Definição
A síndrome de Guillain-Barré é um distúrbio autoimune, ou seja, o sistema imunológico do próprio corpo ataca parte do sistema nervoso, que são os nervos que conectam o cérebro com outras partes do corpo. É geralmente provocado por um processo infeccioso anterior e manifesta fraqueza muscular, com redução ou ausência de reflexos.
O ataque dos anticorpos cria um intenso processo inflamatório e leva à destruição da bainha de mielina (desmielinização do nervo), bloqueando a passagem dos estímulos nervosos.
Os nervos acometidos pela síndrome de Guillain-Barré são basicamente os motores, sem acometimento dos nervos sensitivos. Logo, há paralisia muscular com pouca ou nenhuma diminuição da sensibilidade.
Incidência
A incidência anual é de 1 a 4 casos por 100.000 habitantes e pico entre 20 e 40 anos de idade.
Causas
Várias infecções têm sido associadas à Síndrome de Guillain-Barré, sendo a infecção por Campylobacter, que causa diarreia, a mais comum. Outras infecções encontradas na literatura cientifica que podem desencadear essa doença incluem Zika, dengue, chikungunya, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, sarampo, vírus de influenza A, Mycoplasma pneumoniae, enterovirus D68, hepatite A, B, C, HIV, entre outros.
Muitos vírus e bactérias já foram associados temporalmente com o desenvolvimento da Síndrome, embora em geral seja difícil comprovar a verdadeira causalidade da doença.
A síndrome de Guillain-Barré não é uma doença contagiosa, mas os vírus e bactérias que a causam, sim. Apesar dos casos serem raros, a síndrome de Guillain-Barré pode aparecer mais de uma vez no mesmo paciente.
Sintomas
A maioria dos pacientes percebe inicialmente a doença pela sensação de dormência ou queimação nas extremidades dos membros inferiores (pés e pernas) e, em seguida, superiores (mãos e braços). Dor neuropática lombar (nervos, medula da coluna ou no cérebro) ou nas pernas pode ser vista em pelo menos 50% dos casos. Fraqueza progressiva é o sinal mais perceptível ao paciente, ocorrendo geralmente nesta ordem: membros inferiores, braços, tronco, cabeça e pescoço.
Os sintomas principais da Síndrome de Guillain Barré são fraqueza muscular ascendente: começam pelas pernas, podendo, em seguida, progredir ou afetar o tronco, braços e face, com redução ou ausência de reflexos. A síndrome pode apresentar diferentes graus de agressividade, provocando leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia total dos quatro membros.
Outros sinais e sintomas que podem estar relacionados à Síndrome
- Sonolência;
- Confusão mental;
- Coma;
- Crise epiléptica;
- Alteração do nível de consciência;
- Perda da coordenação muscular;
- Visão dupla;
- Fraqueza facial;
- Tremores;
- Redução ou perda do tono muscular;
- Dormência, queimação ou coceira nos membros.
Diagnóstico
Confirmado por meio de exames como punção lombar, ressonância magnética da coluna, exame de sangue e eletromiografia. Se for verificado que o paciente é portador da síndrome, o mesmo deve permanecer internado no hospital para ser devidamente tratado.
A síndrome de Guillain-Barré não tem cura, mas existem métodos capazes de reduzir os sinais da doença. Grande parte dos pacientes recebe alta hospitalar após quatro semanas, mas dependendo de cada pessoa o prazo de total melhoria pode levar meses ou até mesmo anos.
Tratamento
O Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de tratamento para a síndrome de Guillain Barré, incluindo procedimentos, diagnósticos clínicos, de reabilitação e medicamentos.
Além disso, a maior parte dos pacientes com Guillain-Barré é acolhida em estabelecimentos hospitalares. O tratamento visa acelerar o processo de recuperação, diminuindo as complicações associadas à fase aguda e reduzindo os déficits neurológicos residuais em longo prazo.
O médico é o profissional responsável por indicar o melhor tratamento para o paciente, conforme cada caso.
Em geral, o tratamento leva de seis meses a um ano, mas os sintomas costumam durar menos tempo. Alguns pacientes podem precisar de um maior tempo de recuperação, e há risco de sequelas duradouras.
Fisioterapia
O tratamento é feito inicialmente pelo hospital, mas após a alta é essencial continuar o acompanhamento realizando sessões de fisioterapia.
O profissional é de extrema importância, pois realiza exercícios diários para estimular a movimentação das articulações, melhorar a amplitude dos movimentos, manter a força muscular e prevenir complicações circulatórias e respiratórias. A principal meta do fisioterapeuta é ajudar o paciente a ter novamente a sua independência com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida, já que ele perde a maioria de seus movimentos.
Se o paciente encontra-se internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e está respirando com ajuda de aparelhos, o fisioterapeuta também o auxilia para garantir a oxigenação necessária, e o mesmo continua atuando no tratamento do indivíduo por um ano ou mais, pois isso depende do progresso de cada pessoa.
Prevenção
A principal prevenção é evitar as infecções bacterianas ou virais mais associadas ao quadro, como o Zika. Manter o calendário vacinal atualizado também é importante.
A prevenção é o melhor caminho. Cuide-se, seu corpo agradece!