O título alusivo deste artigo pode causar certa inquietação acerca do que estou medindo ou analisando, mas antecipo que se trata da acelerada transformação dos padrões sociais e comportamento digital em todos os segmentos.
Se existe algo que será um legado da pandemia, sem dúvida alguma, são as modificações nas relações de trabalho, educacionais e sociais, migradas em muitos casos, 100% para o digital, fenômeno este que já modificou um expressivo número de empresas a encerrarem suas atividades físicas e manterem apenas a virtual.
Na educação, também não foi diferente e apenas para citar uma modalidade, as escolas de idiomas caminham neste mesmo sentido.
Não existe necessariamente aspecto negativo nessa dinâmica, pois estamos debatendo o avanço e a precedência tecnológica há pelo menos duas décadas. O que existe de novo nisso, é que essa tendência foi consideravelmente acelerada pela pandemia, ou seja, adiantamos nossa forma de produzir, vender, estudar e se relacionar em 10 anos, desde março de 2020.
Naqueles meses iniciais de isolamento social, inclusive, um de meus artigos trazia o título O que realmente existe de novo em 2020?”.
Claro que se tratava de uma provocação para que a reflexão coletiva pudesse identificar tendências que já existiam e estavam em curso há alguns anos e foram apenas potencializadas, para então, chegarmos aqui, constatando que apenas fomos impulsionados a dar esse salto que chegaria mais cedo ou mais tarde.
Se analisarmos os dados da 24ª Pesquisa Anual Global de CEOs da PwC, que obteve participação recorde de executivos brasileiros e foi realizada no início deste ano, podemos constatar nas intenções estratégicas e preparativos de investimentos para os próximos meses e anos, tais tendências, pois os principais pontos em destaque são: foco na produtividade por meio da automação e tecnologia; foco nas competências e adaptabilidade dos profissionais; cultura e comportamentos no ambiente de trabalho.
Da mesma forma, uma das maiores preocupações, que ganhou grande destaque nesse levantamento, foram as ameaças cibernéticas, juntamente com a pandemia e demais crises sanitárias e incerteza na política tributária.
Um fator macro importante e positivo dessa pesquisa é que mais de 80% dos entrevistados acreditam no crescimento econômico do país ainda em 2021, estendendo-se gradativamente nos próximos três anos, bem como, retomada das contratações, minimizando assim o desemprego que assola hoje milhões de brasileiros.
Temos então, de alguma forma, o caminho que deveremos trilhar daqui por diante, ou melhor, que já deveríamos estar há algum tempo, que é o da qualificação técnica com excelência e competências relacionadas a esse universo digital, pois conforme aponta o Automation Readiness Index (Índice de Prontidão de Automação), criado pela The Economist Intelligence Unit e patrocinado pela ABB, que avalia o quão bem preparados estão 25 países para os desafios e oportunidades da automação inteligente, destaca que países como Coréia do Sul e Alemanha estão a frente, com 90 pontos no ranking, enquanto o Brasil, ocupa a 19ª posição com 46 pontos.
Dessa forma, o caminho é longo e passa por questões primordiais como o combate à desigualdade, pois será necessário que esses passos largos rumo a essa qualificação, chegue a todas as camadas sociais, garantindo assim, que no tempo possível, todos estejamos preparados para este novo mundo tecnológico, digital, conectado e acelerado.
Apertemos nosso passo então, pois é necessário e urgente, a fim de nos mantermos competitivos e em destaque no cenário mundial e garantirmos dignidade e trabalho a todos os brasileiros, que já sofreram demais com essa pandemia vigente há mais de um ano.