Nestes dias que se aproximam do final do inverno no nosso continente, com os Ipês floridos, contemplamos a paisagem nos campos e nas cidades, vindo nos lembrar de que esse fenômeno é cíclico e esperado por muitos com a alma cheia de aroma de primavera.
Eu gosto muito desses momentos ao amanhecer e ao entardecer, quando o sol tomado pelas partículas características da atmosfera da época se torna alaranjado espalhando seus raios, anunciando a chegada do anoitecer, sendo essa maravilha da natureza um quadro pintado pelo Criador exposto para lembrança de sua existência. Louvado seja.
O fenômeno primavera é uma lei da natureza que se repete aos seres viventes deste planeta azul como compromisso de oferecer, sem restrição, liberdade para desfrutar de suas fases firmadas com a vida e o direito de todos para admirá-lo. É o compromisso da natureza que expressa a vida, originando a constituição do ideal humano. Nesse particular, os seres humanos não resistem em desfrutar desse esplendor.
Esses ciclos da natureza e a convivência com eles despertam a ideia da divindade, em que toda a vida é fruto dos direitos de livre-arbítrio, e cada qual se sente conhecedor dos sentimentos individuais e acrescenta suas necessidades, levando-os a se aproximarem uns dos outros. Nessa interação de natureza cósmica e humana, surge na alegria da liberdade individual e do povo na contemplação, pelos sentidos, da estética traduzida pela natureza humana como seres livres da dominação. Seria isso uma estética real ou imaginária aos humanos?
Mas, no transcorrer da vida, esse deslumbre natural toma rumo totalmente contrário quando o ser humano se vê frente a distorção que as leis da política teimam em ignorar a lei natural e passa a ordenar a lei da conveniência do poder e se atrelando a medonha citação de Montesquieu (1869-1755):
o poder do déspota, em que uma só uma pessoa comanda, sem obedecer às leis e sem regras, havendo somente seus caprichos e vontade de ver obediência cega e muda do povo aos seus arbítrios, é a forma impura de poder.
Respondendo à pergunta acima: a liberdade é real. Imaginaria é o poder do déspota que será demolido rapidamente pelas redes de comunicação ao alcance dos eruditos ao simples mortal, alertando-os de que estão sendo dominados pela obediência e castigo. Esse domínio não é a natureza da vida.
Caso emblemático dessa tomada de poder é o governo político nacional-comunista, que quando chega ao comando de uma nação, o rito natural que rege a vida dos povos passa a ser violado. Principalmente para sufocar o liberalismo democrático.
Nasce do paradoxo: ciclo da natureza e o do comando político obscurantista – socialismo – regido pelo calendário oportunista de grupos acadêmicos militantes, mídia a soldo, setor artístico subsidiado, partidos políticos de conveniência e setores sociais aparelhados para enaltecer um ciclo autoritário que, além de um cenário sombrio – no dizer da escritora Hannah Arendt –, é o repetir da opressão e restrição de direitos desse horizonte sem luz, desprezado por apresentar um cenário irreal que contradiz o ciclo republicano que é a liberdade.
A natureza humana e a natureza física do universo seguem, com determinação, as leis e suas ciclicidades. Por outro lado, o universo das leis políticas é constantemente alterado e violado pelo poder assumido, que destrói a beleza dos ciclos, trazendo nuvens escuras na contemplação da vida e das interações humanas. Veja, neste século, as ideologias absolutistas que se instalaram em diferentes nações do planeta Terra e que estão tentando em outras nações para dominação de seus povos.
Os absolutistas, despóticos no conceito de Montesquieu, julgam seus pares pela fantasia de seu comando e os deixam livres, no entanto, para os cidadãos comuns, a rígida lei, e para os desafetos e perseguidos, nem a lei. Se é triste e assustador falar desse ciclo de poder, é incalculável descrever o sentimento e a agonia de quem por ele é dominado.