o crescimento expressivo do formato EAD (educação a distância) durante a pandemia e, com esse efeito, cria-se a possibilidade de democratização do ensino superior, principalmente para o acesso das camadas mais desfavorecidas economicamente.
A segunda traz uma preocupação com a qualidade educacional e com o perfil de conclusão desses alunos. As empresas de recrutamento e seleção apontam um número expressivo de estudantes que saem completamente despreparados do ensino superior e não conseguem sequer uma boa avaliação num processo seletivo para empregos de baixa exigência.
Na outra vertente, temos ainda a necessidade da conscientização e valorização da formação e qualificação através de cursos técnicos, pois essas precisam minimamente, alcançar patamares próximos a países desenvolvidos, onde essa modalidade representa um volume expressivamente maior que do Brasil.
Aliar essa formação a uma experiência real de mercado, constituem efetivamente no histórico e trajetória assertiva para os bons resultados.
Não se trata aqui de definirmos qual curso ou formação configura o melhor caminho, mas sim de transformarmos cada momento em um passo para a escalada. Se olharmos para alguns nomes de destaque em cargos de importância nas grandes corporações e instituições, veremos que grande parte teve uma vivência prática nas linhas de produção e frentes de trabalho e foram, degrau por degrau, alçando o voo do sucesso, sempre amparados por um itinerário formativo devidamente planejado.
Portanto, sugiro primeiro que leiam meus artigos anteriores em minha coluna neste jornal, onde trato da supressão de emprego pela tecnologia, afim de não apostarem em áreas ou trabalhos que não representam oportunidades há tempos.
Também indico analisar o mercado local da cidade e observar as tendências de oferta de vagas, principalmente antenado com setores que apresentam crescimento, especialmente nas áreas de prestação de serviços. Boas análises, boas escolhas e excelente desenvolvimento. Apresse-se, pois se vai começar agora sua busca, já está atrasado, mas como diz o dito popular, antes tarde do que nunca.